Tem sempre aquela pessoa que desvia o rosto para nós. E nós também somos impelidos a desviar o rosto diante de certas pessoas. Um dos meus grandes traumas emocionais é o setor das inimizades. Meu "calcanhar de Aquiles", meu ponto fraco, é o nervosismo que sinto diante de brigas, inimizades e discussões. No começo da minha vida espiritual, quando eu ainda era imatura, eu caía no erro de achar que ser espiritualizado era ser "bonzinho", "amiguinho" de todo mundo e agradável com todos.
Essa minha falsa concepção de bondade proporcionou situações um pouco degradantes para mim mesma, pois eu tentava conquistar as pessoas que não gostavam de mim e forçava atitudes agradáveis para ser bem aceita. Eu tinha uma necessidade de ser simpática com todos e exigia que todos fossem simpáticos comigo de volta. Ocorre que esse mundo não é o mundo da simpatia perpétua e da paz. Aceitar que existem pessoas que não gostam de nós é o primeiro grande passo da nossa jornada espiritual.
Essa minha falsa concepção de bondade proporcionou situações um pouco degradantes para mim mesma, pois eu tentava conquistar as pessoas que não gostavam de mim e forçava atitudes agradáveis para ser bem aceita. Eu tinha uma necessidade de ser simpática com todos e exigia que todos fossem simpáticos comigo de volta. Ocorre que esse mundo não é o mundo da simpatia perpétua e da paz. Aceitar que existem pessoas que não gostam de nós é o primeiro grande passo da nossa jornada espiritual.
Eu almejava ser amiga de todos, mas logo percebi que essa era uma tarefa impossível. Foi então que o estudo da Bíblia curou a minha alma quando eu percebi que Jesus não tentava agradar as pessoas. Jesus era bom, mas não era subserviente. Ao contrário da imagem de agradável e bonzinho que temos do arquétipo da vida espiritual, Jesus dizia a verdade, incomodava a sociedade do tempo Dele (Ele foi crucificado por desagradar setores da sociedade inclusive) e, muitas vezes, tomou atitudes firmes (como daquela vez onde manifestou sua santa ira dentro do Templo ao ver mercadores dentro do ambiente). Até Jesus Cristo desagradou algumas pessoas com a sua personalidade verdadeira e firme e atraiu inimigos e perseguidores! Por que então negamos que as inimizades fazem parte da nossa vida?
Jesus não ordenou que fôssemos amigos de todos, mas ordenou que rezássemos pelos inimigos. Percebeu a sutil diferença? Ele pede para que nós não pratiquemos o mal e condena a vingança. Jesus ensina o perdão e a nobre atitude de amor fraterno e compaixão pelos inimigos. Mas, Ele não esconde dos seus discípulos a possibilidade de termos muitos inimigos no mundo. Ele inclusive alerta sobre o ódio que o mundo sentiria de nós e a perseguição mundana que causariam flagelos físicos e emocionais nos cristãos ao longo dos séculos.
No início da minha vida espiritual, eu era uma pessoa muito revoltada e assustada com os mal-entendidos. Doía o meu coração ver uma pessoa interpretando de forma errada uma palavra minha, assim como angustiava a minha alma passar por situações nebulosas onde nenhuma pessoa sabia sequer o motivo de estar brigando com as outras. Eu achava que tudo deveria ser esclarecido de forma justa. Era tremendamente apavorante presenciar qualquer desfecho injusto ou nebuloso.
Essa minha "mania" por esclarecimento e justiça levou a minha vida para a área do Direito. Como advogada, ver a solução mais justa dos conflitos dos outros sempre foi o meu dom. Como conselheira de outras pessoas, enxergar o ponto lúcido que a outra pessoa necessitava ouvir sempre foi a minha vocação. Mas, quando se tratava da minha própria vida, eu não sabia lidar com situações conflitantes quando eu estava envolvida dentro deles. O desespero, o medo e a angústia tomavam conta de mim. Os mal-entendidos geravam mágoa e angústia no meu coração.
Pequenos mal-entendidos eram vistos como grandes tempestades consoante a minha alma assustada. Por vezes, tinha pesadelos com os mal-entendidos e acordava de noite magoada com alguma situação mal resolvida. Eu queria que tudo fosse esclarecido e sentia como se eu estivesse sendo injustiçada ao ser mal interpretada por algumas pessoas. Como eu sempre considerei a mim mesma como uma pessoa boa, eu achava que era tremendamente injusto ser atacada sem motivo por outras pessoas. Mas, então, eu simplesmente mudei...
