O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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quarta-feira, 8 de junho de 2016

10 melhores princesas da Disney




               



   Olá, pessoal! Aqui é a poetisa Tatyana Casarino trazendo mais um texto referente aos personagens Disney. :)
   Tendo em vista o sucesso dos textos escritos pelo meu amigo escritor Mateus Ernani Heinzmann Bulow que compartilha gentilmente suas análises com o Recanto da Escritora, hoje a postagem é referente a lista das dez melhores princesas da Disney de acordo com as reflexões escritas por ele. Autor de outras listas referentes a personagens da Disney, como o texto "10 Maiores Heróis da Disney" e "10 Maiores Vilões da Disney", Mateus Ernani Heinzmann Bulow possui uma forma de escrever própria que eu admiro, já que identifico em seu estilo literário elementos que eu também busco como o equilíbrio entre a linguagem compreensível e culta, a profundidade analisada com leveza e a crítica inteligente repleta de pitadas refinadas de bom humor.

               
   
    Nesta lista, diferentemente das demais, o autor foi além das animações 2D tradicionais e incluiu princesas mais "modernas", deixando a análise ainda mais rica e interessante. Além disso, soube mergulhar muito bem na psique feminina, analisando com maestria a personalidade das princesas. Desse modo, ele trouxe uma nova visão acerca de Branca de Neve, a qual representa, salvo engano, uma das princesas mais incompreendidas. Ele também analisou Ariel de "A Pequena Sereia" de uma forma muito mais interessante e que certamente acrescentará muitos elementos ricos em nossa visão sobre essa personagem.  
    Em tempos paranoicos como o que vivemos onde tudo é visto sob a análise de "teorias conspiratórias" e há supostas opressões e mensagens maléficas por todos os lados, o autor trouxe uma visão simples e, ao mesmo tempo bem mais profunda e verdadeira acerca das princesas, criticando o feminismo radical e suas paranoias.
     Confesso que sempre me entristeceu o fato de as princesas serem atacadas por setores do feminismo e da psicologia, os quais afirmam que as princesas são responsáveis pela imposição de "padrões" além de representarem a utopia do encontro com o "príncipe encantado" e, desse modo, suas histórias não seriam saudáveis para as crianças. Eu discordo totalmente dessas opiniões.
      Admiro os movimentos progressistas do passado que carregavam o autêntico feminismo através de manifestações artísticas, culturais, jurídicas, filosóficas e éticas que incentivaram a conquista do voto feminino, da paternidade (ou seria maternidade) das obras literárias, artísticas e científicas da autora mulher, dos direitos trabalhistas das mulheres, dos direitos da personalidade e das leis penais que protegem a mulher diante da violência.
      Não obstante, não aprovo o feminismo radical atual carregado de ideologias políticas, escândalos, paranoias, amarguras, hipocrisias e discursos de ódio (ódio contra homens e até mesmo contra as outras mulheres que discordam das ideologias filosóficas e políticas do atual movimento "feminista"). Acredito que não é através do ódio e do escândalo que os direitos são conquistados, mas através do amor, do trabalho intelectual e ético e da construção de uma sociedade mais livre, pluralista, justa e sem preconceitos.
       Admiro a Psicologia como excelente instrumento de tratamento do ser psíquico, autoconhecimento e aperfeiçoamento humano. Mas, discordo de muitas teorias de Freud e da "mania" de alguns ramos da Psicologia em enxergar conspirações e sexualidade por todos os lados. O sexo é um importantíssimo elemento da nossa psique, mas não representa tudo. O ser humano é muito mais complexo do que qualquer teoria psicológica.
      Eu acredito que as histórias clássicas das princesas, bem como as contadas pela Disney são muito saudáveis e devem continuar a ser transmitidas para as nossas crianças. Através de linguagens metafóricas e simbólicas, a criança terá o primeiro contato com as reflexões acerca da luta entre o bem e o mal e da conquista do "final feliz" por meio da persistência virtuosa do herói ou da heroína. O "final feliz" é apenas o símbolo da vitória diante das lutas que travamos dentro de nós.
     Acredito que seja muito saudável transmitir a moral das histórias e refletir sobre virtudes com as crianças. O maniqueísmo inicial é simbólico, pois, ao longo da vida, a criança quando crescer descobrirá que o "dragão" (ou a bruxa)na realidade vive dentro dela e que ela precisará ser muito virtuosa no caminho do autoconhecimento e do autocontrole.

