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terça-feira, 26 de setembro de 2017

Vento de Primavera



O meu coração está tão ferido
e eu não sei como me expressar.
Todas as palavras não ditas
provocam o nosso castigar.

É verdade que eu era tão espontânea
como uma criança brincando de cartas.
Eu jogava o baralho para cima sorrindo
quando recebia as primas naquela casa.

Eu tinha o peito tão aberto e feliz,
minha verdadeira essência é pura.
Em algum momento, me enganei
e acreditei que eu era insegura.

Todos os rótulos que eles sutilmente me deram
ainda estão ardendo como chamas dentro de mim.
De medrosa à chorona, os loucos rótulos vieram,
enquanto cresciam espinhos tortuosos no jardim.

Um dia, quando você menos espera, surge a mágoa
ventando, arrancando as flores, despedaçando pétalas.
Os espinhos crescem e sobem por todos os caules,
invadindo o jardim, sufocando todas as árvores.

E você ainda se pergunta sobre a injustiça
e grita contra o mal que percorre o mundo.
O seu grito percorre toda a brisa marítima
e leva a água do mar para o porto inseguro.

Foram beijados os inseguros corações
com a prece silenciosa de suas confissões.
Você sabe que a mágoa sempre foi salgada
assim como é o sabor de suas lágrimas.

Você já está tão cansada de suprimir
todas essas emoções turvas e revoltadas.
O seu coração parece que vai explodir,
mas você segue simpática e maquiada.

Por trás desses cílios espessos pelo rímel,
existem lágrimas esperando para descer.
Por trás de seus lábios pintados de rosa,
existe um grito prestes a ir para fora.

O que nos tornamos, queridos amigos?
Pessoas decepcionadas, melancólicas,
magoadas, autocentradas e mórbidas.
Onde estão as pessoas generosas?

As pessoas generosas também estão magoadas,
encolhidas em algum canto escondido do mundo.
Até mesmo fazendo o bem, elas foram apedrejadas
e seguem com os sentimentos cheios de cortes profundos.

Da amiga invejosa, aquele sorriso amarelo, 
aquela risada sarcástica do valentão do colégio,
lembranças que voltam a chicotear a alma dela
que parecia tão calma numa tarde de primavera.

A mágoa sempre é um carrasco dentro da alma
a chicotear a beleza das flores com os espinhos.
Ela é uma usurpadora dentro do nosso coração,
ela é um tropeço inesperado, um vento frio.

Mas, quando sentir o vento do inverno passado
tentando roubar a beleza da sua primavera,
lembre-se de se aconchegar no cobertor da luz
que cura as suas feridas no amor de Jesus.

Jesus dá forças inesgotáveis ao solidário
que seguirá fazendo o bem diante dos ingratos.
Jesus dá forças à pessoa verdadeira e virtuosa
mesmo quando ela foi apunhalada pelas costas. 

Jesus dá forças ao angustiado coração
para que ele possa amar novamente.
E, mesmo após se decepcionar e se fechar,
florescer belamente numa próxima estação.

Se a mágoa é o vento da primavera,
Jesus é o sol da estação das flores.
Se o mundo causa lágrimas e dores,
a esperança cria mais belas cores.

Quando a tristeza invadir o teu coração,
não se esqueça daquela coruja branca
que sibila canções de paz e sabedoria.
O maior aprendizado nasce da melancolia.

Enfeita os teus cabelos com flores,
abrindo o peito para curar as dores.
Deixa a coruja pousar no teu ombro,
ela te conduzirá para além do choro. 

Poesia escrita por Tatyana Casarino





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