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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

10 Curiosidades sobre Vlad III, o Drácula da história real.

 Tendo em vista que há a passagem do Dia das Bruxas, tradicional festividade de Halloween, no dia 31 de Outubro, o colunista Mateus Bülow preparou um texto especial com curiosidades sobre o Drácula histórico. Os vampiros são figuras míticas presentes no imaginário do Halloween, mas o vampiro mais famoso da literatura recebeu, provavelmente, a inspiração de um homem real: Vlad III da Valáquia. Boa leitura!


10 Curiosidades sobre Vlad III, o Drácula da história real.





Em 1897, o irlandês Abraham “Bram” Stoker publicou o romance gótico Drácula, e a ficção sobrenatural seria alterada para sempre. Na história, contada por meio de cartas, diários e artigos (narração epistolar), o advogado inglês Jonathan Harker viaja à Transilvânia, onde é recepcionado pelo misterioso Conde Drácula, tornando-se prisioneiro dele e de suas esposas. A história vira uma corrida contra o tempo, com Jonathan, sua esposa Mina, o professor Abraham Van Helsing e outros personagens tentando impedir o vampiro de transformar a Inglaterra em seu novo domínio.

Um dos aspectos que tornou Drácula tão memorável na cultura popular é a forma como o vampiro é apresentado: O monstro deixou de ser um cadáver repulsivo e tornou-se refinado, culto e elegante. Stoker aparentemente teve influência da obra O Castelo nos Cárpatos, de Júlio Verne, bem como de um estudo folclórico da escocesa Emily Gerard, sobre as tradições e crenças dos povos balcânicos.

Mas a grande “estrela” da concepção do romance foi um personagem histórico: Vlad III da Valáquia. Temido por seus inimigos e súditos, o voivoda (“príncipe”, em romeno antigo) deixaria um legado de sangue e coragem, até hoje reconhecido na região e nas adjacências. Na Romênia, Vlad III ficaria conhecido como Vlad Tepes, o Empalador, um apelido que dispensa maiores explicações.

É difícil saber quanto do Drácula real inspirou Stoker na concepção do Conde da Transilvânia. Assim como a imagem do líder valáquio, o Leste Europeu era um cenário em transformação: O Império Otomano, o Reino da Hungria e a Dinastia Habsburgo disputavam o controle da região, onde a ponta das lanças e dos arcabuzes (uma antiga espingarda de pavio) definiam as fronteiras, enquanto traições e mudanças de lado eram frequentes.

Aproveitando o clima tenebroso de outubro, decidi fazer essa lista de curiosidades a respeito desse personagem histórico controverso e mais macabro do que a história que ajudou a conceber. Falarei também de como o legado de Vlad III forjou a identidade nacional da Romênia, o país que hoje o saúda como um herói, ao lado de outros personagens históricos conterrâneos. Aproveite para subir na carruagem, e não esqueça o alho, a estaca, a água benta e a cruz!


1-Nascido em Terras Desconhecidas.




A saga de Drácula inicia-se com um mistério: Não se sabe o local de nascimento do futuro monarca, ou mesmo o ano quando este veio ao mundo, localizado entre 1428 e 1431. Vlad teria nascido em Bucareste, a atual capital da Romênia, ou então na cidade de Sighisoara, localizada na Transilvânia. Sabe-se que tanto Drácula como seu irmão mais novo, Radu Cel Frumos (Radu, “O Belo”), nasceram no mesmo local.





Na época a Romênia não existia como uma nação unificada. Três principados de língua latina dividiam o território no entorno das montanhas dos Cárpatos: Valáquia, Moldávia e Transilvânia, chamada “Ardeal” em romeno. Essa última era dominada pelos reis húngaros no final da Idade Média, e nunca foi governada por Drácula; entretanto, a Transilvânia se tornou o esconderijo preferencial do voivoda durante as guerras contra os turcos otomanos e boiardos, como são chamados os nobres no leste europeu.


2-Ordem do Dragão.

