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domingo, 13 de dezembro de 2015

10 maiores vilões da Disney.

  Olá, Pessoal! Hoje a postagem é referente a mais um texto escrito pelo meu amigo escritor Mateus Ernani Heinzmann Bulow que preparou, gentilmente, ao Recanto da Escritora um Ranking com os 10 maiores vilões da Disney.  Sou fã de Walt Disney e diversas vezes fiz análises arquetípicas, astrológicas, místicas e psicológicas acerca das Animações Disney no Blog, as quais, muito embora sejam dirigidas ao público infantil e jovem, transmitem mensagens iluminadas e maduras para os adultos com um olhar mais atento, sensível e perceptivo.
   A postagem a seguir foi incrivelmente bem escrita por Mateus, que conseguiu fazer altas análises arquetípicas e, inclusive, psicológicas dos vilões Disney com muitas reflexões nas entrelinhas acerca das diversas faces do mal em nossos dias. Além da profundidade, a postagem consegue ser leve e repleta de pitadas de bom humor :).
    Eis logo abaixo o texto de Mateus exatamente como ele escreveu. Apenas acrescentei vídeos das cenas onde aparecem os vilões ;).

  Confiram!

  


Sobre essa lista:

                “Não existem heróis sem vilões”. Essa é uma máxima adotada pela arte da ficção desde os seus primórdios, com as poesias épicas e as histórias ao redor da fogueira, contadas em noites frias e assustadoras. Os tempos passam, a tecnologia evolui, mas a luta entre o certo e o errado continua, apenas por outros meios e personagens.

                Inspirado pelo teatro, o cinema levaria os antigos arquétipos das histórias de heroísmo e vilania para as telas, alcançando um número de pessoas que o teatro e a literatura jamais alcançaram, além de popularizar diversos personagens icônicos. Como pioneiro da animação nos Estados Unidos, e também no mundo, Walt Disney não poderia ser deixado de lado nessa história, afinal sua imaginação e dedicação legaram personagens icônicos e reconhecidos nos quatro cantos do mundo.

                A presente lista conta com um número decrescente, indo do “menos pior” até o mais terrível vilão das animações feitas pela Disney. Deve se deixar claro que se trata de uma lista pessoal, mas sugestões são bem vindas nos comentários, e também é necessário avisar que tal lista conta com spoilers (revelações acerca do enredo), embora eu creia que a maior parte dos internautas conheça tais obras, ou ao menos saiba como elas acabem.

                Para compor essa lista, eu utilizei antagonistas do período inicial dos estúdios Disney, até a chamada “renascença” dessa empresa, totalizando uma época que segue de 1937 até o final dos anos 90. Outra regra adotada foi utilizar apenas filmes realizados em animação 2D tradicional, dessa forma os filmes da Pixar não aparecerão aqui, bem como os filmes realizados em 3D pela própria Disney, ou os filmes com atores.

                Com todas as regras e critérios dispostos, eu apenas faço um último alerta: Todo cuidado é pouco para sair com vida desta leitura...


10 – Gaston.

 

Filme: A Bela e a Fera.
 
 
 

Pegue uma boa quantia de narcisismo, prepotência e falta de bom senso, misture com músculos e você terá Gaston. O caçador local da vila onde Belle e seu pai vivem também é o herói da região, admirado por todos os aldeões, em especial as garotas solteiras, mas não possui reais atributos além de sua força física e pontaria. Em tempos remotos, Gaston seria quase um herói, mas hoje ele provavelmente seria uma caricatura perfeita do “playboy” moderno, com camiseta polo aberta na gola e tocando som alto no carro, provavelmente uma camionete rebaixada (rebaixar camionetes deveria ser crime hediondo...).