               

     
      O príncipe encantado não é o alvo absoluto das histórias. Ele é apenas o arquétipo yang e solar nessa jornada toda. Quem não mergulha na linguagem simbólica dos arquétipos pode se perder em paranoias da superficialidade literal. Além do mais, as princesas não causam a imposição de "padrões". Muito pelo contrário, eu admiro as princesas justamente por elas terem rompido com o status quo em todas as suas histórias. Branca de Neve estava aparentemente fadada a sofrer nas mãos de uma madrasta, mas soube contornar o seu destino com a ajuda de sete anões mineiros. No mínimo, isto é bastante diferente, original e progressista. ;)
      Ariel estava fadada a ser uma sereia para o resto da vida sem poder experimentar a vida humana, mas ela rompeu o status quo e decidiu viver conforme a sua vontade, sacrificando-se em prol da liberdade. Paradoxal pensar que sacrifício tem a ver com liberdade, mas historicamente a liberdade somente foi conquistado com muitos sacrifícios. :)
    Bela estava fadada a uma vida pacata e solitária em uma aldeia francesa, um ambiente repleto de preconceitos, hipocrisias e incompreensões, mas soube seguir a voz de seu coração e lutar corajosamente pelo seu pai e por seus ideais. O amor puro por uma Fera tornou a sua jornada mágica, eis que a força de seu sentimento foi capaz de construir uma nova história para ela e para o ser dentro da Fera. Ela rompeu com o status quo e com todos os padrões possíveis, sendo muitas vezes vista como "esquisita" pelos ignorantes moradores de sua aldeia.
             
                

     
     Para quem adora "caçar" supostas mensagem subliminares, há uma mensagem bastante profunda e virtuosa escrita no vitral do castelo da Fera no início do filme: "Vincit qui se vincit". Esta frase exposta em uma faixa sob os pés do príncipe na gravura do vitral significa (traduzindo do latim para o português): "Vence quem se vence". Curioso, não é? Reforça a minha tese de que os contos de fadas auxiliam o nosso autoconhecimento, pois, ao assistir a jornada das princesas, captamos acerca da nossa própria jornada real. Os contos estão muito além da fantasia, eis que trazem símbolos que representam a realidade.   
     E o que dizer de Mulan? Considero esta princesa a versão chinesa de Joana d'Arc! Em uma época em que uma mulher somente poderia trazer honra à família através de um bom casamento, Mulan trouxe honra à família e à China vencendo uma guerra! Diante da casamenteira, Mulan comportava-se de maneira inconformada e rebelde. Ao invés de se concentrar nos ensinamentos de "boas maneiras", Mulan refletia sobre outros assuntos, demonstrando a sua habilidade lógica ao interferir num jogo de tabuleiro que ocorria entre dois homens logo no início do filme. Ela demonstrou que a mulher também tem força, garra, habilidades lógicas e estratégicas. Afinal, quem salvou a China e o seu Imperador foi a guerreira Mulan com todas as suas estratégias inteligentes.
         Uma análise mais profunda acerca das princesas enxergaria muitos elementos de defesa à autodeterminação da mulher e à liberdade de escolha na vida. Tais elementos estão mais presentes do que vocês imaginam. Todas essas princesas da lista não representam mulheres submissas ou dominadas nem defendem "padrões". Muito pelo contrário, essas princesas foram mulheres que escreveram a sua própria história e que sempre optaram pelos caminhos mais difíceis que são os caminhos das lutas pela realização dos sonhos. Elas poderiam ser inertes diante dos obstáculos e do status quo, mas elas decidirem ir além do comum e do esperado com força e coragem. Juntando as pedras do caminho, elas foram construindo o seu "castelo" de vida plena. Os sonhos delas se realizaram não por causa de uma magia fortuita, mas por causa da persistência, da virtude e do amor.
         A persistência aliada à virtude faz mágica em nossa vida. Além do mais, de acordo com as minhas convicções filosóficas e espirituais, as princesas personificam a sabedoria daquela célebre frase do mestre Osho: Opte por aquilo que faz o seu coração vibrar… Apesar de todas as consequências.

  Após esta larga introdução de uma poetisa que se empolga escrevendo hehehe, eis aqui o texto "10 melhores princesas da Disney" de Mateus Ernani Heinzmann Bulow:


 

Sobre essa lista:
  