     

    



O pai de Drácula era Vlad II Dracul, um dos inúmeros filhos ilegítimos do príncipe Mircea I. Em uma de suas viagens diplomáticas na Europa Ocidental, Vlad II se tornou membro da Ordem do Dragão, um grupo de reis e cavaleiros dispostos a frearem o avanço do Império Otomano no continente. Draculea, como Vlad III ficaria conhecido na língua romena, significa literalmente “Filho do Dragão”.

A Ordem do Dragão foi criada em 1408, pelo rei Sigismundo da Hungria, após a trágica derrota cristã na batalha de Nicópolis contra os turcos, em 1396. O dragão representado no estandarte e nos sinetes dos cavaleiros fazia referência à lenda de São Jorge, e nas asas do monstro repousa a cruz desse santo.

O apelido “Dracul” foi adquirido por Vlad II durante os anos em que serviu a Ordem, e mais tarde daria origem ao sobrenome da família, Draculesti. Após o fim da era medieval, o vocábulo “Dracul” adquiria um significado distinto: O que no passado denotava um Dragão agora significa “Diabo” na língua romena atual.


3-Faxineiro da Valáquia.




O reinado de Drácula na Valáquia seria entrecortado por golpes e contragolpes. Após ser derrubado em uma conspiração, o voivoda fugiu para a Moldávia e reorganizou suas tropas leais, retomando o trono com ajuda dos moldávios e dos húngaros. Vlad III não perdoou os boiardos desleais, matando um número considerável de nobres; as riquezas de suas vítimas seriam utilizadas para reconstruir o principado, devastado após anos de conflitos.

Apesar da brutalidade, Drácula era bom administrador. Durante o segundo reinado, o voivoda derrubou os monopólios comerciais dos mercadores alemães, enquanto combatia crimes de todas as espécies. Estrangeiros comentavam que as fontes públicas de Bucareste ostentavam cálices de ouro e prata à disposição dos transeuntes sedentos; os cálices foram roubados após a morte de Vlad.

Outro aspecto interessante e de certa forma progressista do governo de Drácula era o apreço pela meritocracia em detrimento do sangue nobre ao escolher indivíduos para determinados cargos. Muitos dos auxiliares de confiança do voivoda eram plebeus, soldados de baixa patente e ciganos; até mesmo a guarda pessoal de Drácula contava com ciganos em suas hostes.


4-Um Plano Quase Perfeito.


    



Não se sabe quando Drácula rompeu com os turcos, mas o desejo de libertar a Valáquia da influência deles era latente, como demonstravam muitos tributos atrasados ao Sultão. Em um documento da época, Vlad III conclamou o rei da Hungria, Matias Corvino (falamos dele na lista de 10 Mitos da Era Medieval), a se juntar aos esforços contra os turcos em nome da fé cristã. O pedido de reforços foi rechaçado por Matias imediatamente.

A atitude belicosa de Drácula foi vista com medo entre todos os países da região, pois estes já previam uma retaliação violenta por parte do Império Otomano, governado por Mehmed II, o conquistador de Constantinopla. Em 1462, Mehmed II invadiu a Valáquia com um exército de 150.000 homens, disposto a esmagar Drácula e a colocar Radu Cel Frumos no trono do país.

Incapaz de fazer frente a esse Leviatã, Drácula partiu para a defensiva, utilizando o terreno a seu favor e destruindo tudo o que pudesse ser utilizado pelos invasores, como plantações e moinhos, enquanto rumava até as montanhas dos Cárpatos, na fronteira da Valáquia com a Transilvânia. Ainda em 1462, o voivoda decidiu arriscar uma jogada ousada, realizando um ataque noturno ao campo otomano na vila de Targoviste. O objetivo dessa manobra era nada menos assassinar Mehmed II.

O exército de Drácula era formado por veteranos dos conflitos anteriores, boiardos fiéis, pastores montanheses, ciganos e aliados moldávios. O ataque foi um sucesso, e nada menos que 15000 turcos caíram ante as armas valáquias, porém Mehmed II não estava no acampamento; Vlad ordenou um recuo imediato após descobrir a ausência do sultão. Os turcos sairiam da Valáquia depois de alguns meses caçando Drácula no interior, tão exaustos e frustrados quanto seu teimoso adversário.

