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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Réflexions sur la mort



Neste riso efêmero,
cabe a morte que me aguarda.
A morte me fotografa
a cada lágrima e a cada sorriso.

Por que eu me desespero
se a vida é uma corda fina,
efêmera e sem tanto peso?

Para quê há desespero
se um dia tudo será ceifado,
inclusive, a minha existência?

Não fomos feitos para o desespero,
o desespero deixa a vida miserável.
Se a vida já é curta, docemente curta,
que ela, ao menos, seja larga de paz.

Um dia desses, tomando café,
olhei para a janela e havia neblina.
A neblina envolvia os montes
como a morte envolve a vida.

Pensei com o olhar perdido:
"Para onde eu vou quando eu me for?
Vou para a vida astral?
Ou acabarei sem consciência?"

O que eu temo não é a morte,
mas deixar de existir.
"Penso, logo existo."
Já dizia Descartes, grande filósofo.

Se eu deixar de pensar,
deixarei de existir.
Não consigo imaginar
um momento sem pensamento.

Então, é melhor que eu escreva logo,
no papel, ficarão registrados os meus versos,
frutos dos meus pensamentos.

Escrever é a melhor forma
de ser eterno num breve espaço de tempo
seja num livro ou num verso terno.

Se eu morrer, e a morte for uma viagem,
uma simples passagem do real para o astral,
então, haverá mais vida em minh'alma
do que na vida propriamente dita.

Morrerei com um sorriso nos lábios
ao ver a luz no fim do túnel,
rastros de estrelas do paraíso,
onde Deus me abraçará no Amor Eterno.

Nossa Senhora conduzir-me-á ao Seu Filho,
e Ele sorrirá para mim diante do Sol
enquanto os querubins dançam.

Acariciarei mil flores,
sentirei o aroma da Vida,
e eterna será a minha alegria
na amplitude do mundo astral.

O paraíso é uma poesia em cores,
divinos versos em Celestial Amor.
O Amor Dele brilha em tudo,
em tudo, vejo o Seu Amor.

Se eu morrer e continuar a existir,
serei, mais do que nunca, intensamente feliz.
Do contrário, se minh'alma for apenas
vísceras regadas a pensamentos,
e eu deixar de existir,
tudo será noite escura e nada mais.

Agonizante é pensar na ausência do pensar
muito embora a morte seja muito romântica.
A morte é a rainha da igualdade,
a ceifadora da matéria e da vaidade.

Por levar embora tanto o mendigo quanto o rei,
a coroa da igualdade está na morte,
e eu tenho devoção por ela.

Por levar embora a beleza,
corroer o corpo, dilacerar a carne,
é necessário que a Alma seja bela.
Beleza interior é puro romantismo,
e eu tenho devoção por ela.

Acabo de tomar o meu café,
olho-me no espelho e vejo o meu esqueleto.
Um dia serei ossos, nada além de ossos,
mas enquanto sou carne, alimento-me,
visto-me e vou arduamente trabalhar
para um dia um legado deixar.

Poesia escrita por Tatyana Casarino.

*Reflexões sobre a morte (tradução do título da poesia do francês para o português).

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