    A palavra “príncipe” vem do latim “princeps”, cuja tradução literal seria “primeiro cidadão”, ou “o encarregado de guiar”. O vocábulo evoluiria para príncipe no português, e seu significado seria mudado para denominar monarcas de menor grandeza, e também para o herdeiro aparente do trono, em oposição aos infantes (filhos de um monarca, porém sem atribuição na linha sucessória). O termo feminino para príncipe é princesa, e é sobre essa palavra que iremos tratar esta lista. 
   Não deixa de ser curioso que as princesas da Disney apareçam apenas em meu último ranking, pois elas compõem talvez a mais reconhecível faceta da empresa, atrás apenas de Mickey e sua turma. Desde os primórdios de seus trabalhos, Walt Disney tinha os contos de fadas como suas principais referências, e apesar de trabalhar com folclore de outras nações, as suas princesas são reconhecíveis até hoje. Quando os contos dos irmãos Grimm, de Hans Christian Andersen e de Charles Perrault são relembrados, muito provavelmente as primeiras imagens na mente serão as interpretações de seus protagonistas conforme as animações da Disney, em especial as mulheres.
   Apesar de comporem uma franquia dentro da própria empresa, as princesas da Disney contam com diversos traços únicos, não apenas em seu físico, porém em sua personalidade. Algumas são muito sonhadoras, outras são realistas; algumas são mais corajosas, outras se destacam pela linda voz, ou por seus dotes intelectuais. Mesmo com todas as discrepâncias, é possível identificar ao menos um traço comum entre as personagens: Todas elas buscam “algo a mais”, algo que elas não possuem, porém não entendem completamente. Muitas vezes a busca leva a resultados inesperados, porém igualmente bons para elas, e nesse ponto elas se assemelham à jornada clássica do herói em busca dos seus objetivos.
   Para compor este ranking, procurei por princesas de todos os períodos históricos da empresa, e até mesmo tomei a liberdade de romper algumas de minhas regras adotadas nas listas anteriores, adicionando não apenas dois filmes realizados em computação gráfica, como também um filme feito com atores de verdade. Naturalmente, haverá spoilers (revelações acerca do enredo). A lista conta com a presença de princesas de sangue real, bem como protagonistas que ganharam seus títulos por meio de casamento com príncipes. Sem mais delongas, entrem na carruagem de abóbora (ou se preferirem, subam no tapete voador...) e se preparem para a viagem!




10 – Branca de Neve.


Filme: Branca de Neve e os Sete Anões.



 
   Se nós estamos fazendo uma lista com as princesas da Disney, melhor iniciar com a responsável pelo surgimento da franquia. A menina órfã, salva pela piedade de um caçador e pela hospitalidade dos sete anões mineiros, talvez seja a protagonista de contos de fada cuja essência foi mais preservada na transposição para o cinema animado. O sucesso absoluto dessa animação de 1937, onde Walt finalmente conseguiu fazer personagens humanos mais próximos da realidade, também catapultou de vez o pequeno estúdio de animação.
   Fala-se muito na questão de Branca de Neve ser “bela, recatada e do lar” como um aspecto negativo (o movimento feminista dava seus primeiros passos, na época), porém os críticos ignoram a situação da personagem: Forçada a abandonar seu lar e a se refugiar em uma floresta assustadora, sua única salvação apareceu ao encontrar uma casa aparentemente abandonada, onde ela poderia utilizar seus dotes na cozinha e na limpeza. Mesmo sendo carinhosa com os sete anões, Branca lhes dava leves “puxões de orelha” pela falta de capricho à mesa e seus descuidos na higiene. Durante o curto período vivendo com eles, a princesa fugitiva era, sem dúvida, a autoridade maior na casa.

  




     Outra característica relevante está na capacidade dela para “conversar” com os animais, mesmo não falando a língua destes. Durante diversas ocasiões é possível vê-la atuando junto a diversos bichos, tais como passarinhos, coelhos e até mesmo veados, para lidar com as tarefas domésticas. Tais habilidades com animais de certa forma a aproximam de um druida, uma classe comum em jogos de RPG de fantasia, cujos poderes se baseiam em controlar a natureza.
    Um fato curioso a respeito da primeira exibição nos cinemas na década de trinta diz respeito ao final da história: Como o castelo do príncipe aparentava flutuar no meio das nuvens, muitas pessoas saíram emocionadas da exibição, crendo que Branca de Neve havia sido levada aos céus após morrer com o veneno da maçã, e o príncipe seria o seu anjo da guarda. Tal teoria não se sustenta, felizmente, afinal estava escrito no livro de feitiços da Rainha Grinhilde que um beijo de amor poderia salvá-la do feitiço. Por iniciar uma tradição dentro das animações da Disney, ao ponto de definir a própria história da empresa, Branca de Neve está nessa lista.


9 – Anna.


Filme: Frozen – Uma Aventura Congelante.


