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terça-feira, 6 de março de 2018

10 Nações Fictícias ou Fantasiosas.

               Olá, pessoal! Vocês conhecem as nações fictícias das sagas literárias? Vocês gostam? Quais são as suas nações da fantasia prediletas como leitores? Para quem é escritor, a criação de uma nação ou mesmo de um mundo fictício é um desafio e tanto. Conheça a lista abaixo escrita pelo meu amigo escritor Mateus Ernani Heinzmann Bulow com dez nações fictícias ou fantasiosas. Boa leitura!

                               


        Um dos aspectos mais interessantes da literatura envolve uma prática conhecida como geoficção. Trata-seda concepção de lugares inexistentes, porém de forma que pareçam reais ou ao menos plausíveis, indo de edifícios,bairros ou ruas até universos inteiros, de acordo com a imaginação do autor.
Embora vista como um simples passatempo por alguns autores, a geoficção costuma ser levada a sério em vários gêneros literários, indo da fantasia para a sátira, ou mesmo em romances policiais. Em diversos casos a criação de um país fictício envolverá conceber símbolos,bandeiras, idiomas, moedas, formas e sistemas complexosde governo, de acordo com a relevância do lugar fictício para a história.
Criar personagens já é difícil, então imagine conceber nações, e ainda fazê-los reais aos olhos dos leitores!Devido à necessidade de foco nos personagens, países costumam ficar apenas no fundo, sendo citados de forma vaga em diversas histórias, mas existem exceções interessantes à regra. Outro aspecto curioso na geoficção está na influência de nações reais na concepção de tais lugares, especialmente em sátiras e críticas políticas.
A presente lista conta com alguns países fictícios, com foco nas literaturas fantástica e satírica, bem como os quadrinhos; entretanto, poderá haver uma ou outra citação, caso o país fictício tenha ultrapassado aparições na mídia escrita. Outro requisito será descrever apenas uma nação por série ou franquia, e por fim, apenas entidades que possam ser descritas como estados-nações estarão presentes. Sem mais delongas, deixe o passaporte e os bilhetes de voo à mão, pois a viagem começará agora!

10 – San Teodoro.


Série: As Aventuras de Tintin.

Nosso primeiro destino não é exatamente um exemplo de estabilidade política ou boa governança, porém é o mais “próximo” do Brasil nesta lista. San Teodoro é um país sul-americano cuja localização hipotética corresponde ao sul do Suriname e o norte do Brasil; sua independência foi obtida em 1830, graças aos esforços do general José Olívaro (uma clara referência a José de San Martin e Simon Bolívar).
San Teodoro é uma caricatura típica dos regimes instáveis da América Latina, tanto que as revoluções são consideradas uma “tradição” local, bem como os fuzilamentos. Apesar de instável, o exército santeodorense parece ser forte, em parte devido à rivalidade com uma nação vizinha chamada Nuevo Rico. Ambos os países disputam uma região conhecida como “Chapo”, onde existiriam reservas de petróleo. Para o azar dessas nações, não havia nenhuma gota de petróleo na região.



       Esse país sul-americano apareceu em duas histórias do Tintin: O Ídolo Roubado e Os Pícaros, e nas duas idas a San Teodoro o repórter belga se envolveu nas lutas do general Alcazar contra um tiranete chamado Tapioca. Apesar de San Teodoro não estar em melhores condições sob o governo de Alcazar, seu povo parece feliz e festivo, e uma das maiores fontes de renda trata-se do carnaval em Las Dopicos, a capital do país (renomeada para Tapiocápolis e mais tarde para Alcazarópolis). Hergé, o autor de Tintin, afirmou ter se inspirado em um carnaval visto em Belo Horizonte para representar a festa típica de San Teodoro.
San Teodoro e Nuevo Rico não são as únicas nações fictícias no universo de Tintin: na Europa existem as nações rivais da Bordúria e a Sildávia, bem como Khemed, localizada no Oriente Médio. Bordúria é descrita como um regime fascista, chegou a financiar a ditadura de Tapioca no livro Os Pícaros, enquanto a guerrilha de Alcazar contava com o apoio de alguns traficantes de armas. Tintin e seus amigos conseguiram convencer Alcazar a não fuzilar ninguém após a vitória, ao que o general acatou, embora não sem algum lamento, pois era uma “tradição” sendo deixada de lado.

