O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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segunda-feira, 21 de outubro de 2019

My heart is like a child



Lembra quando o nosso reino 
tinha belas flores coloridas?
Infância cheia de amores,
amizades sagradas da vida.

Éramos como crianças no Éden,
como rosas num jardim primaveril.
Ah! Como foi doce a nossa amizade!
Ah! Como é doce meu coração infantil.

Nossos reinos eram amigos,
nossos jardins eram floridos.
Nossos reis amigos se visitaram,
todos sorriam e todos se amavam. 

Mas, então, vieram a chuva e a peste,
larvas corroeram o nosso grande jardim.
Rancores roeram o nosso romantismo,
o luto abriu lutas tremendas no abismo.

Um rei morreu no seu jardim,
um rei que cantava poesias.
E agora o amor chegou ao fim.
e agora a amizade está perdida.

A primavera foi tomada pelo outono,
um grande galho caiu da árvore.
As folhas balançaram do seu trono,
os rancores corroeram os pilares.

Cada reino se fechou no seu castelo,
cada rainha vive agora separada.
Não há mais visitas nem versos ternos,
as coroas estão secas e desalmadas. 

Saio do meu castelo tão belo,
rastejando sobre a clareira noturna.
Espiando os outros castelos de perto,
sou a princesa que está oculta.

Como uma Joana D'Arc amorosa,
visto minha armadura prateada.
Sigo numa diplomática jornada,
numa missão difícil e espinhosa.

Devo ser a ponte entre os reinos?
Devo odiar, ignorar ou amar vocês?
Devo ajudar na possível vitória da paz?
Ou seremos inimigos vestidos de preto?

Sou muito frágil para tal missão,
dobro os meus joelhos desde então.
Peço o milagre da nossa reconciliação,
que os céus abram as portas do coração.

Oh! Deus, minha penitência é a oração,
rezo aos céus que arrebentem as portas,
as portas que estão em cada coração.
Que de cada coração flua compreensão. 

Bato nas portas de outras rainhas,
com coragem, amor e cortesia.
"Por favor, abram a porta para mim,
eu ainda sou a mesma criancinha."

"Por favor, abram a porta para mim,
eu ainda sou a mesma criancinha."
Eu cresci e também sou uma rainha,
mas ainda as amo como uma criancinha.

Devo me envaidecer pela virtude?
Devo odiar ou tomar outra atitude?
Meu coração é o de uma pequena princesa,
frágil, doce e uma pequena fortaleza.

"Por favor, abram a porta para mim,
eu ainda sou a mesma criancinha.
Por favor, abram a porta para mim,
eu ainda as amo como uma criancinha."

My heart is like a child,
I feel love, sun and pride.
My heart is like a child,
I love you as a child.*

Se sou boba por amar vocês ainda,
só me importo de ter a alma limpa.
Boba aos olhos desse baixo mundo, 
madura aos olhos altos do Pai profundo.

"Deixai vir a mim as criancinhas, 
porque delas é o Reino dos Céus".
Assim disse o Nosso Senhor,
como uma criança é o amor.

Minhas mágoas não existem mais,
no meu peito, só há amor e paz.
E, se eu lhes procuro uma vez mais,
é por ter sempre amor demais. 

O amor é sofredor, é nobre, é benigno,
o amor não tem a vaidade e se entrega.
Tudo sofre, tudo crê, tudo sabe e tudo espera,
tudo suporta como um doce e pequeno menino. 


Poesia escrita por Tatyana Casarino.

*Tradução do título da poesia do ingês para o português:
Meu coração é como uma criança.

*Tradução dos versos do inglês para o português:

Meu coração é como uma criança,
eu sinto amor, sol e orgulho.
Meu coração é como uma criança,
eu amo vocês como uma criança. 