    Minha primeira “infração” à regra da presença exclusiva de animações tradicionais ocorre agora, com uma representante, digamos, fora dos padrões em vários aspectos. Anna, a irmã mais nova de Elsa, já começou rompendo o padrão ao não se mostrar tão perfeitinha como costuma ocorrer com outras princesas, sendo por vezes impulsiva, ingênua e até meio briguenta, capaz de derrubar um homem com um soco, e nocautear um lobo com o auxílio de um bandolim. Mas o que realmente é digno de nota está na forma como Anna encontraria o amor, não na forma de romance, e sim por meio de sua irmã.
    Apesar de Elsa ter sido obrigada a se isolar de tudo e de todos, devido à condição instável de seus poderes, a rainha de Arendelle (um reino claramente inspirado na Noruega do Século XIX) sempre foi uma presença importante na vida da irmã mais nova. Esse convívio afetuoso, apesar de marcado pela falta de contato físico, é a mola propulsora do filme: Quando todos em Arendelle estavam apavorados com os poderes de gelo demonstrados por sua rainha, sua irmã foi a única a não demonstrar medo, e ainda se meteu a procurá-la nas montanhas, mesmo usando apenas um vestido curto (e você aí reclamando da friagem que vai de junho até setembro...).



    É interessante notar que em Frozen não temos apenas um personagem passando por uma jornada de herói: Nada menos que três personagens atravessam por uma jornada similar, sendo eles Anna, Elsa e Kristoff, o cortador de gelo cuja única companhia é uma rena. No final, o que os manteria unidos seriam suas próprias buscas pessoais: Anna queria trazer a irmã de volta, Elsa desejava reparar os danos causados por seus poderes, e Kristoff se juntou à princesa ruiva como forma de pagamento pelos suprimentos de inverno. Mais tarde, a relação entre ambos evoluiria para um romance, sem atropelos. Por demonstrar que antes do amor romântico, todos passamos pelo amor de irmãos, e também por sair de alguns padrões comuns às histórias da Disney, mas ainda manter sua essência, Anna está na lista.


8 – Ella.
Filme: Cinderella (remake de 2015).


   E agora vamos ao meu segundo “pecado” nessa lista, talvez ainda mais surpreendente, em se tratando de um remake de um dos filmes mais amados da história. Claro, minha intenção não é comparar ambas as obras, mas admito que eu gostei mais do remake, talvez por ser fiel à obra original e ainda possuir personalidade própria ao desenvolver a história, assim como sua heroína e o príncipe.
    Nada contra a protagonista da versão original, mas a primeira Cinderella parecia sempre apagada diante do excesso de personagens secundários, enquanto na versão mais recente eles ainda cumprem com seu papel na história, porém sem sobrecarregar o foco sobre a protagonista. Em comparação com a sua, digamos, “matriz”, Ella possui mais momentos com sua mãe, que a ensinou a acreditar em mágica, a nunca esmorecer diante das dificuldades, e também a nunca deixar de lado atitudes simples e de gentileza.
  

 
   Uma das críticas a esta nova Cinderella está no fato de ela ser uma mulher adulta quando ficou órfã, porém ainda aturar todas as humilhações de sua madrasta e de suas irmãs como se fosse uma criança, sem ao menos tentar sair de sua condição. Levando em conta os costumes da época em que se passa o filme, em meados do século XVIII, não seria uma boa ideia para a protagonista simplesmente fugir de casa: Não apenas perderia quaisquer chances de recuperar a casa de seu pai das mãos de Lady Tremaine, como também correria o risco de ser ainda mais maltratada em outros lugares (mulheres fugitivas naquela época eram um prato cheio para todo tipo de malfeitor).
    Talvez o mais importante desta nova Cinderella seria a mensagem de que mesmo a magia nunca é dada de graça, assim como tudo na vida: A Fada Madrinha desta versão apenas decidiu ajudá-la ao ver que as adversidades da vida não mudaram sua faceta gentil, ao pedir uma concha de água do poço. O espírito de não-agressão por parte de Ella também se mostraria ao responder às agressões de Tremaine da forma mais inesperada possível, com o perdão por tudo o que sofrera. Por demonstrar que o que ocorre em seu caminho é resultado de suas ações, sejam elas boas ou más, Ella está nesta lista.

7 – Rapunzel.

Filme: Enrolados.



  Nossa sétima colocada possui a honra de ser a primeira princesa da Disney a ter um filme realizado totalmente em computação gráfica, além de ser a primeira a contar com habilidades mágicas, nesse caso, um cabelo capaz de retardar o envelhecimento e curar feridas. No entanto, não são estas as características que devem ser destacadas aqui, e sim o modo como ela encontraria a felicidade: Sendo livre.
   Após ser seqüestrada por Gothel ainda criança, Rapunzel viveu de forma solitária até os dezoito anos de idade, quando a chegada de um forasteiro chamado Flynn a levaria a conhecer o mundo fora de sua torre. Embora amasse muito Gothel, a qual considerava uma mãe, a menina de longos cabelos dourados nutria grande curiosidade pelo mundo exterior, e não pensa duas vezes antes de explorá-lo, quando surge a oportunidade.