 
 
 
Apesar de desprezar o conhecimento e ver a paixão por livros como algo inútil, Gaston é esperto e observador, e não demora a utilizar a desconfiança dos aldeões contra a Fera em proveito próprio, quando enxerga as vantagens ao seu lado. Isso acabaria por ser sua ruína, pois apesar de suas capacidades avançadas como caçador, ele não seria capaz de derrotar Fera, e pagaria com a própria vida por sua deslealdade. Por ser praticamente um anti-herói seguindo seus próprios interesses, e também por inverter a própria imagem tradicional dos heróis do passado, Gaston merece um lugar nessa lista.
 
*Uma das frases mais marcantes de Belle é quando ela diz a Gaston, referindo-se à Fera: -- Ele não é monstro, Gaston. Você é!
 
Cena de Gaston:
 
             
                            

9 – Rainha Grinhilde.
 
Filme: Branca de Neve e os Sete Anões.
 
 
 

Se multiplicarmos a vaidade e o ego por mil vezes seguidas, ainda não alcançaríamos a cruel e egoísta Rainha Grinhilde. Sua vida se resume em ser a mais bela, e nós nem ao menos somos informados durante a história de como vão seus súditos ou mesmo a respeito das finanças do reino. Desconfio que o reino não esteja nada bem, pois os seus cenários sempre aparentavam estar abandonados, como se a maior parte dos cidadãos tivesse fugido de medo, ou morrido durante os acessos de fúria da rainha.

 
 
 
 Sua obsessão em superar Branca de Neve motivou Grinhilde a mudar sua própria aparência para, ironicamente, se transformar em uma bruxa de aspecto apavorante, e tentar matá-la com veneno em uma maçã. Outro aspecto irônico de sua vaidade excessiva foi o seu berro de triunfo com a morte aparente da protagonista: A rainha exclama, entre risadas, “Agora sou a mais bela de todos!”... Porém ela continua transformada em velha!
  Não deixa de ser divertido pensar que o infortúnio de ser superada por Branca de Neve no quesito de beleza talvez tivesse ocorrido por um erro de interpretação: Quando o espelho (descrito como um escravo preso em seu interior) disse que a jovem menina “era a mais bela de todas”, talvez se referisse à sua bondade e falta de malícia, e não à sua aparência física. Por representar a vaidade em seu estado puro e mais brutal, Grinhilde não poderia ficar de fora.
 
Cena da Rainha Grinhilde transformando-se me velha para levar a maçã envenenada à Branca de Neve:
 
 
 
 
8 – Lady Tremaine.
 
Filme: Cinderella.
 
              


 

     Se Gaston era uma caricatura perfeita de sujeitos arrogantes e prepotentes, nossa “oitava colocada” se encaixa em outro tipo de pessoa que se esconde sob as aparências. Lady Tremaine, muita vezes chamada apenas de madrasta malvada em algumas traduções, é um resumo bem acabado de mulheres cuja vida se resume a títulos e mais nada.
    Quando não está tramando um bom casamento para suas duas filhas, Anastácia e Drizela, Tremaine se ocupa de tornar a vida de Cinderella um calvário, sobrecarregando-a com todo o trabalho doméstico e pesado dentro da suntuosa casa onde vivem, desde que o pai da garota faleceu. Sem dúvida, Tremaine não sabe que o trabalho, ao invés de diminuir, apenas fortalece o espírito: Mesmo com toda a humilhação e dificuldade, Cinderella continua com seu espírito vivo e resistente.
 
        


 
     Diferentemente de outros vilões da Disney, Tremaine não possui quaisquer habilidades mágicas, poderes especiais ou mesmo um séquito de capangas fiéis, prontos para cumprir quaisquer ordens suas. Entretanto, ela consegue instigar medo apenas com seu mero olhar fixo e penetrante, deixando bem claro não ser flor que se cheire...
     Nos anos 90, uma novela brasileira chamada “Vale Tudo” apresentou ao público brasileiro a detestável socialite Odete Roitman. A personagem odiava pobres, além de tudo o que dissesse respeito ao Brasil, e até mesmo desprezava a própria filha e passava sobre tudo e todos em nome de poder e dinheiro, sendo praticamente uma “versão real” de Lady Tremaine. Por demonstrar que existem muitas formas de se machucar e humilhar alguém, Odete, Ops! Tremaine merece lugar nessa lista.
 