Certa vez, eu olhei para o crucifixo de um terço sobre a minha escrivaninha e tive um insight. Jesus, o próprio Deus que se fez carne, havia sido humilhado, perseguido e crucificado. Jesus foi criticado e atacado injustamente mesmo sendo a pura luz da verdade, do amor, da bondade e da justiça. Aos olhos do mundo, a cruz era uma tremenda injustiça. Mas, Ele ressuscitou e a Sua justiça veio até nós.
Diante do crucifixo, fiquei reflexiva. Por que eu me preocupava com a justiça dos homens se havia uma justiça muito maior que entendia e esclarecia todas as coisas no final das contas? O importante era estar com a consciência tranquila diante da justiça de Deus. Pouco deveria importar o julgamento dos outros sobre mim ainda que fosse injusto. Por que eu queria que todo mundo olhasse para mim com bons olhos? Por que eu sentia revolta diante da antipatia de algumas pessoas em relação a mim ou diante do julgamento bobo de algumas pessoas sobre mim? O meu problema era orgulho. Querer ser sempre vista como a pessoa agradável e boazinha era orgulho. Querer ser amada e apreciada sempre era orgulho. Querer que todos entendessem as minhas palavras da melhor maneira era orgulho.
Portanto, a minha cura estaria na humildade, especialmente na humildade cristã. Aliás, carrego comigo o entendimento de que todos os problemas emocionais provêm do orgulho e que todas as curas emocionais estão na humildade cristã. Isso pode chocar aquelas pessoas que têm problemas emocionais e que consideram a si mesmas como pessoas "humildes" por terem autoestima baixa, melancolia e outros problemas.
Acontece que humildade não tem nada a ver com autoestima baixa (e problemas de autoestima também nascem do orgulho humano mal resolvido). Até o estado de melancolia provém do orgulho como afirmava Santa Teresinha do Menino Jesus, a qual venceu o seu temperamento melancólico com a graça de Deus (a vitória da graça sobre o temperamento será assunto para outro texto, bem como outros textos do blogue comentarão a respeito da verdadeira humildade). Cultivar mágoas e tristezas revela um tremendo egocentrismo: a pessoa gira em torno do próprio ego almejando reconhecimento alheio. A humildade é desprendimento. Atingimos humildade quando abrimos mão do desejo de sermos apreciados e reconhecidos pelo próximo sempre.
A humildade verdadeira está em reconhecer o próprio valor que Deus deu para nós, cultivando amor-próprio (justo amor por si mesmo e não soberba), autoestima saudável e autoconfiança. A autoconfiança anda ao lado da humildade, pois as duas em equilíbrio libertam a alma da necessidade de agradar os outros (a necessidade de agradar os outros provém do ego humano, do orgulho). Quando sabemos do nosso próprio valor e do valor de Deus em nossa vida, o julgamento dos outros sobre nós não têm mais importância. Parece contraditória essa revelação, mas ela é verdadeira: você somente alcançará a humildade cristã mais profunda quando descobrir o próprio valor diante dos olhos de Deus.
Deus desceu até nós com humildade em Jesus Cristo e aceitou receber todas as pedras injustas desse mundo para revelar a sua gloriosa justiça e sabedoria. Por que eu, como uma simples humana, pecadora e mortal, não aceitaria receber a dose de pedras injustas do mundo sobre mim? Simplesmente aceitar que existem mal-entendidos e que existem injustiças no mundo humano trouxe sabedoria e humildade à minha alma. O desprendimento é a humildade que eu precisava e contém a sabedoria que eleva a alma até Cristo. Eu não poderia esclarecer todas as situações. Mas, Deus sabe o que se passa dentro do meu coração em todos os momentos ainda que algumas pessoas não me entendam.
Saber que Deus compreende perfeitamente a nossa alma e esclarece as situações para nós dentro de seu divino coração mudou radicalmente a minha vida para melhor. Eu deveria aceitar, com resignação e fé, as situações obscuras e nebulosas da vida e entregá-las para Deus. Desse modo, Deus iluminaria tudo aquilo que estivesse obscuro e nebuloso dentro de mim e dentro das pessoas que brigaram comigo.