A batalha de Targoviste teria resultados interessantes no longo prazo: Embora fosse uma vitória espetacular contra um inimigo poderoso, muitos valáquios debandaram para a facção de Radu Cel Frumos, temerosos de uma revanche otomana ainda maior. Outra razão dessa súbita mudança de lado devia-se à postura de guerra constante de Drácula, que cobrava seu preço em um domínio pequeno; a política de terra arrasada resultou em fome tanto para os invasores como para o campesinato.


5-Stefan III, o Grande Rival e Aliado.





Embora não seja tão conhecido no ocidente como seu contemporâneo Vlad III, Stefan III da Moldávia é uma figura importante na história da Romênia. Um episódio moderno revela o prestígio desse monarca: Em 2006, foi exibido o programa Mari Români, um equivalente local do nosso O Maior Brasileiro de Todos os Tempos. Stefan III ficou em primeiro lugar na lista pelo voto popular, enquanto Vlad III ficou em décimo segundo.

Stefan III estava unido aos Draculesti pelo casamento, pois sua noiva era sobrinha de Drácula. O monarca moldávio ajudou-o a reconquistar o trono, recebendo auxílio durante uma guerra sucessória em agradecimento. Essa parceria se tornaria rivalidade após os ataques de Drácula às cidades do Império Otomano; Stefan III decidiu manter a lealdade a Mehmed II e se juntou ao sultão em diversas batalhas contra Drácula.

Por algum tempo, Stefan III deixou os assuntos valáquios de lado após o recuo dos otomanos, e se envolveu em disputas fronteiriças contra os húngaros, os poloneses e os saqueadores nômades da Criméia. Embora não tivesse muitos homens à disposição, o líder moldávio comandava o melhor exército do leste europeu; um cronista da época afirmava que todo camponês era obrigado a ter um arcabuz ou mosquete em casa, explicando a rapidez na mobilização das tropas.

A Moldávia seria pressionada a se preocupar novamente com a Valáquia, porém desta vez lutaria contra os otomanos após Stefan III receber ordens para deixar diversas fortalezas na fronteira entre os principados. O pragmático líder moldávio reconhecia que era melhor ter Drácula como vizinho do que um governante amistoso aos otomanos, assim ele serviria de barreira ao expansionismo muçulmano.

Enquanto derrotava os turcos em diversas batalhas, Stefan III persuadiu Matias Corvino a soltar Vlad, após este ser mais uma vez deposto e capturado na Hungria, em 1462. A paz seria firmada entre os principados, porém os húngaros se recusaram a oferecer qualquer ajuda contra os turcos. Uma das condições de Matias para libertar Vlad foi que ele se convertesse ao catolicismo e se casasse com sua irmã, Justina; apesar de ter um filho de uma relação anterior, Vlad concordou com os termos.

As forças legalistas de Vlad e os moldávios expulsaram Basarab Laiota, um governante títere deixado pelos otomanos. Com a morte de Vlad em 1477, Stefan III viu-se obrigado a arranjar um substituto às pressas, chamado Basarab IV; para seu azar, o novo líder valáquio também se mostrou submisso aos turcos. O líder moldávio ainda teria muitas guerras contra os otomanos e os poloneses em seu longo reinado de 47 anos, um grande feito para a região, conhecida por sua instabilidade política.


6-Sepultura Desconhecida.


  



Vlad morreu em 1477, e não se sabe como o voivoda caiu em batalha, ou mesmo onde foi sepultado. Segundo uma lenda surgida no Século XIX, Drácula foi enterrado em um monastério na cidade de Snagov, um lugar famoso por aparições de fantasmas e criaturas sobrenaturais. Uma escavação nesse monastério seria realizada em 1933, porém nenhuma “tumba secreta” seria revelada, apenas alguns ossos de cães, lobos e cavalos.