9 – Elbônia.



Série: Dilbert.

Continuando na sátira política, vamos para a Elbônia, uma ex-república soviética cuja localização ambígua oscila entre o leste europeu e a Ásia central. Esse pequeno país do quarto mundo (conforme a descrição oficial dada nos quadrinhos do Dilbert) é conhecido por seus habitantes sempre barbados, incluindo as mulheres e as crianças, e também por seu solo coberto de uma camada grossa de lama, quase sempre na cintura dos habitantes.
O fim do socialismo não significou melhoras consideráveis para os elbonianos, e por algum tempo o país foi dividido entre duas nações rivais, uma ao norte e outra ao sul. O fim da divisão ocorreu quando Dogberto, o cachorro falante de Dilbert, caiu de uma espaçonave sobre o país, tornando-se rei logo em seguida. Dogberto abdicou do trono, mas voltaria para governar a Elbônia como ditador em tirinhas subsequentes.




A lama que recobre a Elbônia é a principal fonte de riqueza do país, e seus habitantes a utilizam para tudo, desde material de construção até comida. Os elbonianos tentaram lançar seu próprio satélite com a ajuda de Dilbert, e acabaram acertando a embaixada da França, iniciando uma guerra contra o país europeu. Apesar do bombardeio intenso, os franceses desistiram da guerra ao perceberem que não havia nada para destruir, e um aspecto positivo do conflito, ao menos para os elbonianos, foi um súbito aumento no produto interno bruto do país, graças à venda de estilhaços de bombas para os países vizinhos.
Em algumas tiras é dito que o principal deus da religião elboniana se chama Doug, o que poderia explicar a facilidade com a qual Dogberto virou rei do país. Outra “crença” local dos elbonianos está em matar qualquer um que os ofender três vezes. Dilbert comentou que esta era uma fé muito dura, e o elboniano que lhe explicou esse “costume” foi rápido em sua resposta: “com esta, faltam duas!”

8 – Malazan.



  
Série: Livro Malazan dos Caídos.
    Saindo da sátira e entrando na fantasia, a série Malazan dos Caídos é composta de diversas histórias independentes, interligadas pela existência do império de Malazan, a mais poderosa nação humana do continente de Quon Tali. Apesar do grande número de tramas e
personagens, a presença dessa nação majestosa permeia todos os livros da série, bem como suas campanhas militares para subjugar as últimas cidades livres de Quon Tali.
A origem de Malazan está na ilha de Malaz, e essa região afastada do continente era governada por um rei pirata chamado Mock. Um líder tribal chamado Kellanved derrubaria o reinado de terror de Mock, com a ajuda de refugiados vindos das Ilhas Napan, e mais tarde ele seria o primeiro Imperador de Malazan. Para a decepção dos refugiados napanenses, Malazan se tornaria um império conquistador mais agressivo do que Unta, a nação que havia obrigado eles a fugirem de sua terra natal.




             Muitos fãs de fantasia alternativa descrevem Malazan como “o império maligno que deu certo”, em parte porque o estilo do autor da série, um canadense chamado Steven Erikson, é detalhista e calcado em vários exemplos históricos reais, como o Império Romano ou o Britânico. Apesar de seu poderio militar intimidante, o Império Malazan parece disposto a trocar a espada pela diplomacia quando preciso, evitando submeter costumes e culturas locais, além de tolerar líderes dispostos a cooperar com o Império. O próprio Kellanved se horrorizou ao ver a devastação causada por um exército de mortos vivos invocado por ele, decidindo nunca mais usar esses guerreiros zumbis em batalha.

                Durante a saga descrita nos livros, Malazan é governado pela imperatriz Laseen, uma napanense que assassinou Kellanved. Durante o reinado de Laseen, uma rede de espiões foi criada para manter a ordem e debelar possíveis rebeliões nas províncias mais afastadas do império, bem como averiguar nações próximas a fim de expandir seu território. Apesar de ser uma líder astuta, Laseen reconhece que Malazan se expandiu rápido demais em um curto período de tempo, tornando difícil defender tantas províncias contra inimigos cada vez mais numerosos e desejosos de vingança.