Ter recebido súbitas inspirações sobre a justiça de Deus e ter passado a confiar mais na justiça de Deus ao invés de sentir revolta diante de injustiças e mal-entendidos humanos não diminuiu o meu amor pela justiça humana. Eu não cruzo os braços diante de uma situação injustiça. Como advogada e como pessoa, eu sempre lutarei por justiça. Ocorre que, nem todas as situações poderão ser esclarecidas com justiça... Nesses casos, ao invés de sentir revolta e mágoa, eu simplesmente entregarei para Deus aquilo que não pôde ser resolvido na justiça humana -- seja em casa, na rua, no círculo de amizades ou até mesmo no tribunal.
Devemos ter coragem para lutar por justiça quando for possível, mas também devemos ter discernimento e serenidade para aceitar aquilo que não pode ser mudado por nós. Um trecho da oração da serenidade diz assim: "Deus, conceda-me a serenidade para aceitar aquilo que não posso mudar, a coragem para mudar o que for possível e a sabedoria para saber discernir entre as duas situações." Nem todas as batalhas merecem o nosso esforço. Às vezes, entregar as batalhas impossíveis para Deus, o dono da única justiça plena, esclarecida e perfeita que existe, é o que precisamos fazer com humildade e redenção.
Eu não tenho condições de mudar o que algumas pessoas pensam de mim nem de esclarecer algumas situações para pessoas com pouca capacidade de entendimento espiritual e emocional. Algumas situações simplesmente devem ser colocadas nas mãos de Deus. Além do mais, alguns conflitos e brigas são inevitáveis e até mesmo necessários para a nossa cura espiritual. Explico: são os momentos conflitantes que revelam as feridas emocionais e as chagas espirituais que precisam ser curadas dentro de nós.
Enxergar o "inimigo" ou a pessoa que brigou com você (ainda que injustamente) como uma pessoa ferida traz uma nova concepção espiritual de como devemos enxergar as pessoas. A pessoa que feriu o nosso coração, geralmente, feriu o nosso emocional em um momento onde ela estava ferida emocionalmente também e não sabia lidar de forma consciente com as próprias feridas. A maioria das pessoas que peca contra nós estava inconsciente no momento da briga ou do pecado. Por que, então, guardar mágoas daqueles que agem no escuro se carregamos a luz da consciência e a luz de Cristo em nós?
Além disso, vou dar um exemplo bobo: Você guarda mágoa do seu cachorro pelas mordidas que ele deu em você? Você guarda mágoas do seu gato por ele ter arranhado você? Obviamente, você não guarda mágoas dos seus animais de estimação, porque eles agem de forma irracional. Do mesmo modo, uma pessoa que lançou ataques verbais e morais contra nós em um momento de raiva e inconsciência agiu como um animal irracional, como uma criatura desprovida de consciência. Ser uma pessoa iluminada por Deus é saber tomar uma atitude consciente diante das pessoas inconscientes ao invés de ser reativo e reagir de forma inconsciente dentro da obscuridade provocada por elas. Todos aqueles que agem na obscuridade, na escuridão de seus próprios instintos e na ausência da luz de Cristo merecem a nossa compaixão e não a nossa mágoa.
Desse modo, devemos ter compaixão pelos inimigos e por todos aqueles que causaram feridas em nossa alma, pois eles também carregam feridas nas almas deles. Deixamos de ver o inimigo como um "monstro" e passamos a vê-lo como uma alma ferida que necessita de Cristo. Quem ama a Cristo de verdade não almeja a vingança nem quer ferir o próximo de volta. Quem ama a Cristo quer que as almas de seus inimigos também sejam curadas e salvas no caminho da luz e da sabedoria de Cristo. Quem encontrou Cristo profundamente almeja esse encontro para todos -- inclusive para os piores inimigos.
É contraditório o que esse texto pretende revelar: as pessoas que feriram você são aquelas que você precisa curar através das suas orações. Além do mais, as pessoas que feriram você revelam pontos frágeis da sua própria alma (ninguém é capaz de ferir os pontos que já estão fortes em nós) que você precisa curar em Cristo. Desse modo, reze pelos inimigos não por querer ser "bonzinho", mas para cumprir perfeitamente aquilo que Cristo ordenou: Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus (Mateus 5:44).