Alguns historiadores romenos afirmam que o local mais provável de sepultamento do voivoda trata-se de um monastério construído durante seu reinado, na cidade de Comana. Nem todos os historiadores concordam com a possibilidade, afinal Vlad foi excomungado da igreja ortodoxa após se converter ao catolicismo, e mais tarde entrou em conflito com o Papa, resultando em outra excomunhão; dessa forma, as chances de um sepultamento tradicional são mínimas.


7-Odiado pelos Alemães, Húngaros e Turcos, Admirado pelos Russos.


    


Não é difícil para o leitor perceber que tanto os alemães como os húngaros e os turcos se ressentiam de Drácula. As histórias a respeito de sua suposta crueldade circulavam nesses países enquanto o voivoda ainda estava vivo e se espalharam com velocidade impressionante graças à imprensa, uma novidade criada por Johannes Gutemberg. Dessa forma, pode se afirmar que Drácula foi vítima de notícias falsas, ou “Fake News”.

Os relatos alemães partiram dos comerciantes frustrados com a quebra do monopólio comercial, afirmando que o governante da Valáquia era “um psicopata demente e sádico, pior que Nero ou Calígula”. As descrições de torturas e execuções eram detalhadas e macabras, enquanto nada era dito sobre a invasão otomana da Valáquia, a principal razão para Vlad agir com crueldade e reprimir boiardos rebeldes. Matias Corvino, o rei húngaro visto como aliado por Vlad III, foi um dos principais difusores das calúnias.

É curioso notar que Drácula foi retratado como um monstro terrível na mitologia turca, muitos séculos antes de Stoker escrever sua obra. O voivoda continuou a aterrorizar os muçulmanos, mesmo após sua cabeça ser entregue a Mehmed II, e histórias assustadoras circulavam no interior da Anatólia, o núcleo do Império Otomano. Havia até um “bicho-papão” baseado na figura sombria de Vlad, utilizado pelos pais na hora de castigar as crianças.

Enquanto no ocidente europeu e no mundo islâmico a visão de Drácula era péssima, o mesmo não pode ser dito da Rússia, onde as histórias desse controverso monarca eram populares. A principal fonte à disposição dos russos era uma coletânea de dezenove contos surgidos no século XVI, mais de cem anos após a morte de Vlad. As únicas críticas feitas a Drácula nessas histórias dizem respeito à sua conversão ao catolicismo.

As dezenove historietas são mais longas em comparação com os relatos alemães e também misturam fato e ficção. Muitas das crueldades realizadas pelo líder valáquio são vistas como um mal necessário diante dos desafios impostos pelos turcos e boiardos. É possível que Vlad fosse visto pelos russos da época da mesma forma como viam Ivan IV, o Terrível (falamos dele na lista dos 10 Tiranos que dariam bons Vilões da Literatura): Um líder duro, porém justo, responsável por botar o país em ordem.


8-Vlad, o Caçador de Vampiros.




No ocidente, Vlad III é associado ao mais famoso vampiro da história, enquanto na Romênia existem relatos dele caçando vampiros. Sim, é isso mesmo o que você leu. Essa história curiosa envolve um poema escrito durante o século XVII, que apenas veria a luz do dia em 1875, quando o controle turco sobre os principados que formariam a Romênia finalmente começou a afrouxar.

O poema em questão se chama Tiganiada (literalmente, o “Épico dos Ciganos”), e fala das aventuras de Vlad III à frente de um exército de ciganos e anjos enfrentando os turcos, os boiardos rebeldes, espíritos malignos e criaturas chamadas Strigoi. Se o leitor passou pela lista das 10 Criaturas Mitológicas que Existem ou Existiram deve se lembrar desse termo, usado para se referir aos vampiros na Romênia.

Os primeiros relatos a respeito dos Strigoi datam do Século XVI, e desde então a Romênia é assombrada por eles, com relatos assustadores ocorrendo até hoje. Um dos crimes mais comuns no país europeu é o vilipêndio aos mortos, alimentado pelo temor aos Strigoi; no interior é comum ver parentes de recém-falecidos violarem tumbas para destruir o cadáver, temendo o retorno deste como um Strigoi.