Cena de Lady Tremaine ordenando Cinderella a limpar a casa:
 
 
7 – Lyle Tiberius Rourke.
 
Filme: Atlantis, o Reino Perdido.
 
 
 
   O líder da expedição rumo à cidade perdida de Atlântida também é, ironicamente, o grande vilão, e confesso ter sido um choque tremendo vislumbrar sua traição a Milo, o jovem detentor do Diário do Pastor, a única ferramenta capaz de levá-los até o Reino Perdido. Sua verdadeira face apenas é revelada perto do final, quando ele e seus capangas decidem levar Kira à força, rumo à superfície, privando Atlântida de sua força vital.
    Nada parecia indicar uma virada súbita até aquele momento: Como líder, Rourke era pragmático, direto e corajoso, um exemplo nato de como um bom comandante deve agir e conduzir seus homens. Um dos momentos marcantes do filme ocorre logo após a fuga do submarino sendo destruído pelo poderoso Leviatã: Rourke coloca um prato metálico com uma vela sobre a água, em homenagem aos que morreram, e faz um discurso onde enfatiza a necessidade de seguirem em frente, com todos os homens e mulheres cumprindo com as diversas tarefas da expedição, como cozinhar e dirigir os veículos. Quem poderia imaginar que tal sujeito escondia algo tão sinistro?
      
      Como é comum em psicopatas, sua verdadeira face estava escondida sob uma máscara de disciplina e dever, bem como de companheirismo, e é justamente este o primeiro aspecto a ser jogado fora por Rourke, quando ele empurra Helga, sua aliada, do balão onde estavam fugindo, a fim de aliviar o peso, ainda soltando um “Primeiro as damas!”. Antes de morrer, Helga solta um sinalizador luminoso, atingindo seu balão e arruinando sua fuga.
       Durante o combate violento e desigual com Milo, Rourke ainda comenta ser um sujeito “razoavelmente calmo”, além de parabenizar o rapaz por deixá-lo realmente furioso, deixando mais uma vez visível a sua possível psicopatia. Apesar de não ser muito forte, Milo consegue espetar um pedaço do cristal de Kira no braço do traidor, transformando-o em uma pedra e quebrando em vários pedaços. Por demonstrar que o mal nem sempre é possível de ser visto ou notado, e muitas vezes se esconde sob uma aura de abnegação e de altruísmo, Rourke não poderia ficar de fora desta lista.
 
Cena onde Rourke diz ironicamente: Have a nice swim?
 
 
 
6 – Scar.
 
Filme: O Rei Leão.
 
         

 

            “A vida não é justa, não é mesmo?”. Com essa frase icônica, Scar não apenas apareceu pela primeira vez, como também apresentou sua “filosofia de vida”, irônica e voltada apenas a servir seus próprios interesses mesquinhos. O irmão de Mufasa é um sobrevivente em vários aspectos: Não é o mais forte ou mais apto dos leões, mas foi tolerado como o conselheiro real durante muitos anos, antes de finalmente pôr o seu plano em ação.

       Embora fisicamente fraco e inapto para lutar, Scar possuía seus próprios meios de agir, juntando um grande grupo de hienas para fazer o trabalho sujo. De certa forma, sua estratégia para arregimentar seguidores não se diferencia muito de um líder populista, capaz de falar aos ressentidos e aos desprivilegiados de diferentes grupos, prometendo dias melhores sob uma nova liderança, nesse caso, a sua própria liderança.
 
