Trecho de "O Ateneu" de Raul Pompéia.
As respostas sempre estão no fundo da alma,
ainda que você possa ter se esquecido de onde veio,
o seu espírito sempre estará lá.
Conecte a sua alma ao seu espírito,
os candelabros choram de dor,
e há uma vela mais chorosa dentre todas,
e esta vela sou eu.
A minha alma chora,
derrete em sua vulnerabilidade
ainda que meu espírito brilhe e queime.
"A vida em Malkut dói,
mas estar vivo é sentir dor,
e, quando a sua alma doer,
significa que você está vivo".
Esta angústia que queima em mim
também queima em você.
Ela queima em todos os oprimidos.
Eu sei, eu posso saber o que é se sentir assim
tão oprimido e vulnerável.
"Você nunca estará sozinha, filha".
Eu posso confiar em minha mãe,
e isto me dá forças para caminhar.
O mundo é hostil demais para mim,
a escola é hostil demais para mim.
Deixe-me ficar sozinha
no conforto de meu lar.
Gritos de uma alma sofredora
perdida no escuro de seu coração.
Meu coração ainda tem luz,
e minha mãe faz aparecer coragem em mim.
Não consigo exorcizar todos esses medos,
não consigo abandonar todas as angústias.
Meu coração dói e isto é tudo.
Abraça-me e fique aqui,
diga que tudo ficará bem,
eu sinto que posso morrer
se ficar perdia e sozinha
neste lugar hostil.
"Você nunca estará sozinha, filha, nunca".
A força de uma mãe
faz florescer a força de um filho.
Vozes e sussurros daqueles que passam
são sutis e amargas palavras que eu posso ouvir:
"Aquela menina não terá jeito com suas lágrimas
tão histéricas e vergonhosas,
não se sabe o que faz aquela mãe persistir".
A dor que está em você
arde dentro de mim.
Na nossa angústia compartilhada,
você limpas as minhas lágrimas com carinho.
No nosso mútuo sofrimento,
desde Maria e Cristo,
a mãe sente todas as dores da cruz
que machuca o seu filho.
Não consigo lutar contra este medo,
não consigo gritar o suficiente para afastar a dor.
Você foi o meu calor na frieza,
você foi a minha coragem no medo.
Por favor, não vá embora,
abraça-me mais uma vez neste banco frio
antes que eu tente lutar contra mim mesma
por mais uma vez.
"Você vai conseguir vencer esta luta".
Sou muito fraca e tenho medo.
"Você é forte e corajosa, querida".
Abraça-me mais uma vez,
você sente a minha dor,
e eu seu que não estou sozinha.
"Você nunca está sozinha, filha, nunca".
Não consigo lavar este medo,
não consigo lutar contra esta dor
não consigo fazer esta angústia acabar.
"Você é forte e inteligente,
já vejo em você uma grande pessoa."
Debaixo das minhas lágrimas vulneráveis,
você acredita em mim e isto me dá forças.
"A força de uma mãe
sempre faz surgir a força do filho".
A dor é sempre um método
para amadurecer rápido.
A dor é sempre um meio
de conhecer quem realmente somos.
Ter fé em si mesmo
é ter coragem para vencer,
vencer a própria vulnerabilidade.
Poema de Taty Casarino.
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