O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.
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sábado, 29 de novembro de 2014
Les femmes sans espoir
Antes do leito noturno,
doces mulheres belas
apresentam apatia
onde a emoção é vendida.
O prazer corrompido de todo dia,
a sutil corrosão dos amores áridos
sem doçuras ao luar nem versos,
mulheres perdidas, oprimidas.
Por trás do batom vermelho,
lábios cerrados de tristeza,
melancolia atroz do entardecer.
É a noite que chega,
é a lua que anuncia
o trabalho sem dignidade
daquelas vidas sem esperança.
Nas margens da sociedade,
brilham os bordéis de Paris,
atraentes focos de homens bêbados,
que também nunca tiveram esperança.
Qu'est savez-vous sur l'espoir?
Je ne sais pas sur l'espoir,
je suis une fleur sale.*
As flores sujas esperam a hora da lua,
a luz que desce do céu para anunciar
que, até mesmo na escuridão,
residem estrelas prateadas.
Estrelas que se movem,
estrelas que iluminam
até as horas mais impróprias
onde a melancolia oprime o prazer.
Prazeres vendidos, sofás convidativos,
vidas sem esperanças que se encontram
num mesmo quarto sujo e escuro
onde só resta a apatia
sob a máscara da luxúria.
Taty Casarino
Tradução do título:
Mulheres sem esperança
*Tradução dos versos em francês:
O que você sabe sobre a esperança?
Eu não sei nada sobre a esperança,
eu sou uma flor suja.
Este poema foi inspirado na obra do pintor francês impressionista Henri de Toulose-Lautrec exposta nesta postagem chamada "Salão na Rue des Moulins".
Frequentador assíduo do Moulin Rouge e outros cabarés, o pequeno nobre Lautrec acaba se acomodando muito bem naquele ambiente tão estranho que seus pais nunca aceitaram em ter o filho. O tema principal das pinturas de Toulouse-Lautrec era a vida boêmia parisiense.
Nesta obra, ele retrata a apatia de algumas prostitutas enquanto esperam o horário de chegada dos clientes. O sofá vermelho reserva um espaço que passa a ser convidativo ao admirador da pintura, mas deixa a pergunta: seria aquele espaço destinado a Toulose-Lautrec?
Toulouse-Lautrec sofria de uma doença desconhecida em sua época, possivelmente uma deficiência hipofisária. Na juventude sofreu dois acidentes, fraturando o fêmur esquerdo aos doze anos e o direito aos quatorze. Os ossos mal formados pararam de crescer e fizeram com que Henri não ultrapassasse a altura de 1,52 m, tornando-se um homem com corpo de adulto, mas com pernas curtas de menino.
Esta doença o deixava sem esperança, e a desvalorização injusta em relação a sua arte propiciava o vício no álcool e na luxúria.
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