7 – Bangala.


Série: Fantasma.

                Retornando ao nosso mundo, vamos passar agora pela África oriental, onde se localiza a república de Bangala, também chamada Bengali ou Bangoli. Esse país está localizado entre o Quênia e a Tanzânia, e seu litoral está salpicado de cidades, sejam elas metrópoles vibrantes, ou então vilas humildes de pescadores. No interior, entretanto, as selvas densas dominam a região, bem como o lendário “Espírito que Anda”, ou Fantasma.
                Bangala foi uma colônia britânica, antes de alcançar a independência, e seu primeiro presidente foi um médico chamado Lamanda Luaga, reconhecido pelo combate às epidemias na selva. No entanto, o general Bababu moveu um golpe de estado contra Luaga, e o próprio Fantasma, até então escondido do mundo exterior, teve de intervir na confusão, que acabou com o retorno do legítimo presidente e a união de doze tribos contra o ditador. Luaga se tornou um aliado do Fantasma, enquanto Bababu jurou vingança, tornando-se um dos vilões mais famosos da série.


 
             Apesar de estar localizado na África, Bangala possui uma expressiva minoria indiana, bem como outros povos escondidos na mata. Após a presidência de Luaga, quem assumiu o governo foi um representante dos indianos, chamado Sandal Singh. A presença dessa minoria étnica pode ser decorrente de algumas histórias mais antigas do “Espírito que Anda”, pois alguns roteiristas retrataram o país em território indiano, ou então na atual Indonésia. Apenas mais tarde a localização na África seria oficializada.
                Algumas histórias do Fantasma trazem curiosidades extras sobre o passado pré-colonial de Bangala: antes da chegada dos colonizadores britânicos, a região fazia parte do Império Nyahpura, cujo último grande líder foi o Imperador Joonkar. Assim como o presidente Luaga, Joonkar teve a ajuda de um ancestral do Fantasma em diversas ocasiões, desde lutas contra piratas e traficantes de escravos até a arbitragem de disputas territoriais entre as tribos que compunham Nyahpura.

6 – Oceânia.


  
Série: 1984.

                Em comparação com os países vistos até agora, ou mesmo com os que aparecerão depois nesta lista, Oceânia certamente é o menos desejável para se morar ou mesmo para uma “visita turística”. Entretanto, é inegável a influência da obra de George Orwell na ficção científica e mesmo na língua inglesa, com sua Novilíngua (“Newspeak”, no original em inglês) e o Socing, ou Socialismo Inglês (“Ingsoc”, no original). Devido a essa influência na cultura atual, decidi deixar um espaço para esse superestado na lista.
                No mundo de 1984, três nações gigantescas disputam o controle do mundo: Eurásia, Lestásia e Oceânia, e esta última é a morada do protagonista, Winston Smith. O território da Oceânia é composto pelas Américas, as Ilhas Britânicas, a Austrália e parte da África, ao sul do Congo, e suas principais defesas contra as outras nações são as plataformas de guerra, parecidas com grandes plataformas de petróleo, porém cheias de canhões e mísseis. Devido à extensão de seu território, a Oceânia não possui uma única capital, e sim diversas capitais, como Londres e Nova York.


                   Embora o complexo industrial da Oceânia seja quase todo voltado para a guerra, boa parte desses esforços são utilizados para manter o controle sobre a população, dividida entre os membros do partido e os chamados “proletas”, cuja ignorância os impede de lutar contra o regime opressor; uma das personagens de 1984 afirma que talvez os mísseis disparados pelos inimigos sejam disparados pelas próprias forças militares da Oceânia, como forma de manter a impressão de que a guerra continua. Em vários lugares existem as “teletelas”, uma espécie de televisão utilizada para espionar pessoas, bem como os cartazes com a figura do “Grande Irmão”, o onipresente líder da Oceânia.

                O aparato opressivo utilizado pela Oceânia é tão grande e custoso que deu origem a uma teoria entre os leitores de 1984, de que esta nação ameaçadora e belicosa resume-se apenas às Ilhas Britânicas, afinal um estado tão obcecado em vigiar seus próprios cidadãos dificilmente conseguiria manter tamanha extensão. Com o nível de desinformação ao qual a população da Oceânia é submetido, bem como o próprio leitor que se aventura pela leitura de 1984, tal teoria torna-se perfeitamente plausível...