Quem é cristão de verdade ora pelos seus inimigos. Ninguém pode afirmar que é cristão antes de rezar pelos seus inimigos. Orar pelos inimigos é a base do cristianismo. Não adianta cumprir mil penitências, fazer jejum, ficar sem sexo, rezar o terço, ir à igreja todos os domingos e carregar a Bíblia debaixo do braço se você não reza pelos seus inimigos. Orar pelos inimigos justifica o nosso trabalho cristão, purifica a nossa alma e gera frutos em nossas orações que nenhuma outra penitência é capaz de gerar. Não adianta bancar o cristão e jogar praga no vizinho, odiar o irmão, cultivar mágoas dos desafetos e desejar o mal para os inimigos. Se você deseja mal para os seus inimigos, meu irmão, você não entendeu nada da Bíblia ainda que tenha decorado cada versícula dela.
Salienta-se que a nossa comunhão com Jesus aumenta quando o nosso coração conhece o perdão e passa a amar as pessoas mais "difíceis". Jesus passa a morar dentro da nossa alma, amando e perdoando as pessoas por nós. Passamos a tomar atitudes iluminadas que, em verdade, são causadas pela presença Dele em nós. Devemos ser humildes em reconhecer que é o amor de Jesus em nós o motivo da nossa bondade -- não é mérito nosso.
Em minha experiência de fé, rezar pelos "inimigos" (não tenho grandes inimigos declarados, mas há pessoas que foram afastadas da minha vida após alguns mal-entendidos e pessoas que não têm afinidade comigo) trouxe bons frutos em minha vida. As minhas orações ficaram mais fortes, mais "sintonizadas" com Deus e mais "refinadas". A primeira a ser beneficiada com essas orações foi a minha própria vida. Meu coração ganhou leveza quando eu aprendi a perdoar e a olhar os inimigos com compaixão, entendimento espiritual, consciência elevada e imparcialidade.
O peso do rancor foi apagado e uma sensação de paz invadiu a minha alma profundamente. Com o passado bem resolvido dentro de mim, tive mais clareza e concentração para focar em meus projetos do momento presente e obter, assim, mais sucesso em minha própria vida. As mágoas, quando mal resolvidas em nós, atrapalham o nosso foco, o nosso serviço no bem, os nossos projetos profissionais e até mesmo diminui a nossa caridade, corroendo o nosso coração pouco a pouco. O perdão, por outro lado, limpa a alma, purifica o nosso coração, renova o nosso interior para que possamos ser preenchidos por novos sentimentos bons e termos concentração para projetos cheios de êxito e alegria.
Ninguém é "bobo" por desejar o bem a quem um dia causou feridas em sua vida. Ao contrário, saber perdoar e desejar o bem dos inimigos indicam um alto índice de esperteza (esperteza do bem), desenvolvimento espiritual, compreensão dos ensinamentos de Cristo e sabedoria. O verdadeiro esperto não é aquele que se vinga. A vingança não repara o mal do passado, mas cria novos males e inverte os papéis de vítima e agressor somente. A vítima do passado torna-se o novo agressor e, assim sucessivamente, em um eterno círculo vicioso instigado pelo mal. Além do mais, a vingança sempre afeta pessoas inocentes. Desejar o mal para os outros pode até causar efeitos negativos na vida deles, mas o mal sempre retorna em dobro para todo aquele que deseja o mal para uma pessoa (ainda que essa pessoa seja a pior do mundo ou a sua maior inimiga). Desejar o mal para alguém nunca vale a pena. O vingativo é bobo, ignorante e cego espiritualmente. O vingativo não vê que produzir novos males jamais curará suas feridas emocionais do passado.
A vingança só alarga as chagas emocionais das nossas almas, prejudica a nossa alma e atormenta o nosso coração. O perdão, por sua vez, cura as nossas chagas emocionais mais profundas com a paz de Cristo. E a verdadeira e mais bela "vingança" não estaria justamente em estar em paz e feliz? Nada afeta tanto um inimigo quanto ver o nosso brilho sereno no olhar e o nosso sorriso nos lábios. Quando um inimigo percebe que o mal dele não nos atingiu, conseguimos obter a verdadeira "vingança" sadia.
Quando um inimigo vê o nosso sorriso, a nossa "vingança" está feita. Nenhum mal precisa ser desejado para ele. Você não precisa virar a pessoa que feriu você um dia -- e é isso o que a vingança faz. Seus inimigos até ficariam felizes com a sua degradação espiritual e com o seu infeliz e baixo nível moral na vingança contra eles. Seu inimigo ficaria (consciente ou inconscientemente) feliz ao ver que o mal dele corrompeu o seu coração e atingiu você. Manter-se incorruptível diante do mal e inabalável diante das mágoas é o verdadeiro caminho da felicidade -- e é essa a felicidade que, naturalmente, fará justiça por você.