Sobre a poesia:

              



   Na vida adulta, somos constantemente convidados ao conflito, ao confronto e às lutas. Muitas vezes, as lutas são necessárias e não podemos nos calar, porque precisamos defender a nossa voz e os nossos direitos. Em outros casos, porém, os desentendimentos são desnecessários e dimensionados, provocando rupturas em belas amizades e em belas famílias. 
  Pequenos desentendimentos provocam separações longevas devido ao nosso grande ego que nunca quer ceder nem se colocar no lugar do outro. Raros são os espíritos que conseguem ver além de seus egos e alcançar o amor incondicional. 
   Quando alcançamos um estágio de amor incondicional, somos como crianças no paraíso -- nosso coração é pura paz e inocência, sem máculas e sem mágoas. Mesmo o contato com o suposto adversário acaba se transformando num convite para o amor e para o perdão, eis que o ego se dissolve num profundo entendimento. 
     Na vida adulta, devemos tomar o cuidado para a vaidade não tomar conta do espírito diante dos nossos títulos, do nosso crescimento e das nossas virtudes adquiridas ao longo da jornada. Não podemos nos esquecer, porém, de que nossa evolução jamais deve trazer a sensação de que somos melhores do que os outros (ainda que você realmente seja mais virtuoso do que uma pessoa ou outra, guarde essa observação na "gaveta" da humildade e continue se sentindo pequeno e amoroso como uma criança). 
       Não podemos nos esquecer que a nossa virtude não pertence a nós mesmos, mas a Deus -- o autor da virtude, Aquele que nos concedeu a virtude com seu imenso amor. E que a maior virtude de todas é a humildade de um coração infantil (infantil, mas profundamente maduro e evoluído espiritualmente) que consegue enxergar o próximo com a pureza de uma criança e dispensa o olhar carregado de soberba e preconceitos do adulto.
           Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face costumava dizer que "para alcançar os céus, devo permanecer pequena." E é nessa humildade que libertamos o nosso coração, pois como dizem os últimos versos da poesia "o amor tudo crê" (minha inspiração é nitidamente baseada na Bíblia e no trecho da Carta de São Paulo aos Coríntios sobre o amor -- Coríntios 13). 
             A partir do momento que passo a me considerar mais virtuosa do que os outros e alimento o desprezo pelos pecadores ou pelos adversários, perco toda a graça espiritual e conheço a ruína pela soberba. Quem é realmente evoluído espiritualmente ama os pecadores, ama os seus inimigos e abençoa aqueles que o amaldiçoam (como aconselhava Jesus). 

                          


            Só o coração puro de uma criança pode enxergar pureza, ainda que seja um mínimo traço de pureza, por trás do coração mais duro. Nosso coração enxerga aquilo que ele é. Se meu coração é puro, verei a pureza e a pureza será tudo. É melhor dar amor do que receber. Ainda que não seja recíproco, ainda que o outro não mereça o nosso amor, devemos fazer o que Cristo faria no nosso lugar: amar, amar, amar... Ah! E buscar a reconciliação e a paz. 
            Sabe aquele parente que está afastado da família? Busque essa pessoa, diga que você a ama e preze pela reconciliação. Um dia, os opostos estarão todos unidos no Reino dos Céus. Reze fervorosamente para a paz da sua família, dos seus amigos e para a reconciliação de cada membro de sua família -- desde o parente mais distante até o mais próximo. O amor cura todo mundo. Nossa vida é um canto de amor.

Tatyana Casarino. 


       Curiosidade: Escrevi a poesia após ouvir a música Wuthering Heights de Kate Bush na versão Rock da banda Angra. Tive uma inspiração baseada nos versos: "Heathcliff, sou eu, Cathy, voltei para a casa, estou com frio, deixe-me entrar por sua janela" (Heathcliff, It's me, I'm Cathy, I've come home, I'm so cold, Let me in throught your window). Esses versos me inspiraram a escrever: "Por favor, abram a porta para mim, eu ainda sou a mesma criancinha." 
    Apesar de todo o clima sombrio da família de Cathy e Heathcliff no romance gótico "O Morro dos Ventos Uivantes", os dois apaixonados preservaram em seus corações o mesmo amor que sentiam um pelo outro desde quando eram crianças. 

Confiram a música:




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