        
             
     Scar possui vários atributos comumente observados em diversos vilões, porém se sobressai em uma característica, nesse caso, a lábia e a capacidade de convencer as pessoas (ou, melhor dizendo, os animais), muitas vezes falando o que elas querem ouvir. Ele não se importa realmente com as hienas, os leões, ou qualquer outra coisa, buscando apenas o poder pelo poder, inclusive matando membros de sua própria família, e soltando outra de suas frases icônicas: “Longa vida ao Rei!”
       Algumas das características de Scar são reconhecíveis graças aos seus trejeitos, muito mais esquivos e lânguidos em comparação com outros leões, tanto na fala como em seus gestos, enfatizando o perigo de se acreditar em suas palavras e promessas. Um dos temas explorados em O Rei Leão trata-se justamente de promessas que não são cumpridas, tanto por parte de Simba como de Scar, com a diferença que o filho de Mufasa recuperaria o trono, bem como a antiga prosperidade das Terras do Orgulho.
       Outro ponto a favor de Scar está em sua voz na dublagem, que no Brasil foi realizada com maestria por Jorgeh Ramos, já falecido há pouco tempo, e reconhecido por fazer diversos vilões, bem como anúncios de trailers. Por deixar clara a mensagem que às vezes o mal se esconde dentro da própria família, Scar não poderia ficar de fora.
Cena famosa de Scar cantando "Se Preparem" com a incrível dublagem de Jorgeh Ramos:
 
   
5 – Jafar.
 
Filme: Aladdin.
 
           
 
   O deserto é o lar de diversas criaturas peçonhentas: Cobras, escorpiões, aranhas... Mas uma delas se destaca em sua capacidade de envenenar suas presas. Jafar, o vizir (equivalente ao primeiro ministro em países islâmicos) de Agrabah, possui habilidades mágicas poderosas, mas nada se equipara à sua capacidade de convencer os incautos.
 
    Jafar praticamente enganou a todos no filme, em um momento ou outro, usando de seus feitiços ou sua lábia: O Sultão, Jasmine e Aladdin, sendo esse último sob o disfarce de um velho estranho. Ironicamente, a princesa de Agrabah usaria de dissimulação para derrotá-lo, em um lance desesperado, ao apelar para a sedução.
        

 
    Como marca registrada, o vizir carregava um bastão de madeira dourada, cujo topo terminava em uma cabeça de naja, em um claro reflexo de sua personalidade venenosa. Sua transformação em uma grande serpente é assustadora de se ver até hoje, embora não se compare com a transformação em um gênio maligno e corpulento, ironicamente a causa de sua ruína. Em comparação com outros vilões, Jafar não conta com uma rede de capangas ou seguidores fiéis, com exceção do seu papagaio de estimação, Iago. Em compensação, Iago ganha, de longe, em matéria de personagem mais chato já visto em uma animação da Disney, e é uma pena ter de aturá-lo na série animada do Aladdin...
     Na dublagem brasileira, Jorgeh Ramos fez mais uma vez um excelente trabalho de tradução, transmitindo com maestria a malícia e a dissimulação do terrível tirano, bem como seus raros rompantes de fúria. Devido aos trejeitos ligeiros e ao detrimento do uso de força para alcançar os seus objetivos, em nome de jogadas furtivas e dissimuladas, Jafar costuma ser comparado a Scar, o que gerou uma teoria popular entre os fãs, afirmando que ambos os vilões são encarnações da mesma entidade maligna. Tal teoria pode ter sido catapultada no Brasil, devido ao mesmo dublador.
     Em versões alternativas de Aladdin, mais precisamente os filmes avulsos, conhecemos uma parte obscura do passado do vilão: Assim como o rapaz errante de Agrabah, Jafar também já foi um menino de rua, mas sua inteligência e perspicácia o levaram ao topo da hierarquia no palácio, utilizando estratagemas desonestos para prejudicar possíveis rivais em seu caminho. Por mostrar que um indivíduo é definido pelos seus atos e escolhas, muito antes de sua origem, Jafar merece um lugar nessa lista.
 