Sendo assim, mantenha-se iluminado, bondoso, honesto e repleto de paz e perdão no coração. O seu alto nível moral, a sua alegria espiritual, o seu sucesso e a sua felicidade serão as suas maiores "vinganças". Nada é mais satisfatório do que sorrir diante daquele que viu você chorar no passado ou que provocou as suas lágrimas. Lágrimas são apagadas com sorrisos e não com vinganças.
Parece loucura defender o perdão. Mas, perdoar os inimigos é a sua maior "vingança", pois demonstra uma alma incorruptível cujo mal dos inimigos não obteve lugar. Jesus já dizia sobre o perdão há mais de dois mil anos, mas poucas pessoas escutaram o Mestre realmente. A nossa sociedade ama alimentar o ego humano com filmes, livros, séries e telenovelas com histórias de vingança. Em verdade, essas histórias de vingança só são emocionantes nas telas do cinema, pois, na vida real, apenas o perdão pode fazer a nossa alma feliz de verdade. E rezar pelos inimigos é o caminho que mais traz crescimento e felicidade à alma daquele que ora. Os frutos da oração de quem reza pelos seus inimigos sempre são os mais belos. Vemos rapidamente a nossa vida mudar positivamente: nossas orações têm mais efeito e inúmeras graças chegam até nós quando aprendemos a perdoar e a rezar pelos inimigos.
Enquanto a mágoa prende o nosso coração em angústias diversas e a vingança torna a nossa alma refém do mal (do nosso mal e do mal do nosso inimigo), o perdão liberta o coração, aumenta a disposição da nossa alma e revigora as forças da nossa saúde emocional. Além do mais, perdoar os inimigos e desejar o bem para aqueles que desejam o mal para nós são os melhores caminhos para aproximar de verdade o nosso coração do divino coração de Jesus. E não existe alegria mais suprema do que aquela de estar em comunhão plena com o coração de Cristo.
Existem pessoas vingativas que fazem "trabalhos" de magia contra os seus inimigos. Com todo respeito às diversas religiões, o mal nunca é o caminho. Esse tipo de magia sempre volta em dobro para quem o faz, dando uma rasteira no autor desse tipo de trabalho. O feitiço, como diz o ditado, sempre vira contra o feiticeiro. Esse tipo de magia negra escraviza a nossa alma, mina as nossas energias e não cura as chagas emocionais causadas pelos inimigos em nós. Somente Jesus Cristo cura as nossas chagas emocionais, pois Ele é o Médicos dos Médicos, o Mestre dos Mestres, Aquele que permitiu chagas em seu corpo na cruz para curar as chagas de nossas almas. Entregue o seu coração a Jesus Cristo e Ele fará justiça por você. Não existe justiça mais perfeita do que a de Deus. Querer fazer justiça com as próprias mãos é orgulho e, muitas vezes, leva a nossa alma para caminhos tortuosos do mal e da injustiça. Tenha a humildade de ser resignado e desejar o bem e a sabedoria para todas as pessoas -- incluindo os seus inimigos.
Parece revoltante ver uma pessoa má aparentemente "se dando bem" na vida. Mas, não se revolte, pois quem é sábio de verdade sabe que toda vitória que não é baseada na honestidade e na justiça é derrotada um dia. Se seus inimigos são pessoas desonestas, os próprios crimes deles e as ações imorais dos mesmos um dia trarão consequências danosas para a vida deles naturalmente -- e você nem precisa desejar o mal e sujar a sua alma com mágoa e revolta. Confie na justiça de Deus. A justiça de Deus pode ser demorada, mas é a única que é perfeita. A justiça de Deus "tarda, mas não falha" como diz o ditado popular. Tenha sabedoria para ver além do mundo das aparências. Aparentemente, uma pessoa má pode estar se dando bem no momento, mas quem é sábio enxerga a profundidade das suas futuras derrotas por ela ter violado as leis da sabedoria de Deus. Quem é sábio não se envenena com o mundo das aparências.