    Apesar de ser mais um filme centrado em uma princesa, “Enrolados” não possui tal título à toa: Tanto Flynn como Rapunzel são personagens passando por suas próprias jornadas de descobrimento (a explicação oficial do marketing da Disney foi porque um título sem o nome da princesa atrairia tanto os meninos como as meninas). Enquanto Flynn buscava sua própria identidade, ao ponto de inventar um nome falso, Rapunzel desejava conhecer o mundo fora de sua torre. No final, ambos conheceriam a si próprios, “desenrolando-se” de seus temores e suas angústias.
    O sol é uma constante na vida de Rapunzel, afinal seus poderes são derivados de uma flor que é a própria personificação do corpo celeste na terra. Esse mesmo poder, entretanto, se perderia no final, e seu cabelo foi cortado por Flynn, tornando-se castanho (admito que ela ficou mais bonitinha com o cabelo mais curto e escuro...). Apesar de ter perdido para sempre os seus poderes, tal mudança significaria sua libertação: Gothel perdeu sua fonte de juventude eterna, e a princesa finalmente estaria livre de sua influência e retornaria ao reino. Por nos relembrar que a verdadeira felicidade reside na liberdade, Rapunzel está nesta lista.

6 – Ariel.

Filme: A Pequena Sereia.


    Nossa única representante não-humana na lista poderia se vangloriar de ter reiniciado a antiga glória da Disney, pois seu filme deu o pontapé inicial para a chamada “renascença” do estúdio, mas existem outros motivos pelos quais decidi deixá-la em uma posição levemente mais elevada nessa lista. Ironicamente a posição de Ariel se deve tanto aos seus defeitos como às suas virtudes: Ao mesmo tempo em que ela se mostra infantil e rebelde, a Pequena Sereia também demonstraria capaz de se redimir de seus erros.
   A filha do rígido e teimoso Tritão, o rei de Atlantica (não confundir com a Atlântida do filme Atlantis), já demonstraria sua tendência à rebeldia logo no início do filme: Enquanto suas irmãs se preparavam para uma apresentação em um concerto, Ariel se aventurava por entre os diversos navios naufragados ao redor de seu reino, procurando por objetos criados pelos humanos, o “povo da superfície”. Ao contrário de seus conterrâneos, temerosos da capacidade destrutiva dos humanos, Ariel os via com curiosidade, além de admirar sua inventividade para conceber diversos objetos estranhos.
    Sua curiosidade evoluiria para uma paixão arrebatadora após salvar um príncipe humano chamado Eric de um naufrágio. Decidida a encontrá-lo na superfície, Ariel concorda em vender sua voz para uma feiticeira chamada Úrsula, em troca de um par de pernas (ela literalmente criou um novo significado para a expressão popular “isto me custou um braço e uma perna...”). A sua adaptação ao mundo terreno ocorreria graças à ajuda de Eric, com diversas cenas hilárias: O que dizer de Ariel utilizando um garfo para se pentear? Ou fumando um cachimbo pela primeira vez?


   
    Os momentos felizes não durariam muito tempo: Úrsula decide atrapalhar o romance por meio de um disfarce, e utiliza a própria voz de Ariel para enganar Eric, e apenas com a intervenção de diversas criaturas marinhas seria possível revelar a fraude, embora Ariel voltasse a ser uma sereia. No entanto, o contrato ainda está sob validade, o que obriga Tritão a relutantemente entregar seu tridente à feiticeira do mar, e apenas a intervenção fortuita de Eric salvaria a todos, empalando Úrsula com o mastro de um navio naufragado.
    Analisando a história de Ariel, no final o que ela realmente buscava não era o amor, e sim a liberdade. Tritão, apesar de amoroso com sua filha, também agia com certa rispidez, como fica claro na cena onde ele simplesmente destrói as quinquilharias acumuladas por Ariel em suas expedições aos naufrágios. Sentindo-se atingida, ela começaria sua jornada entre o mar e a terra, e mesmo com seus equívocos, ela alcançaria um final feliz, transformada definitivamente em uma humana. Por mostrar que mesmo a busca pelo amor verdadeiro envolve sair da zona de conforto, e que devemos aprender com os erros, Ariel está na lista.

5 – Jane Porter.
Filme: Tarzan.