   Cena clássica do duelo entre Aladdin e Jafar. Quem viveu a infância na década de 90 provavelmente vai se lembrar do game de Aladdin no Super Nintendo :)
 
 


 
4 – Malévola.
 Filme: A Bela Adormecida.
 
 
 
   Tudo parece ser festa e alegria, a comemoração segue bem divertida, até que então, subitamente alguém inesperado aparece na porta, em uma expressão clara de desgosto e raiva. Trata-se de uma pessoa que não foi convidada, e o constrangimento é geral. Tomada pela raiva, essa pessoa decide presentear a pessoa mais importante da festa... Com uma maldição terrível aos dezesseis anos!
   Malévola é a epítome da raiva e do rancor. Ou alguém acha “razoável” amaldiçoar uma criança, por não ter sido convidada para um batizado? Sua mera presença súbita no palácio não demora a criar um terrível mal estar em todos à sua volta (talvez não tenha sido à toa que tenham se “esquecido” de convidá-la), e apenas as três fadas não a temem. Sua proteção sobre Aurora possui efeito limitado, e cabe ao príncipe Filipe terminar o serviço, eliminando Malévola de uma vez por todas.
  

 

Diferentemente da visão tradicional acerca das bruxas, Malévola possui uma aparência elegante, embora ainda ameaçadora, similar a um grande morcego ou vampiro, e mesmo seus gestos são delicados e polidos ao lidar com outras pessoas. Como ajudantes, a feiticeira conta com um corvo chamado Diablo, além de um exército de, bem... Criaturas bípedes similares a porcos, usando armaduras e espadas.

  Assim como Jafar, vários movimentos e habilidades de Malévola são baseados em répteis, em especial sua forma final de combate: Um grande dragão negro com olhos verdes. O próprio diretor Guillermo Del Toro, grande admirador de Walt Disney, afirma que, juntamente com Vermithrax, do filme “O Dragão e o Feiticeiro”, a forma de dragão de Malévola é o mais assustador dos répteis cuspidores de fogo da história do cinema.
   Irritação e descontrole são, visivelmente, as marcas registradas de Malévola, e seus poderes são exclusivamente utilizados para prejudicar quem a desagradou, mesmo contra quem não possuía tal intenção, como os desafortunados pais de Aurora. Por demonstrar o que a raiva é capaz de mover contra pessoas inocentes, e também por servir como um “resumo” do próprio mal em estado puro, Malévola se encontra aqui.
 
  *Confiram Trailer de A Bela Adormecida Edição Diamante:
 
 


3 – Shan Yu.
 
Filme: Mulan.
 
  
   Imagine que você é o vigia de uma muralha tida como impenetrável, e em um belo dia, uma horda gigantesca de guerreiros com aparência brutal e animalesca simplesmente passa por ali como se tal maravilha arquitetônica não fosse nada. Subitamente, o líder deles aparece, com um sorriso maníaco de satisfação no rosto. Assustador, não é mesmo?
  Tal imagem retrata muito bem Shan Yu, o implacável senhor da guerra e líder dos hunos, dispostos a transformar a China em ruínas. O seu nome parece ser uma variação de “Xiongnu”, como os chineses chamavam os povos nômades que atacavam com frequência as regiões ocidentais do império. Durante a chamada Dinastia Han, nada menos que três grandes guerras ocorreram entre chineses e os Xiongnu, com três vitórias seguidas para a China. Apesar da relativa semelhança entre os nomes, é pouco provável que os hunos de Átila sejam descendentes dos nômades Xiongnu.
   De qualquer forma, Átila se sentiria envergonhado diante deles: Shan Yu representa muito bem o estereótipo do guerreiro selvagem e focado em conseguir a vitória a qualquer custo, e seus métodos e estratégias são incrivelmente destrutivos, além de deixarem pesadas baixas para os chineses. A situação ficou especialmente crítica, ao ponto de cada casa, clã ou família ser obrigada a ceder um homem ao exército chinês.
        