Muitas pessoas têm medo de que seus inimigos lancem "trabalhos" de magia contra elas. O medo acaba atraindo realmente coisas ruins em sua vida, mas não adianta culpar os seus inimigos nem os "trabalhos" mágicos deles. A sua força espiritual e a sua proteção espiritual são responsabilidades suas. Você deve manter-se sempre protegido com uma vida de oração disciplinada, forte e dirigida para o bem. Quando estamos caminhando no bem, evitando o pecado e com o coração em comunhão com o de Jesus Cristo, nenhum mal pode atingir a nossa vida. Os anjos do Senhor protegem a vida daqueles que amam o Senhor. Não existe proteção maior do que amar a Deus sobre todas as coisas e deixar o amor pelo Senhor invadir o seu coração.
Salienta-se que o maior perigo para o seu inimigo é o feitiço dele encontrar uma pessoa que está de joelhos orando por ele em nome do Senhor. O Senhor imediatamente faz justiça e condena aqueles que estão atacando os seus filhos e discípulos. E rezar pelos inimigos purifica o nosso coração do pecado, aumentando o nível da nossa proteção espiritual. Quando alguém trabalha no caminho da santidade, o Senhor protege ainda mais a sua vida. Não obstante, aquele que alimenta maus sentimentos contra os seus inimigos "esburaca" o seu coração, suja a sua alma com o pecado da mágoa e do ódio e afasta a proteção dos Santos Anjos do Senhor.
A beleza da fé cristã e católica está em desejar o bem para os nossos inimigos. O cristão pode repudiar o pecado, mas ama e acolhe o pecador. Enquanto outras religiões declaram até mesmo guerras contra os seus inimigos, nós somos aqueles que amamos os nossos inimigos e declaramos guerra contra nós mesmos -- guerra contra o nosso mal interno e o intenso desejo de purificação interior com base nas diretrizes e nos preceitos de amor ensinados pelo Senhor Jesus.
Ser cristão é saber perdoar, porque o Senhor ensinou os seus discípulos a perdoarem infinitamente. A metáfora que Jesus usou de setenta vezes sete aponta a atitude eterna de perdão que o cristão deve adotar. Veja o trecho bíblico sobre o ensinamento do perdão (Mateus 18:21,22): Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.
Além do mais, devemos perdoar os outros por necessitarmos do perdão também -- não somos perfeitos, erramos e desejamos o perdão. Do mesmo modo que almejamos o perdão dos nossos pecados e a redenção em Cristo, devemos perdoar o próximo quando ele peca contra nós. A Bíblia ensina os fiéis que eles serão julgados conforme a medida que usam para julgar os outros. Em Mateus 7:1-2, vemos: "Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês."
Desse modo, quem somos nós para julgarmos os outros? Pensamentos de análise e julgamento são comuns, mas precisamos aprender a purificar o nosso interior desses julgamentos e entregá-los a Deus. Apenas Deus sabe fazer justiça perfeitamente e julgar a todos com infinita sabedoria. Somente Deus pode enxergar o interior do próximo no momento do erro. Em Jeremias 31,34, vemos a misericórdia do Senhor na hora do julgamento e o perdão das nossas faltas: Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: "Aprende a conhecer o Senhor", porque todos me conhecerão, grandes e pequenos -- oráculo do Senhor --, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados.
Para aprender a perdoar, podemos tomar inspirações boas na vida dos Santos da Igreja Católica. Santa Rita, por exemplo, preferiu que os seus filhos morressem naturalmente e tivessem as almas salvas a presenciar as mãos deles sujas do sangue da vingança. O marido dela havia sido assassinado por ser um homem repleto de inimigos devido ao seu jeito colérico, mas ela não quis que os seus filhos fizessem vingança à morte do pai. Santa Rita tinha uma visão sábia e esclarecida -- ela sabia que a alma fica perdida quando alguém promove a vingança. Santa Rita, inclusive, rezava pela salvação dos inimigos de seu marido assassinado.
Devemos perdoar os nossos inimigos, porque desejar a salvação de todos é o nosso dever. Além do mais, como já foi dito no presente texto, a maior parte dos pecados dirigidos contra nós aconteceu em um momento de inconsciência dos nossos inimigos. A maioria das pessoas que age no mal não sabe o que faz. É preciso lembrar do que Jesus disse ao ser levado para a cruz: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lucas 23:24). Os santos sempre perdoaram os seus carrascos e perseguidores mesmo nos piores martírios e Jesus perdoou aqueles que perseguiram a sua vida, açoitaram e crucificaram o seu corpo. Por que não podemos perdoar uma bobagem qualquer de um inimigo? Comparados aos sofrimentos de Jesus na cruz, quaisquer sofrimentos nossos causados por inimigos são pequenos -- pequenos demais para não serem perdoados.