9-Um Herói Tardio em uma Nação Tardia.





A situação da Romênia após a era medieval é difícil de ser explicada, até porque ela não existiria como um país unificado antes do século XIX. Enquanto a Transilvânia virou parte do Império Austríaco, Valáquia e Moldávia se tornaram estados tributários dos otomanos; tecnicamente esses últimos eram independentes, porém se encontravam subordinados ao sultão, sendo obrigados a pagarem tributos e oferecerem soldados nas campanhas.





O primeiro governante a juntar os três principados foi o líder valáquio Mihai Viteazul, mas a união durou apenas alguns meses, durante o ano de 1601. Assim como Drácula e Stefan III, Mihai derrotou os turcos e os húngaros em diversas batalhas, porém tudo se perdeu com seu assassinato por um espião a serviço do imperador da Áustria, temeroso do poder adquirido por ele. Apesar dessa unificação não ter durado muito tempo, o exemplo de Mihai ecoaria nas gerações seguintes.




Em 1821, uma rebelião explodiu na Valáquia, comandada por Tudor Vladimirescu, um servente de boiardo descontente com a hegemonia política dos gregos na região (os otomanos costumavam deixar gregos na administração de províncias distantes). Apesar de fracassada no âmbito militar, a revolta serviu para afastar as autoridades gregas da Valáquia, substituindo-a por uma nova elite de servidores públicos nascida no país; esse foi o primeiro de muitos passos na longa caminhada romena pela independência.





Assim como a maior parte dos países europeus, a região seria chacoalhada pelo ciclo de rebeliões de 1848, e nesse meio tempo uma nova geração de poetas e autores surgiu no cenário local. Diversos personagens históricos regionais seriam resgatados em baladas épicas, trazendo um novo senso de patriotismo que dizia respeito aos nobres e aos cidadãos mais humildes; Drácula foi um dos personagens redescobertos pelos autores e passou a representar o espírito livre de toda a Romênia, não apenas a Valáquia.





Os principados da Moldávia e da Valáquia entraram em uma união pessoal em 1859, com o príncipe moldávio Alexandru Ioan Cuza se tornando o Domnitor (“líder”) do novo país, agora chamado Principados Unidos da Romênia. Diversas reformas estruturais de Alexandru tiveram inspiração na França de Napoleão Bonaparte, mas estas não bastaram para mudar a sociedade romena, atrelada ao ruralismo. Alexandru renunciou ao trono em 1866, e este seria ocupado por Carol I, o primeiro rei da Romênia.





Em 1877, os romenos e os búlgaros entraram em guerra contra o Império Otomano, recebendo uma valiosa ajuda dos russos. Ambas as nações obtiveram a independência plena, porém esta foi incompleta para os romenos, pois a Transilvânia ainda se encontrava sob o domínio austríaco. Essa questão pendente motivou a Romênia a se envolver na Primeira Guerra Mundial ao lado da Tríplice Entente.





A balança de poder se inverteu no Leste Europeu após a fragmentação do decadente domínio dos Habsburgos. As questões de fronteira a serem resolvidas explodiriam na guerra entre o Reino da Romênia e a República Soviética da Hungria, que durou de 1918 até 1919. Com a derrota dos húngaros e a assinatura do Tratado de Trianon, a Transilvânia finalmente foi anexada à Romênia.


10-Drácula “retorna” à Terra Natal.


  



A relação dos romenos com o livro de Stoker merece uma análise à parte: Não existem traduções realizadas para o idioma romeno anteriores a 1920, mas a elite política do país teve contato com a versão em francês. O único registro de uma publicação de Drácula na Romênia não ocorreu na forma de livro, e sim em folhetins; nessa época era comum reservar seções de jornais para a publicação de trechos de livros com traduções feitas na hora, muitas vezes recheadas de erros grosseiros.





