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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A tragédia do Rei Gelado


A tragédia do Rei Gelado.

 

                Ao longo da história, diversos personagens tidos como sombrios e brutos revelaram seu caráter íntimo, mais suave, mas sufocado por uma existência sofrida e um passado tortuoso. Exemplos não faltam: Fera, de “A Bela e a Fera”, Quasimodo, de “O Corcunda de Notre Dame”, O Fantasma da Ópera... Até mesmo nos quadrinhos vemos personagens inicialmente ameaçadores, mas que logo revelam uma faceta interior até então desconhecida (caso do Wolverine, dos “X-Men”, e do Conan, o Bárbaro).

 

             O personagem aqui tratado segue essa “tradição” do ser disforme com um bom coração escondido sob uma aparência ameaçadora, mas na forma de desenho animado. Trata-se do Rei Gelado, antagonista principal de “Hora de Aventura”. Na trama, ele inicialmente é apresentado como um idoso rei solitário, obcecado por sequestrar princesas, com o objetivo de se casar com uma delas. Seus planos, entretanto, sempre são frustrados por Finn e Jake, protagonistas da série, ou até mesmo pela sua própria personalidade atrapalhada.
 
 


Aparentemente, Rei Gelado também busca por amigos para se divertir, e invariavelmente, o menino e o cão se vêm envolvidos em suas tramas surreais, na tentativa desesperada de conseguir amigos. O aparentemente incorrigível vilão não tem ideia de que sua presença não é bem vista entre os habitantes do mundo onde vive. Em uma das histórias ele fica observando os protagonistas à distância, tentando “aprender a ser feliz”.

 
 

Com o tempo, o papel do Rei gelado nas histórias vai se modificando, chegando a assumir até mesmo a função de personagem-chave, como quando os três juntaram forças para vencer uma entidade demoníaca chamada Lich, que almejava destruir o mundo.
 
Em um dos episódios mais recentes, nos é revelada a origem do atrapalhado vilão: Ele era, originalmente, um cientista que encontrou uma coroa amaldiçoada, e foi lentamente sendo “contaminado” por sua influência. Nesse meio tempo, sua noiva, chamada por ele de “minha princesa”, o abandonou. Daí se explica a espiral de loucura e solidão que se tornou a vida dele. Perceba também como a ex-noiva dele lembra muito fisicamente a Princesa Jujuba, seu principal alvo.
A solidão dele é tamanha, a ponto de tentar satisfazer seu desejo de forma extremada: Criar sua própria princesa, em uma paródia bem humorada de Frankenstein. O problema foi onde ele conseguiu as “partes” necessárias ao seu intento... Interessante notar todo o esforço e o carinho dispendidos pelo lunático soberano para que sua nova “esposa” se sentisse bem com sua própria aparência (um casal que combina em seus sofrimentos diários, não?).
Será possível um dia o Rei gelado se livrar de seu tormento, e encontrar quem o ame, a despeito de sua aparência e de sua personalidade? Seguindo o exemplo de outros personagens que causavam repugnância, terror e desconfiança, mas que por meio de atitudes benevolentes se tornaram bem aceitos, é bastante provável que ele alcance a sua redenção, mas, convém lembrar, o caminho para alcançar o equilíbrio emocional e superar a rejeição é longo e tortuoso, talvez levando uma vida inteira para se concretizar.
 
                E, como tudo o que nos rodeia, assim segue a vida, o trajeto talhado de diferentes formas pelos humanos.
 
Texto concedido por: Mateus Ernani Heinzmann Bulow

 




 

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