  

      Nossa quinta colocada não se encaixa nas concepções tradicionais a respeito de uma princesa, e sua presença em quinto lugar certamente causaria espanto entre alguns leitores. Tendo em vista que uma das denominações dadas a Tarzan é a de “Príncipe dos Macacos”, e também levando em consideração a publicação “Os Signos das Princesas”, não está incorreto nominá-la como se fosse uma delas.
    A filha do professor Arquimedes provavelmente foi recebida com espanto ao aparecer na expedição pelas selvas, afinal era a única mulher no grupo, composto quase exclusivamente de marinheiros e caçadores. Embora suas habilidades de exploradora fossem limitadas (usar um vestido longo no meio da mata também não ajudava muito...), Jane era curiosa a respeito do mundo que se apresentava à sua frente, desenhando tudo o que pudesse. Uma encrenca envolvendo uma turba enfurecida de babuínos a apresentaria a Tarzan, e dois mundos novos se abririam para ambos.



 
   
    Em minha lista dos heróis, destaquei o fato de que Tarzan necessitou se deslocar entre dois mundos distintos em busca de seu lugar, mas esta regra de certa forma também se aplica a Jane. Ambos os personagens descobririam mais a respeito de si ao encontrar novas experiências, e o que era o habitual para um era completamente alheio ao outro: Jane vivia na civilização, e buscava saber mais a respeito dos gorilas, enquanto Tarzan, habituado à selva, se deslumbraria com as maravilhas da tecnologia e da ciência do final do Século XIX. Nesse ínterim, eles também conheceriam mais a respeito de um e outro.
     Quando Tarzan escolhe acompanhar Jane de volta à Inglaterra, uma reviravolta revela as reais intenções da expedição, e ambos precisam juntar forças com outros animais para salvar o bando dos gorilas. Ironicamente, essa última batalha levaria a outra reviravolta, com Jane decidindo ficar na selva, acompanhada de seu pai, e adaptando-se ao seu próprio modo à vida em uma região inóspita, como a série animada do Tarzan mostraria mais tarde. Por nos lembrar que mesmo nas dificuldades sempre valerá a pena passar junto de quem amamos, Jane está nesta lista.

4 – Jasmine.

Filme: Aladdin.


 
    Nossa quarta colocada na lista talvez seja a primeira princesa a não ser a protagonista da história, entretanto talvez seja uma das personagens femininas mais fortes dentro do universo da Disney. Jasmine revelaria sua personalidade logo no início do filme do Aladdin, nas palavras de um pretendente rejeitado, que ao sair do palácio real de Agrabah alertou o Sultão a respeito da dificuldade em arranjar um par perfeito para ela. Não deixa de fazer sentido, afinal o que dizer de uma garota com um tigre de estimação?
   Apesar de ter sido criada em uma corte luxuriosa, Jasmine não se sentia à vontade no palácio, e desde a infância procurava por aventuras de todo tipo, muito para o desespero de todos na corte. Sua fuga do palácio a levaria a conhecer o “mundo lá fora”, bem como a um certo rapaz, cuja sede de aventura se igualava à dela... Mais tarde, a princesa o veria mais uma vez sob um disfarce de príncipe, entretanto ela não demoraria a descobrir a armação.





   Jasmine talvez seja uma das princesas mais ativas nos filmes (em se tratando de um país muçulmano, como é o caso de Agrabah, isso é algo ainda mais surpreendente...). Na série animada, fica bem claro que tanto ela como seu pai dividem o governo do reino de Agrabah, e mesmo no filme ela demonstraria um raciocínio aguçado para lidar com situações adversas, usando até mesmo a atração de Jafar por ela, a fim de distraí-lo enquanto Aladdin recuperava a lâmpada das garras do feiticeiro.
    Algumas curiosidades a respeito de Jasmine dizem respeito à sua inspiração original, no conto das Mil e Uma Noites: Na história de Aladdin e a Lâmpada Maravilhosa, a princesa possuía o complicado nome de Badroulbadour, uma palavra cujo significado em português seria “Bela como a Lua”, e acertadamente decidiu-se pela simplificação do nome. Por ser uma personagem forte que se destaca pela inteligência e pela coragem, muito antes pelo fato de ser uma princesa, Jasmine está nessa lista.

3 – Belle.

Filme: A Bela e a Fera.


