O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









Contador Grátis





sábado, 8 de junho de 2019

Cortina de fumaça perfumada



Vejo uma bela mulher caminhando
no castelo em pleno século dezoito.
É o tempo dos homens e da razão,
não há espaço para o seu coração.

Escadarias intermináveis e lustres,
anjos esculpidos e candelabros.
Seus cabelos roxos e esvoaçantes
combinam com o vestido prateado.

Sua máscara dourada escorrega,
e logo ela olha para trás com receio.
Um vampiro fita bem o seu olhar,
lança uma taça que se quebra.

A princesa aperta o passo,
é uma angústia que se alastra.
O vampiro puxa os seus cabelos,
e de seus lábios rouba sete beijos.

"Não há paz no inferno,
não há paz na loucura."
É isso que ele sussurra 
antes de morder a sua nuca.

"Não há paz na escuridão,
não há paz na solidão.
Seja minha anestesia,
seja minha fantasia".

Então, ela correu, correu, correu,
em outros lances tortuosos de escadas,
mas não havia escapatória na sacada,
e ele a ataca com toda a sua audácia.

Com sede de sangue, ele a agarrou,
sugou o vinho da alma da donzela
antes de rir como um intenso lunático.
Que perigo é um homem apaixonado!

Ela olha para a sacada em desespero,
pensava em pular para o abismo.
"Não pule em abismos, minha amada,
senão naquele que vive no meu peito!"

Ela olha assustada para o vampiro,
lágrimas descem em sua linda face.
"Não quero ser tua, não quero ser tua,
pertenço somente à coroa e à lua."

"Não é a coroa que te pertence!"
O vampiro exclama agressivo.
"Tu que és dona dela, princesa,
e maior do que a lua é a tua beleza!"

A princesa o empurra levemente
em direção ao aposento do castelo.
"Vamos embora dessa sacada,
não quero ser por ti amada!"

O vampiro chora com revolta,
bebe as próprias lágrimas turvas,
e depois morde suavemente os lábios.
Puxa a princesa e lhe dá um abraço.

De repente, ele exala um perfume,
uma fumaça perfumada a contamina.
Nas brumas de Netuno, ela desmaia,
sem saber onde o amor se inicia.

Toque-me, estou fria na noite,
toque-me, estou fria no vento.
Perfume minh'alma, fascinação,
deixe-me conhecer este sentimento.

Não vá embora fascinação!
Só por esta noite, lua azul,
deixa eu me perder no amor.
Desejo anestesiar a sua dor.

As cortinas das janelas balançam,
ele a carrega nos braços para o quarto.
O amor é um delírio, uma invenção,
o amor nos deixa tontos, sem direção.

Só por esta noite, lua azul,
deixe-nos perdidos e despidos.
Onde está minha direção?
Onde está a sua direção?

Nós estamos perdidos, perdidos,
por que o amor é se perder?
Nós estamos tontos e derretidos,
por que amar é se perder?

Dentro de uma cortina de fumaça,
há lençóis de seda e cheiro de incenso.
O cheiro das rosas os incendeia,
eles fazem amor sem máscaras.

Só por esta noite, lua azul,
deixe-me ficar perdida.
Só por esta noite, lua azul,
deixe-me fazer esta poesia.

Fazer amor é como fazer poesia:
a mulher é o verso e o homem é o ritmo.
E é preciso uma louca inspiração dentro disso,
que veio não sei de onde e vai não sei o porquê.

O amor é cego e desorientado,
a paixão é um fio desencapado.
Eles se colocaram em um transe,
não há volta para este novo romance.

As mãos do vampiro navegam no seu corpo,
eles estão em um transe sem precedentes.
Erótica e romântica, ela se entrega a ele,
enquanto inala o perfume dormente.

As consciências dos apaixonados dormem,
mas as suas almas vibrantes despertam.
Entregue sua mente a este doce perfume,
não há outro gozo além da luz que se funde. 

Depois de fazerem amor, o vampiro some.
Uma espiral de fumaça o abraçou nas brumas,
e o levou para a sua sombria e distante dimensão.
Da donzela, só resta o testemunho do seu coração.

Ela ouve na janela o canto dos morcegos,
e é como se eles dissessem à sua alma:
"Na sua alma, eu vi o paraíso e a calma luz,
que me curaram da loucura dos vis desejos."

Poesia escrita por Tatyana Casarino. 


                           



    Esta poesia fala sobre a nebulosidade da paixão, a qual muitas vezes é iniciada sem os amantes perceberem. O amor é a perda da direção, o responsável por deixar os amantes desnorteados, mas também é o fio condutor da descoberta de novas verdades e sentidos dentro da alma. O vampiro é o arquétipo do homem apaixonado e sem freios, que se deixa conduzir pelos desejos da noite sem a luz da razão. 
       Deve-se tomar cuidado para não se perder nas trevas do inconsciente, assim como é preciso ficar atento para não ficar racional demais e perder a fascinação dos sentimentos e sensações que surgem sem qualquer explicação. Um equilíbrio entre luz e sombra é necessário para que a alma consiga obter o autocontrole sem perder o encanto. E, com frequência, os encantos nascem das inspirações mais misteriosas que, assim como o amor e a poesia, surgem de um lugar intangível. 

Tatyana Casarino. 




*Siga Tatyana Casarino no Pinterest:

https://br.pinterest.com/tatyanacasarino/

*Inscreva-se no Canal do YouTube da Taty Casarino:

https://www.youtube.com/user/tatycasarino

*Veja todas as poesias de Vampiro já postadas nesse blogue no link abaixo:

http://tatycasarino.blogspot.com/search/label/Poesias%20de%20Vampiros







Nenhum comentário:

Postar um comentário