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domingo, 16 de setembro de 2012

Lacrymosa


Lacrymosa

Eu ainda me lembro
de ver a morte pelos olhos de uma criança.
Ela transforma nossas primaveras
em mais tristes invernos.

O vovô estava aqui,
e, de repente, não o vi mais,
todos choram ao meu redor,
e eu não compreendo os fatos.

Mais congelada que minha boneca,
eu fico atônita diante deles
e não consigo chorar.
Será que pensam que não estou a sofrer?

Onde ele está?-Indaguei.
No céu.-Responderam para mim.
Então, eu comecei a olhar para as estrelas
a fim de ver a sua face de novo.

Ainda me lembro
do som de sua risada
tão cheia de vida.

Sinto a alma despida,
e monstros começavam a me atormentar.
Para mim, o vovô ainda estava ali.
Continuei a desenhar para ele
e a fazer flores de papel.

Deixava os desenhos no quarto
se, porventura, ele fizesse uma visita.
Onde ele está se não tem mais vida?

Era como se ele estivesse desaparecido,
mas sua presença ainda não.
Será que todos sumirão daqui?
Será que o meu fim é a solidão?

Não queria ficar sozinha,
então vigiava a minha família
para fazer deles o meu escudo
e evitar qualquer outro desaparecimento.

Todos morrerão um dia,
mas não agora.
Estas foram as palavras que me disseram.
Mas, a morte me deixava insegura,
temia que cada suspiro fosse o último.

Eu pensava que a vida
era uma sucessão de dias eternos,
nunca pensei que tudo fosse tão frio
como aquele triste inverno.

Ainda hoje olho para o céu
e sorrio meio embriagada.
Entre os anjos, ele está sentado,
sorrindo de volta de sua morada.

*Lacrymosa= Chorando


Tatyana Casarino

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