Com a ascensão do regime comunista em 1947, boa parte da literatura de fantasia foi banida da Romênia, pois o materialismo soviético se opunha ao irreal e ao fantástico, ainda mais envolvendo uma figura histórica vista como o amigo dos camponeses contra a tirania dos boiardos. Após a derrubada do regime comunista em 1989, diversas obras proibidas foram liberadas; nessa época surgiu a primeira edição de Drácula traduzida diretamente do inglês para o romeno, mas o livro nunca foi popular no país com o qual costuma ser associado.

É digno de nota que os romenos costumam se irritar ao ouvirem forasteiros falando em vampiros sem conhecimento da cultura local. Podemos fazer um exercício de interpretação: Imagine como um brasileiro que conhece a história do seu país se sentiria ao ver um escritor estrangeiro inventando histórias absurdas a respeito de um herói nacional (Pedro I, Tiradentes, Duque de Caxias, Getúlio Vargas, apenas para dar alguns exemplos). É assim que os romenos se sentem diante do Drácula literário.





A hostilidade em relação à obra de Stoker arrefeceu durante a década de 1990, com o surgimento de um programa turístico relacionado ao Drácula histórico, passando por vilas e castelos visitados pelo voivoda. Apesar do grande retorno monetário, esse turismo é visto com desconfiança pelos cidadãos preocupados com a imagem da Romênia no exterior. Trata-se de um pensamento parecido com o dos brasileiros frustrados com estrangeiros que associam nosso país às favelas e à Amazônia, enquanto acham que nossa capital é o Rio de Janeiro ou Buenos Aires.




Enquanto o Conde Drácula é visto com desdém pelos romenos, o mesmo não pode ser dito do Vlad histórico, ainda popular no país. Um dos partidos políticos mais nacionalistas, o Partido Romênia Unida, apresenta Vlad III no símbolo. Outra razão para a popularidade estável do voivoda é a corrupção endêmica na vida política romena, afinal ele combateu toda forma de criminalidade e delitos durante seu reinado. Não são poucos os romenos que afirmam a necessidade de um “novo Drácula” para botar o país em ordem.


Texto escrito por Mateus Ernani Heinzmann Bülow. 

Mateus Bülow é gaúcho da cidade de Santa Maria/RS, Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Santa Maria (FADISMA), escritor e poeta. 

Ele é autor de dois livros de fantasia publicados:

*Taquarê -- Entre a Selva e o Mar.

   


*Livro dele no Skoob:

https://www.skoob.com.br/taquare-entre-a-selva-e-o-mar-844417ed849687.html

*Divulgação do Livro no Blogue:

http://tatycasarino.blogspot.com/2017/06/taquare-entre-selva-e-o-mar_68.html

*Divulgação do Livro no Canal do YouTube de Taty Casarino:




https://www.youtube.com/watch?v=XFpiUL97u3I

*Leia o início do livro gratuitamente e compre o livro para ler a história completa no Link abaixo:

https://pensecomigo.com.br/livro-taquare-entre-a-selva-e-o-mar-pdf-mateus-ernani-heinzmann-bulow/

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*Taquarê -- Entre um Império e um Reino.




*Divulgação do Livro no Blogue:

http://tatycasarino.blogspot.com/2019/04/divulgacao-de-livro-taquare-entre-um.html

*Sobre o Livro dele no Jornal Diário de Santa Maria:

https://diariosm.com.br/cultura/taquar%C3%AA-entre-um-imp%C3%A9rio-e-um-reino-1.2138628

*Mateus falando sobre o seu livro no Lançamento que ocorreu na Feira do Livro de Santa Maria/RS (Canal do Youtube do Diário de Santa Maria):



https://www.youtube.com/watch?time_continue=4&v=nvyq1UuDi-Q&feature=emb_logo

*Compre o livro no Site Amazon:

https://www.amazon.com/TAQUAR%C3%8A-Entre-Imp%C3%A9rio-Reino-Portuguese/dp/179548831X

*Confira todas as postagens do colunista Mateus no blogue:

http://tatycasarino.blogspot.com/search/label/Mateus%20Ernani%20Heinzmann%20Bulow


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