5 – Gondor.

Série: O Senhor dos Anéis.

                Deixando a ditadura de Oceânia para trás, e retornando aos domínios da fantasia, veremos agora a mais poderosa nação humana da Terra Média e principal obstáculo ao avanço das forças de Sauron sobre o continente. O reino de Gondor foi fundado por dois irmãos, chamados Isildur e Anárion, sobreviventes do afundamento da ilha de Númenor. O reino esteve unido com outra nação fundada por sobreviventes de Númenor, chamada Arnor, mas após a divisão e queda de Arnor, Gondor continuou firme, beneficiando-se de seu clima ameno em comparação com o norte e de seu amplo litoral.
                Após a primeira guerra contra Sauron e seus exércitos de orcs, Gondor passou por uma longa era de prosperidade, interrompida por uma invasão dos homens de Rhum, as terras orientais ao norte de Mordor. Outras catástrofes trariam a ruína ao reino, envolvendo guerras pela sucessão do trono e uma praga que matou boa parte da população; ironicamente, Gondor foi salva da destruição completa porque os seus inimigos habituais do leste também foram afetados pela praga.
  
              Durante a época descrita no livro, Gondor se encontra sob a liderança dos regentes, enquanto o legítimo descendente do último rei continua desaparecido, e uma aliança foi firmada com os cavaleiros de Rohan, uma antiga província de Gondor que obteve sua independência durante os longos períodos de crise. Após a guerra do Anel, Aragorn assumiu o trono de Gondor como o legítimo descendente de Isildur, e reunificou os territórios de Arnor ao norte, terminando o período de divisão entre os reinos.

                Quando concebeu Gondor para a sua história da Terra Média, Tolkien admitiu ter se inspirado em Bizâncio, o Império Romano do Oriente. Tanto Gondor como Bizâncio eram descendentes de impérios mais extensos, e também estiveram sob a ameaça de inimigos numerosos vindos do leste, com direito a um cerco terrível à capital. A diferença se encontra no destino final das capitais: enquanto Bizâncio caiu ante os turcos de Mehmed II, o sultão dos otomanos, Minas Tirith foi salva pela força combinada dos homens de Rohan, soldados vindos do sul de Gondor, e um bom número de guerreiros fantasmas libertos por Aragorn.



4 – Wakanda.



  
Série: Pantera Negra (Universo Marvel).

                Assim como Bangala, Wakanda é outra nação fictícia localizada na região oriental da África, porém as semelhanças param na localização geográfica. A origem dessa nação deve-se à queda de um enorme meteoro feito de Vibranium, o metal mais forte do universo da Marvel, e com sua queda, diversas espécies animais e vegetais passaram por mutações, tornando-se monstros. Entretanto, nem todas as mutações foram ruins: uma planta chamada erva-coração surgiu após a queda do meteoro, e um grupo de caçadores decidiu que cultivaria essa planta para fins medicinais e rituais místicos. O líder do bando era conhecido como Bashenga, e ele se tornaria o primeiro Pantera Negra e rei de Wakanda.
                Sobre a montanha de Vibranium foi criada a primeira capital de Wakanda, chamada Adowa, e o reino se expandiria com a adesão de mais tribos. Durante a sua longa existência, Wakanda foi invadida repetidas vezes por impérios vizinhos, pelo Império Romano, por um bando de cavaleiros templários e até mesmo um exército de demônios saídos do inferno. Durante a Segunda Guerra Mundial, uma invasão alemã foi repelida com ajuda do Capitão América, o primeiro estrangeiro a ganhar a confiança do reino.

                 Apesar de seu habitual isolacionismo, os wakandianos mantém algum contato com o mundo exterior, na forma de agentes disfarçados como pessoas de outras nacionalidades. O rei T’Challa, um dos primeiros Panteras Negras a aparecerem nos quadrinhos, estudou em universidades americanas, e durante o reinado de seu pai, o rei T’Chaka, o Vibranium era vendido a preços controlados para outras nações. Devido à presença do Vibranium, Wakanda tornou-se uma das nações mais fortes e tecnologicamente avançadas do Universo Marvel, ao lado da Latvéria, um país da Europa Oriental governado pelo Doutor Destino.