   Diferentemente dos outros personagens do filme, e também de outros vilões da Disney, Shan Yu não subestima as mulheres em batalha, e não demora a direcionar toda a sua raiva pelos fracassos anteriores à única mulher no exército, Mulan. Embora confie muito no poder e na capacidade de seus guerreiros nômades, o vilão também valoriza a estratégia, e prefere armar emboscadas e ataques surpresas, em uma abordagem completamente distinta da tática de “terra arrasada” utilizada contra vilas indefesas.
  Embora não conte com poderes sobrenaturais, Shan Yu conseguiu a notável proeza de sobreviver a uma avalanche, bem como o seu exército de saqueadores. Isso pode ser explicado por seu modo de vida rude e violento, e também porque apesar de não serem capazes de fazer magia, hunos são resistentes e talhados para a vida nas montanhas, enfatizando mais uma vez suas diferenças em relação aos chineses. Por servir de lembrete amargo para os civilizados de que a aniquilação completa de sua sociedade e de seus valores às vezes está na borda de suas fronteiras, Shan Yu merece figurar em terceiro lugar nesta lista.
 Cena de confronto entre Mulan e Shan Yu:
 
 
2 – Claude Frollo.
 
Filme: O Corcunda de Notre Dame.
 
  
   Muitas vezes a melhor das intenções pode abrir o caminho para o pior dos infernos, e nesse quesito, Claude Frollo é uma boa representação dessa terrível verdade. O juiz de Paris já revelou sua natureza sinistra e brutal logo durante o prólogo de O Corcunda de Notre Dame, ao matar uma cigana que fugia da cidade, e apenas poupar o seu filho deformado devido à pressão de um vigário. O rapaz cresceria sob sua proteção, com o nome de Quasimodo, sem nunca ter contato com o mundo exterior.
   Disposto a livrar sua amada cidade de todo e qualquer vício ou devassidão, Frollo começa uma campanha extensiva para “limpar” as ruas de ciganos, blasfemadores e hereges. Sua truculência alcança um nível tão horrível que diversos de seus comandados decidem abandonar essa campanha, ou até mesmo se posicionar abertamente contra ela. É o caso do cavaleiro Febo, outrora um cumpridor fiel de todas as suas ordens, porém cada vez mais indignado com sua missão “divina”.
 
        
    Apesar de se colocar como um paladino em busca da proteção à moral e aos bons costumes, Frollo possui um frágil telhado de vidro sobre sua cabeça: O implacável juiz não pôde conter seus desejos libidinosos em relação à cigana dançarina, e se convence de que ela se trata de um teste à sua fé inabalável, não podendo ser responsabilizado pelo seu desejo ardente. Quantos homens não usaram a mesma “justificativa”, há pouco tempo atrás, falando em mulheres que “mereciam ser estupradas”? Apesar de não se guiarem pelos mesmos argumentos de Frollo, a essência de tais justificativas parte do mesmo pressuposto de que o homem não é responsável pelos seus atos...
   Entre os vilões da Disney, Frollo também ganha com louvor no quesito de número musical mais aterrorizante de todos. Sinceramente, a imagem mais marcante do filme do Corcunda de Notre Dame ainda se trata da visão horrível que o odioso juiz tem durante sua música, denominada “Fogo do Inferno”: Vários homens altos utilizando capuzes vermelhos, impedindo a visão de seus rostos, e dispostos em duas colunas pelos corredores. Subitamente, eles se juntam em um turbilhão, e se fundem em um único ser estranho, e Frollo é tragado pelas chamas de sua lareira. Se os desenvolvedores queriam criar uma imagem que ficasse pregada nas mentes dos espectadores, sem dúvida eles conseguiram!
  É interessante notar como o fogo é um elemento intrinsecamente ligado ao vilão: Não apenas o seu número musical conta com labaredas e diversos tons quentes, enfatizando o seu medo de ser punido com o inferno, como sua obsessão em queimar os hereges o levou a um fim abrupto, com sua queda em um incêndio. Por ser um lembrete amargo de vários males da humanidade, tais como o preconceito, o fanatismo religioso, o abuso do poder e a misoginia, Claude Frollo está em segundo lugar nesta lista.
  Cena épica onde Frollo canta Fogo do Inferno. Destaque para a voz incrível do dublador Rodrigo Esteves na canção. 
 
