“Se as portas da
percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito” . William Blake
Vejo as tuas lágrimas de cristal
descendo por tua face branda
naquelas tardes de praia,
amor, mar e uma cabana.
Sutil pescador de olhar apaixonado,
de onde brotam a tua alma e o teu retrato?
Coqueiros, flores e bananeiras
ornamentam a ilha das sereias.
Quando eu estava a nadar,
avistei os teus pés a caminhar
sobre aquela areia fina.
O oceano cobre o meu corpo dual
enquanto flores ornamentam os meus cabelos.
Minha cauda assombra-te até a alma,
minha face sob o luar fascina o teu peito.
Neste oceano, há cinco luas:
a minguante, a crescente, a nova, a cheia
e a tenebrosa lua sem nome ou lilith.
Não se conquista o paraíso sem cicatrizas,
minha alma protege a tua vida e as tuas chagas,
dê a mim o seu sorriso e a tua graça,
tua alegria é tudo que a sereia quer.
Lapida a pedra buta, pedra bruta lapidada,
"a água mole em pedra dura tanto bate até que fura",
eternidade, eternidade, eternidade,
perfeição quase impossível,
por que há tantos vícios?
O mundo da água, o mundo da lua,
o mundo da paz e o da eternidade,
todos são os mundos que me criaram.
Sou metade mulher e metade peixe,
moro em Malkuth*, mas sou do céu,
trabalho na terra em prol da água,
Deus reina no infinito da eternidade
cristalina e mais do que bonita.
Taty Casarino
*Malkuth: Reino material para a Cabala.
Poesia extraída do livro "Antes da Eternidade" ainda não publicado de Taty Casarino.
Confira o prólogo:
Prólogo
Das gaivotas, eu
posso ouvir o esplendor de suas asas compondo a trilha sonora da natureza. A
tarde é calma e o sol é eterno. Caminho sobre a areia macia de uma praia
infinita e minha visão não consegue mensurar a extensão do caminho que
percorro. Sinto meus pés sendo acariciados pela areia cuja textura é aveludada
e ando sem cansaço numa tarde sem fim por um caminho sem fim.
Ao meu lado direito,
há o oceano. A água do mar toca os meus pés e eu suspiro enquanto fecho os
olhos para sentir a brisa que me abastece com o perfume do mar. Nuvens invadem
o céu, e um vento forte assusta as gaivotas, as quais voam mais rápido em direção
ao norte.
Minha vista perde-se
no infinito do horizonte das águas do mar do paraíso ao apreciar o céu que
apresenta de modo espetacular tons de violeta e laranja. Ajoelho-me diante de
uma pedra bruta e distorcida perdida naquela praia perfeita e imaculada
enquanto uma forte onda do mar debate-se contra ela violentamente.
Acaricio a textura da
pedra ao sentir lágrimas escorrerem pela minha face. Posso sentir que meus
cabelos voam ao vento, e as alças do meu vestido caem. Com a cabeça caída sobre
o braço esquerdo, o qual envolve a pedra áspera, sinto o beijo da água do mar nos
dedos das minhas mãos e uma energia violenta como a de um trovão irradiar-se
pelo meu corpo. De algum modo, eu pertenço àquela pedra como aquela pedra
pertence a mim.
Taty Casarino
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