                Mesmo com sua modernidade na ciência e na tecnologia, Wakanda conserva alguns costumes da época tribal, como os duelos entre representantes das tribos para decidir o novo rei, bem como os cultos animistas a divindades parecidas com animais e o consumo da erva-coração. Esses duelos foram retratados na adaptação recente do Pantera Negra para os cinemas, mas apenas cinco tribos foram representadas no filme, enquanto no quadrinho havia dezenas delas. A guarda real de Wakanda, chamada Dora Milaje, é composta por guerreiras vindas de todas essas tribos, somando trinta integrantes e servindo não apenas como a defesa do monarca, como também um símbolo da união das tribos de Wakanda.



3 – Deltora.


Série: Deltora Quest.



                “Deltora é uma terra de monstros e magia...”. Essa frase aparece na contracapa de todos os livros da série Deltora Quest, e quando o próprio nome da nação onde se passa a série está destacado, podemos ter certeza de sua relevância na história. Também conhecida como a “terra dos dragões”, Deltora é, na verdade, um agrupamento de sete tribos, e seu nome é uma junção da tribo de Del com a de Tora, a primeira e a última a concordarem com a união para repelirem a invasão de Malverlain, o governante das Terras das Sombras.

                Cada tribo carrega consigo uma pedra mística, dotada de poderes únicos. Essas pedras são o Diamante, a Esmeralda, a Lápis-Lazúli, o Topázio, a Opala, o Rubi e a Ametista (reparou nas iniciais das pedras?). O primeiro líder a unir as pedras, e com isso unir Deltora, foi um ferreiro da cidade de Del chamado Adin, após um sonho premonitório que o ordenou a forjar um cinturão para acomodar as pedras. Por muito tempo, os reis de Deltora envergaram o cinturão com orgulho, porém Malverlain deixou espiões entre os ministros, esperando pelo melhor momento para dividir as pedras e enfraquecer Deltora, invadindo e submetendo as sete tribos à sua vontade.


             A série começa com Lief, filho de um ferreiro de Del, sendo incumbido da dura tarefa de recuperar todas as pedras mais uma vez, e ao seu lado estão Barda, um ex guarda do palácio, e Jasmine, uma menina órfã que vivia nas floresta do silêncio. Após a jornada para recuperar o reino, Lief assume o trono e invade as Terras das Sombras para salvar prisioneiros levados à força para trabalhar nas fábricas de Malverlain. E a luta por Deltora não pararia ali, pois Malverlain deixou as Quatro Irmãs escondidas em pontos estratégicos para destruir Deltora em um terremoto, e apenas o poder combinado de todos os dragões remanescentes impede a destruição do reino.
                Embora seja descrita como uma ilha nos mapas, o tamanho de Deltora é comparável ao da Austrália, o que não deixa de ser curioso, por dois motivos: Deltora é cheia de criaturas peçonhentas e perigosas, assim como a Austrália real, e a autora da série é uma australiana chamada Jennifer June Rowe. No entanto, Rowe utiliza os pseudônimos Emily Rodda e Mary-Anne Dickinson ao escrever livros infantis.

2 – Aquilônia.


Série: Conan, o Cimério.

                A Era Hiboriana é conhecida pela presença de diversas nações exóticas como Turan, Zamora, Coríntia, Stygia, porém nenhuma delas possui tanta relevância na saga do guerreiro cimério quanto a Aquilônia, o mais poderoso de todo os reinos do ocidente. Cerca de nove séculos antes do nascimento de Conan, a Aquilônia foi forjada por um monarca conhecido como Epeus, “O Portador da Espada”. Apesar da consolidação do reino, diversas províncias mantiveram relativa independência do poder central, como a Bossônia e a Gunderlândia.
                Conan chegaria ao trono dessa nação após matar o tirano Numedides, mas manter sua posição entre as intrigas políticas seria mais difícil do que conquistá-la. Feiticeiros e nobres invejosos tramaram muitas formas de derrubá-lo, bem como nações vizinhas. Os rivais mais fortes da Aquilônia durante o reinado de Conan foram os pictos, guerreiros nômades vindos do oeste, e a Nemédia, uma nação cuja cultura e exército rivalizam com o reino liderado pelo Cimério. Em diversas ocasiões, os nemédios tentaram invadir ou enfraquecer os rivais.