 
 “Não é à toa que seu nome é ‘Bela’, sua beleza não tem paralelo em nossa vila...”
  “Bem, eu temo que no fundo ela não se pareça em nada conosco...”
    Esse pequeno trecho de uma conversa cotidiana entre dois moradores de uma pequena vila no interior da França deixa bem claro a personalidade dessa moça. Belle (apesar de chamada de “Bela” na dublagem, prefiro usar o nome original) era reconhecida por diversas qualidades, mas estas eram vistas como esquisitices por partes de seus conterrâneos.
     Seus maiores interesses eram os livros e as histórias contidas neles, e para o espanto geral, ela não demonstrava nenhum interesse em Gaston, o idolatrado e experiente caçador local. Durante sua estadia na vila o seu calejado pai, chamado Maurice, seria o seu único apoiador, afinal ambos compartilhavam de grande imaginação e criatividade, ao ponto de criarem máquinas movidas a vapor para facilitar a vida dos moradores, sem muito sucesso.
     Em uma de suas viagens, Maurice acabaria aprisionado em um sombrio castelo aparentemente abandonado, porém de propriedade de um monstro horripilante. Para resgatar seu pai, Belle concorda em assumir seu lugar, muito para o espanto (e desgosto) de Maurice. Após seu resgate de uma matilha de lobos, a moça e o estranho monstro peludo iniciariam um curioso relacionamento, marcado por diversos conflitos e atritos, porém este estranho convívio logo não demoraria a evoluir para uma relação afetuosa, em parte devido à ajuda dos criados de Fera/Adam.

  


 
   Desde sua concepção, alguns fãs apelidaram Belle como “a primeira heroína nerd da Disney”, devido aos seus gostos peculiares e ao seu vocabulário por vezes rebuscado. Apesar de esta ser sua principal característica, algumas das qualidades de Belle vão além de seu vasto conhecimento. A garota havia demonstrado sua coragem ao decidir trocar de lugar com seu pai no cativeiro, apesar de aterrorizada não apenas pela aparência da Fera, como também devido ao próprio estado do lugar, repleto de estátuas de monstros e gárgulas.
   Pode se afirmar que Belle, apesar de não ser uma lutadora, é uma das mulheres mais corajosas da Disney, pelo simples fato de manter uma conversa em pé de igualdade com a Fera, uma criatura já acostumada a levar a melhor em tudo, e não ser contrariada em hipótese alguma. Devido ao modo de lidar com um selvagem, e também às notáveis semelhanças físicas e intelectuais, existe uma teoria entre os fãs de que Jane Porter seja descendente de Belle e Adam, afinal ambas as princesas possuem traquejo com sujeitos brutos e os apresentam a outro mundo até então desconhecido por eles. Por mostrar que a maior e mais eficaz das forças nem sempre estará no físico e sim na coragem de peitar ofensores, e também por se manter firme ante as adversidades, Belle está em terceiro lugar.

2 – Tiana.

Filme: A Princesa e o Sapo.


 
    A jovem garçonete de Nova Orleans sonhadora e batalhadora poderia se vangloriar meramente por trazer mais uma vez à tona uma tradição de longa data da Disney, porém existem diversos pontos de destaque, e curiosamente boa parte deles é mundana, dizendo muito a respeito da vida cotidiana. Esforçada e determinada às raias do limite, Tiana nunca acreditou em mágica, e sim no trabalho duro, isso até uma noite fatídica, onde vodu e um príncipe fugitivo a levariam a uma aventura inesquecível.
   Na época em que foi lançado, A Princesa e o Sapo chamou a atenção por sua protagonista ser a primeira princesa negra da história da Disney. Sem dúvida isso é digno de nota, porém essa lógica equivaleria a reduzir outras personagens a estereótipos físicos, tais como “Branca de Neve foi a primeira princesa branca”, “Ariel foi a primeira protagonista da Disney a ser uma sereia” e “Jasmine foi a primeira princesa árabe”. Durante boa parte de sua aventura pelos pântanos do sul dos Estados Unidos, Tiana esteve transformada em um sapo, assim como Naveen, o príncipe folgado obrigado a tomar vergonha na cara e a finalmente assumir responsabilidades. Pode se concluir que o aspecto físico da personagem em sua forma humana não é exatamente o ponto mais importante da história.

