O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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sábado, 1 de novembro de 2014

Os pássaros



Manuel Bandeira,
devo confessar-te sem pudor
a minha admiração sincera
pelo teu esplendor,
esplendor modernista,
que me deu a vida.

Nas asas do tempo,
tua glória permanece
estampada nos versos
dos loucos, dos bêbados,
dos anarquistas e dos libertários.

Teu legado é o meu porquinho da índia
cujos Sapos não corromperam.
Pneumatórax? Vamos dançar um tanto argentino.

Teus versos podem ser tango,
mas também são carnaval.
A maior paixão por uma nação
é estampada na paixão pela língua.

Língua portuguesa, quantas métricas!
Hoje eu quero Bandeirar
se me permite, oh! gloriosa língua!

Bandeirar, verbo inventado
que significa fazer versos libertários.
Longe da métrica opressora,
eu só me preocupo com o êxtase.

Minha escrita é o êxtase
da libertação de sentimentos e emoções.
Ser poeta, antes de ser escritor,
é ser um sentimental.

Escrevo como quem beija na boca,
eu e a língua portuguesa, simplesmente,
nos amamos num fluxo de paixão
sem tempo para pensar em técnica.

A Semana da Arte Moderna
é a minha grande Mãe.
Sapos libertários, gloriosos Sapos,
permitam-me Bandeirar cada vez mais.

Os Sapos deram lugar aos pássaros,
os pássaros que querem voar
sem as prisões de rimas medidas,
ou de métricas calculadas.

Pássaros que querem voar
nas asas de seus sentimentos
cujo vento traz palavras,
onde o céu não é o limite
para a poesia.

Poema de Taty Casarino em homenagem ao poeta Manuel Bandeira, modernista de primeira hora e precursor do verso livre.

 "Bandeirar" seria escrever versos livres, preocupando-se mais com as sensações do que com a técnica. Esta liberdade maior que o poeta encontra hoje se dá graças a modernistas revolucionários do passado como Manuel Bandeira.

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