           Uma das tramas para derrubar Conan envolveu até mesmo a ressurreição de um feiticeiro morto há três milênios, e por algum tempo o Cimério esteve ocupado com a busca pelo Coração de Ahriman, a joia mística utilizada para ressuscitá-lo. Nessa louca viagem, Conan conheceu Zenóbia, uma concubina do rei da Nemédia que se tornaria sua companheira e rainha, dando-lhe três filhos.

                Culturalmente, a Aquilônia lembra a França do período medieval, embora diversas de suas tribos e províncias sejam assemelhados a outros países. A Gunderlândia, por exemplo, possui muitas semelhanças com a Alemanha, enquanto os bossonianos compartilham certas similaridades com os ingleses, e a província sulista de Poitain, próxima ao reino marítimo de Zingara, é povoada por gente de pele mais escura em comparação com os aquilônios do norte. Entre os deuses venerados pelos aquilônios, o mais popular é Mitra, e este deus salvou a vida de Conan e seus companheiros na história “Conan das Ilhas”.



1 – Ruritânia.





Série: O Prisioneiro de Zenda.



                Nossa última parada nos levará ao leste europeu, e também a uma nação fictícia que deixou um verdadeiro legado para a literatura. Ao longo da história, diversas nações surgiram e caíram, em diversos cantos do mundo, mas nenhuma foi tão influente ao ponto de nomear um estilo de literatura. A pequena e notável Ruritânia, uma nação localizada entre a República Checa e a Alemanha, deixou sua marca na história ao criar o termo “romance ruritânio” para denominar histórias que se passam em países fictícios, com destaque para países localizados na Europa oriental.

                Ruritânia aparece em três livros escritos por um dramaturgo inglês chamado Anthony Hope. O primeiro deles, O Prisioneiro de Zenda, foi escrito em 1894, e o sucesso na Inglaterra foi estrondoso, motivando-o a escrever duas continuações no mesmo universo, denominadas O Coração da Princesa Osra e Rupert de Hentzau. Embora se passem no mesmo país fictício, não existe continuidade entre os livros, tanto que o segundo livro da série é uma compilação de contos e novelas, enquanto o terceiro trata de outro personagem, que era um antagonista no romance original.



                A história do Prisioneiro de Zenda envolve uma trama política contra o futuro rei da Ruritânia, Rudolf V. Às vésperas de sua coroação, o rei é drogado por seu meio irmão Michael, o Duque de Strelsau, e levado até um castelo localizado na pequena cidade de Zenda. Em uma tentativa desesperada de evitar a tomada do trono por Michael, o Coronel Sapt e um serviçal chamado Fritz Von Tarlenheim convencem um primo distante do rei desaparecido a se passar por ele. O primo distante de Rudolf é um inglês chamado Rudolf Rassendyll, e diversas tramas menores aparecem, incluindo uma tentativa de resgate em Zenda, e até um romance entre Rassendyll e a princesa Flávia, a futura esposa de Rudolf.
                Muitos autores e romancistas europeus retornariam à Ruritânia em outras obras, mudando alguns detalhes como a língua ou a localização deste curioso país, e Sir Arthur Conan Doyle fez uma citação ao país em uma das histórias de Sherlock Holmes. O nome desse país fictício apareceria até em ensaios acadêmicos, como o “Anatomia do Estado” de Murray Rothbard, e no “Teoria do Crédito e do Dinheiro”, de Ludwig Von Mises. Alguns autores como Vesna Goldsworthy, entretanto, não veem a Ruritânia com bons olhos, pois a tendência a criar nações fictícias no leste europeu influiu no preconceito em relação à região, quase sempre apresentada como um antro de nações atrasadas ou supersticiosas. Goldsworthy nasceu na Sérvia, explicando sua posição a respeito dessa nação fictícia.


Texto escrito por Mateus Ernani Heinzmann Bulow

  O autor é Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Santa Maria (FADISMA), escritor, poeta e autor do livro "Taquarê -- Entre a Selva e o Mar".

Confira o livro do autor no link abaixo



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