Não é preciso ser um expert em teologia para perceber que o perdão é um dos maiores pilares do cristianismo. A própria oração do Pai-Nosso (sempre simples e, ao mesmo tempo, a mais nobre das orações) contém o perdão em uma de suas frases principais: "Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido..."
Esse texto foi escrito dentro da perspectiva da minha religião -- Católica Apostólica Romana. Mas, creio que todos os cristãos podem seguir o ensinamento do perdão contido nesse texto. Evangélicos e cristãos ortodoxos também encontram a identidade em Cristo -- e todo o ensinamento de perdão desse texto é baseado em Cristo. Há uma curiosidade na Igreja Ortodoxa muito interessante: como castigo para aqueles que não conseguem perdoar o próximo, todo aquele que não consegue perdoar os outros fica proibido de pronunciar o trecho sobre perdão que está dentro do Pai-Nosso. Talvez os ortodoxos estejam certos nessa penitência. Afinal, seria hipocrisia rezar o Pai-Nosso com mágoas no coração e desejos de vingança, não seria?
Por fim, é preciso esclarecer as questões que muitos leitores estão fazendo nesse momento: Tudo bem que desejar o bem do inimigo é muito bonito espiritualmente, mas é possível desejar o bem para quem fez mal para mim? Por que é preciso que o inimigo esteja bem? É possível desejar o bem para quem fez mal para nós. É possível sim. Plenamente possível. Antes de orar pelos seus inimigos, ore para a Santíssima Trindade. Permita que o Pai, o Filho e o Espírito Santo estejam com você no momento da oração. Quando o seu coração está em comunhão com o coração de Jesus, o amor pelos inimigos flui dentro dele. É Jesus que passa a amar os nossos inimigos dentro de nós. Portanto, rezar pelos inimigos é a maneira mais profunda de comprovar a sua comunhão com Jesus Cristo, pois é difícil amar os inimigos sem estar em comunhão com Ele.
Se você tentar amar os inimigos sozinho, você verá que não é possível sentir amor por eles -- por mais que o seu orgulho tenha grande estima pelo seu lado "bonzinho". É preciso fé em Cristo para amar os inimigos. Com a fé, é plenamente possível amar os inimigos. Mas, não tenha orgulho por ter atingido esse "nível" de amor: É Cristo que está amando dentro de você... Sua evolução espiritual é mérito de Cristo e não mérito seu. Seja humilde e reconheça que, sem Cristo, você é miseravelmente rancoroso, egocêntrico, passional e perdido. Sendo assim, quando conseguir amar os inimigos, não sinta orgulho nem presunção espiritual. Continue mantendo uma postura de humildade, doçura e fé. É o Divino Espírito Santo que age dentro de você... Não há motivo para orgulho. Há motivo para mais humildade e joelhos dobrados por essa ação de Deus em seu coração.
Não amamos o nosso inimigo para sentir superioridade moral e espiritual embora seja divertido verificar que pagar o mal com o bem também gera certa gratificação para o nosso ego humano. E está tudo bem se você usa o ego para o bem. Por mais humilde e espiritualizado que você seja, você sempre terá uma pontinha de ego lá no fundo (sejamos sinceros!). Sinceramente, é melhor canalizar esse ego para a gratificação de estar sendo nobre com quem feriu você do que usar o ego para o mal e para ímpetos vingativos.
Ocorre que o propósito de amar o inimigo não é se sentir bem com o próprio ego e alimentar a nossa imagem de "bonzinho" e nobre. O propósito de amar o inimigo é estar cada vez mais em comunhão com Jesus Cristo. E não existe alegria maior do que sentir humildemente a presença Dele dentro de nós. É preciso ser humilde para reconhecer que não somos nada sem Cristo. É preciso entregar a nossa alma para Cristo. Quando entregamos a nossa alma para Cristo, as nossas emoções passionais deixam de agir e criar confusão em nossa vida. A alma, quando está em Cristo, é coordenada pelos dons do Divino Espírito Santo.
Para responder a outra questão, é preciso que os seus inimigos estejam bem. Sabem o motivo? Inimigos infelizes geram infelicidade e infortúnios espirituais para você também. O inimigo infeliz sente mais inveja e rancor de você. O inimigo infeliz joga mais pragas sobre você. Se você concretizar uma vingança, o inimigo fica ainda mais feroz. O inimigo infeliz alimente um círculo vicioso de infortúnios espirituais para você. Acontece que, quando oramos pelo bem dos nossos inimigos, o mal deles deixa de ter poder. O inimigo feliz deixa de sentir inveja de sua vida. O inimigo tranquilo e com saúde esquece de jogar pragas em você. Você acaba sendo beneficiado pelo bem dos seus inimigos também. Sua vida fica mais tranquila e o seu sucesso fica mais protegido.