 

  
      Falando em transformações, mais uma vez entramos na concepção dos “mundos opostos”, onde para haver mudanças, um determinado personagem deve adentrar territórios desconhecidos e provar sua coragem e seu valor. Tanto Naveen como Tiana tiveram de passar por diversos desafios enquanto fugiam de caçadores e também do terrível Doutor Facilier, um feiticeiro vodu que contava com a ajuda de “amigos do outro lado”. Ironicamente, enquanto Naveen teve de aprender a ser mais “pé no chão” e descer de seu pedestal, Tiana se viu obrigada a depender de magia, algo no qual nunca acreditou. A magia no qual a garota se veria envolvida dizia tanto a respeito das transfigurações em sapo como também em não deixar as dificuldades em seu caminho esmagarem seus sonhos.
      O clímax da luta contra o Doutor Facilier ocorreria de forma inusitada, dentro de uma ilusão criada por sua magia. Diante da possibilidade de obter o seu próprio restaurante, o grande sonho de sua vida, e também devido ao medo de nunca mais voltar a ser uma humana, Tiana sente-se impotente diante da amedrontadora figura de Facilier, desejoso de recuperar um amuleto que o faria muito poderoso. No entanto, ao se lembrar dos sacrifícios de seu pai, e de como ele jamais aceitaria tal proposta, ela destrói o amuleto, encerrando de vez a sua ameaça sobre Nova Orleans.
      A forma como Tiana e Naveen retornariam às suas formas originais ocorreria de forma inesperada, com o casamento de ambos. Como ela se tornou uma princesa, a maldição enfim foi quebrada, e ambos iriam atrás do sonho de montar um restaurante em Nova Orleans. Por trazer de volta uma tradição que se confunde com a própria história da Disney, e também devido à sua própria personalidade forte, pragmática e determinada, Tiana está em segundo lugar nesta lista.
    

1 – Mulan.

Filme: Mulan.


 
   “Você não encontra uma mulher como essa em todas as dinastias”.
        
     A fala do imperador da China descreve de forma sucinta a nossa primeira colocada, mas é necessário ir um pouco mais além ao descrever essa personagem, a meu ver a mais interessante princesa da Disney, e também uma candidata à minha lista anterior dos seus maiores heróis. Como diz o ditado, quem espera sempre alcança...
      Inicialmente apresentada como a única filha de uma família de agricultores de uma pequena província rural, Fa Mulan (seu nome completo) teve de assumir também o papel de “filho mais velho”, devido à idade avançada de seus pais. Suas mancadas em uma cerimônia a deixariam abalada, mas nada se compararia a ver seu próprio pai se voluntariar ao exército chinês, a despeito de sua velhice. Desejosa de evitar a morte dele em batalha, e também salvar a honra de sua família, a garota decide tomar sua armadura e assume a identidade de Ping, passando-se por um homem.
       Sem dúvida, o melhor trecho de Mulan se trata do duro treinamento dos soldados, combinando diversos momentos cômicos, a determinação de todos eles em se provar capazes para o serviço, e uma música memorável. É muito interessante ver as interações entre Mulan e outros soldados, e também como estes a defenderam de Li Shang, o rígido comandante das forças chinesas, ao descobrirem que ela era uma mulher.
        
  


  
       A fonte de inspiração de Mulan talvez seja a mais antiga entre todas as princesas: O nome original da mulher que entrou no exército era Hua Mulan, e uma balada popular a respeito de sua existência surgiu durante o início da Dinastia Sui, descrevendo-a como uma jovem que entrou no exército para enfrentar os Xiongnu, também chamados de “hunos”. Para se ter uma ideia de quão antiga é sua lenda, a guerra entre os chineses e os Xiongnu aconteceu enquanto Jesus pregava na Judéia! A própria China retratada no filme, entretanto, possui influência de diversos períodos históricos do país, tais como a presença de fogos de artifício e foguetes militares surgidos durante o século XIII, e a Cidade Proibida, construída em 1406.
     É curioso notar que o único personagem a não subestimar as mulheres durante toda a história se trata justamente do vilão. Enfurecido pelas derrotas humilhantes sofridas nas mãos de um único soldado, Shang Yu não se surpreende ao constatar que Mulan se tratava de uma mulher, e se compromete a eliminá-la quando surge a chance. Felizmente, Mushu e alguns quilos de fogos de artifício foram o suficiente para derrotar o truculento chefe huno.
     E como estamos chegando ao final, nada como uma recapitulação: Sem dúvida, Mulan foi a primeira princesa a tomar o caminho das armas, porém isto não significa que ela foi a primeira personagem feminina forte, como provam os exemplos de Belle, Jasmine e Ariel, suas antecessoras. Mesmo Branca de Neve, tida como passiva, mostraria sua força interior pelos seus próprios meios, e não há nada de errado nisso. Em uma época em que o feminismo assume contornos cada vez mais agressivos e se confunde com o próprio ódio aos homens, relembrar mulheres que se mantiveram firmes e não perderam sua essência feminina continua a ser algo importante. Por lutar pela defesa da sua família e de sua pátria sem perder sua essência feminina, Mulan está em primeiro lugar na lista de princesas da Disney.



 Mateus Ernani Heinzmann Bulow.













 




































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