O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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sexta-feira, 20 de março de 2015

Ilha das Sereias





“Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito” . William Blake


Vejo as tuas lágrimas de cristal
descendo por tua face branda
naquelas tardes de praia,
amor, mar e uma cabana.

Sutil pescador de olhar apaixonado,
de onde brotam a tua alma e o teu retrato?
Coqueiros, flores e bananeiras
ornamentam a ilha das sereias.

Quando eu estava a nadar,
avistei os teus pés a caminhar
sobre aquela areia fina.

O oceano cobre o meu corpo dual
enquanto flores ornamentam os meus cabelos.
Minha cauda assombra-te até a alma,
minha face sob o luar fascina o teu peito.

Neste oceano, há cinco luas:
a minguante, a crescente, a nova, a cheia
 e a tenebrosa lua sem nome ou lilith.

Não se conquista o paraíso sem cicatrizas,
minha alma protege a tua vida e as tuas chagas,
dê a mim o seu sorriso e a tua graça,
tua alegria é tudo que a sereia quer.

Lapida a pedra buta, pedra bruta lapidada,
"a água mole em pedra dura tanto bate até que fura",
eternidade, eternidade, eternidade,
perfeição quase impossível,
por que há tantos vícios?

O mundo da água, o mundo da lua,
o mundo da paz e o da eternidade,
todos são os mundos que me criaram.

Sou metade mulher e metade peixe,
moro em Malkuth*, mas sou do céu,
trabalho na terra em prol da água,
Deus reina no infinito da eternidade
cristalina e mais do que bonita.


Taty Casarino

*Malkuth: Reino material para a Cabala.

Poesia extraída do livro "Antes da Eternidade" ainda não publicado de Taty Casarino.

Confira o prólogo:

Prólogo


Das gaivotas, eu posso ouvir o esplendor de suas asas compondo a trilha sonora da natureza. A tarde é calma e o sol é eterno. Caminho sobre a areia macia de uma praia infinita e minha visão não consegue mensurar a extensão do caminho que percorro. Sinto meus pés sendo acariciados pela areia cuja textura é aveludada e ando sem cansaço numa tarde sem fim por um caminho sem fim.

Ao meu lado direito, há o oceano. A água do mar toca os meus pés e eu suspiro enquanto fecho os olhos para sentir a brisa que me abastece com o perfume do mar. Nuvens invadem o céu, e um vento forte assusta as gaivotas, as quais voam mais rápido em direção ao norte.

Minha vista perde-se no infinito do horizonte das águas do mar do paraíso ao apreciar o céu que apresenta de modo espetacular tons de violeta e laranja. Ajoelho-me diante de uma pedra bruta e distorcida perdida naquela praia perfeita e imaculada enquanto uma forte onda do mar debate-se contra ela violentamente.

Acaricio a textura da pedra ao sentir lágrimas escorrerem pela minha face. Posso sentir que meus cabelos voam ao vento, e as alças do meu vestido caem. Com a cabeça caída sobre o braço esquerdo, o qual envolve a pedra áspera, sinto o beijo da água do mar nos dedos das minhas mãos e uma energia violenta como a de um trovão irradiar-se pelo meu corpo. De algum modo, eu pertenço àquela pedra como aquela pedra pertence a mim.
Taty Casarino



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