 
 
1 – O Cocheiro.
 Filme: Pinóquio.
 
      
  A presença de um vilão relativamente desconhecido em primeiro lugar deve aparentar levemente estranha, em se tratando de um personagem que nem ao menos possui um nome real, sendo denominado apenas pelo seu trabalho. “Como foi possível esse sujeito gorducho e desengonçado passar à frente de Scar, Jafar, Malévola, entre outros, personagens enraizados no imaginário da Disney há décadas?”, alguém pode se perguntar. Na verdade, existem muitos motivos pelo qual considero o Cocheiro o mais terrível vilão da Disney.
   Em primeiro lugar, quem ou o que é o Cocheiro? Sabemos que ele possui contatos com alguns meliantes locais que enganaram Pinóquio no início do filme, e também que ele é o detentor de um parque de diversões em uma ilha isolada de tudo e de quaisquer cidades próximas, mas e o que mais? A transformação dos meninos em burros ocorre devido aos poderes da ilha? Ou seria o próprio Cocheiro o responsável pela magia? Em caso positivo, seria ele um bruxo, um monstro, o próprio diabo disfarçado?
  Mesmo os seus capangas possuem uma aparência estranha, sendo mais parecidos com gorilas ou fantasmas do que pessoas. Tal ambiguidade a respeito da extensão de seus poderes, habilidades e suas alianças tornam o Cocheiro muito mais próximo de vilões de filmes de terror do que de histórias infantis.
               

 

     Em matéria de vilania, o Cocheiro também supera, de longe, diversos vilões. Seu único objetivo é o lucro, algo que toda e qualquer pessoa honesta almeja obter, é claro. Entretanto, sua “fonte de renda” provém do sequestro de crianças, sua transformação em burros, e sua subsequente venda para locais diversos, tais como circos e minas de sal, onde eles trabalharão pelo resto de suas vidas. O destino desses meninos desafortunados levanta uma nova questão: Os compradores de burros sabem da sinistra proveniência da “carga”? Antes de embarcar os burros, o Cocheiro pergunta-lhes os nomes, e se a resposta for dada por meio de um zurro, o animal é embarcado, o que leva a crer que os compradores não fazem ideia de tal crime.

    Na prática, o Cocheiro age como se fosse um traficante de escravos, e se a absoluta crueldade de seus atos e a ambiguidade quanto sua real natureza não fosse o suficiente para torná-lo o mais terrível vilão da Disney, outro aspecto certamente o permite: O Cocheiro nunca foi punido por seus atos. Ele foi o único vilão a escapar incólume de quaisquer consequências por suas maldades, afinal Pinóquio e o Grilo fugiram antes da transformação ser completada, e a partir daí, o Cocheiro, bem como seus ajudantes e os desafortunados meninos não aparecem mais durante o filme.
    Um final alternativo para o Cocheiro aparece no jogo do Pinóquio 8-bits da Nintendo, onde ele é arremessado de um penhasco pela marionete, mas obviamente, tal cena não é considerada como parte oficial da cronologia. Curiosamente, ele é arremessado do mesmo penhasco da qual Pinóquio pulou para escapar da ilha, tornando tal cena muito irônica. Por ser um vilão ambíguo, misterioso, porém ainda factível, e também por lembrar que o mal, infelizmente, nem sempre sofre a punição merecida, o Cocheiro merece o primeiro lugar na lista de maiores vilões da Disney.
 Trailer da Edição Platina de Pinóquio:
 
 
 
Mateus Ernani Heinzmann Bulow

 



 
 
 
 


 
 

 


 

 

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