O vento da noite balança a cortina
e invade o quarto da sacerdotisa.
Ela medita sobre as cartas do tarô
enquanto a vela trêmula exala ardor.
Mesmo com o vento frio disputando espaço,
a vela se mantinha acesa e quente.
E, quando a sacerdotisa fechou os olhos,
luzes místicas começaram a piscar no ambiente.
Logo, a donzela puxou uma carta silente
que ficaria entre o sol e o sério eremita.
Um cavaleiro surgiu naquela noite fria,
portando uma espada e um perfume do oriente.
Ela esperava um príncipe doce e encantado,
como um nobre cavaleiro de copas.
Mas, ela se deparou com um guerreiro
cuja espada violenta fazia tremer o mago.
"Meu cavalo está sujo de lama,
e eu trago-lhe flor de lótus ao invés de rosas.
Meu peito inflado é o orgulho de vencer a rota
e encontrar a mais bela e meiga dama."
"Vim do oriente, onde venci a morte,
fui tentado pelo diabo e socorrido pela temperança.
Vi flutuar nas asas de um anjo a esperança
enquanto a angústia me tornava mais forte."
"Tomei o Às de Espadas intrépido
antes de quitar os meus cármicos débitos.
E logo vi a formosa borboleta azul da vida
que me fez lembrar da cor do manto da sacerdotisa."
"Morri emocionalmente e ressuscitei espiritualmente.
Ressurgi na vida como a lúcida e impávida fênix,
que sabe levantar a partir das próprias cinzas.
Emergi da lama com muita honra e valentia."
"Perdoe-me se esperavas um cavaleiro de ouros,
trajado de reluzente dourado limpo e imaculado.
Eu sou o guerreiro, o cavaleiro de espadas,
que prefere a guerra à pacificidade das fadas."
"Perdoe-me se esperavas um cavaleiro de paus,
purificado pelo fogo, sábio e espiritual.
Eu sou aquele que lutou contra o demônio
ao invés de ter rezado pelos meus sonhos."
"Perdoe-me se esperavas um cavaleiro de copas,
montado em um cavalo alvo com rosas nas mãos.
Eu sou aquele que emergiu do lodo louco e são
com o cavalo sujo de lama e espada nas mãos."
"E agora aqui, diante de ti, beijo os teus pés,
pedindo que me laves com a água do teu reino.
Sonho em poder puxar-te pelos cabelos lisos,
arrancar teu véu, desnudar teu manto e ir ao paraíso."
"Vislumbrei em ti o prazer carnal negado a mim,
bem como a paz celestial de tua energia.
Quero poder amar-te numa luz sem fim,
repleta de esplendor, fábula e magia."
E, assim, discursou o cavaleiro de espadas
antes da dama guardar as cartas do tarô.
Não ouse perguntar sobre o seu futuro marido
se não quiser ver os arcanos e as fadas.
Pela janela, entrou uma forte ventania
e logo balançaram as alvas cortinas.
O pêndulo com pedra marrom mística
foi rachado ao cair no chão do quarto.
E as moças místicas atrevidas riram
com entusiasmo e um pouco de receio.
Afinal, ela puxava cartas para as amigas,
mas, quando foi a vez dela, cavaleiro e eremita.
Poesia escrita por Tatyana Casarino.
*Observação: A Poesia mística retrata de forma lúdica o Cavaleiro de Espadas, arcano menor do tarô. Sou uma aprendiz entusiasta do campo místico e busco, através das minhas poesias, retratar um pouco dos arquétipos do tarô e da astrologia. O Cavaleiro de Espadas é o arquétipo do homem valente e inteligente que dribla com honra e criatividade os obstáculos da vida. O pêndulo descrito na Poesia tem a pedra denominada "olho de tigre".
Músicas que me inspiraram a entrar em contato com a energia do Arcano:
***Ace Of Spades -- Motorhead
Vídeo com a música:
https://www.youtube.com/watch?v=aVecmhNYbuQ
Letra e Tradução da Música:
https://www.letras.mus.br/motorhead/27189/traducao.html
***Warcraft -- Ramin Djawadi
Vídeo com a música:
https://www.youtube.com/watch?v=uriUPxg-YVo
Tatyana Casarino
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