Além do mais, pelo significado espiritual mais profundo, Deus nunca deixa de aplicar a Sua Justiça. Logo, o seu inimigo terá consequências do mal que praticou contra você. Pessoas aparecerão na vida do seu inimigo adotando o mesmo comportamento que ele adotou contra você. Você não precisa desejar o mal nem fazer justiça com as próprias mãos. A justiça virá na forma de outras pessoas que serão "espelhos" dos males do seu inimigo. Seu inimigo sempre tomará o próprio veneno e sempre atrairá pessoas como ele, passando pelas mesmas angústias que ele causou em seu coração.
Fique tranquilo, pois a justiça de Deus é pesada e clara. Sinta compaixão pelos seus inimigos, pois eles agem na escuridão. Portanto, como cristão, seu dever é desejar a luz de Cristo e a salvação para a vida deles. Quem é cristão deve agir conforme a luz. E a luz é Cristo. Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida."
Quando a sua jornada espiritual ficar mais madura, você perceberá que, em verdade, nós não temos inimigos. Até a pior pessoa que passou pela sua vida não é a sua verdadeira inimiga. Nossos inimigos verdadeiros são internos e espirituais. Nossos inimigos verdadeiros são: o pecado, o mundo, a carne, satanás, os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas, os nossos pensamentos ruins e os nossos sentimentos ruins.
A mágoa é sua inimiga e não quem supostamente causou a mágoa em seu coração. O inimigo espiritual (satanás) usa as nossas mágoas para derrubar a nossa santidade e alimentar o lado mais sombrio do nosso ego. É fácil ser corrompido pelas nossas mágoas. Portanto, devemos orar pelos nossos inimigos não somente pela salvação deles, mas pela nossa própria salvação. É fácil ser bom quando tudo está bem. É fácil amar e desejar o bem para as pessoas boas e para os nossos amigos. O difícil é ser bom em circunstâncias ruins. O difícil é desejar o bem para os nossos inimigos. E as circunstâncias ruins e os nossos inimigos são testes para a nossa bondade e santidade. Deus permite que coisas ruins aconteçam na vida das pessoas boas para testar o caráter delas.
Em Eclesiástico 2,4, vemos os preceitos de Deus: Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus pelo cadinho da humilhação. Em Mateus 5,47, Jesus ordena claramente que os cristãos serão distintos dos demais pelo amor aos inimigos (afinal, os pagãos também amam os seus amigos, mas somente os cristãos verdadeiros serão capazes de amar os seus inimigos também): "Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isso também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, assim como Vosso Pai celeste é perfeito."
Nossa perfeição estará em perceber que, ao amar os inimigos, veremos que, em verdade, eles não são nossos inimigos e que não existem inimigos do jeito como a nossa sociedade baseada na rixa e na vingança está acostumada a enxergar. É preciso ressaltar que, indubitavelmente, não temos inimigos de carne e osso. Nossos verdadeiros inimigos são espirituais. Na Bíblia, vemos essa verdade claramente em Efésios 6:12: Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Saindo das citações bíblicas e verificando as citações filosóficas, encontramos na filosofia de Sun Tzu (filósofo chinês e autor do livro "A Arte da Guerra") a seguinte frase: "A maior vitória pertence àquele que vence sem desembainhar sua espada". E, por falar em filosofia, o filósofo cristão e conservador Chesterton costumava afirmar o seguinte: "A Bíblia nos ensina a amar o próximo e também a amar nossos inimigos, provavelmente, porque, em geral, são as mesmas pessoas".
*Conclusão: Minha oração para os inimigos e como eu lido com as inimizades hoje.
Hoje em dia, sou uma pessoa mais tranquila em relação às inimizades. Não me sinto angustiada se alguém não gosta de mim nem forço simpatia para agradar aquele que dá sinais de que não gosta de mim. Não procuro quem causa maus sentimentos em mim. Simplesmente, fico afastada da pessoa e rezo por ela.
Por outro lado, não deixei de ser uma pessoa simpática. Modéstia à parte, é da minha natureza e do meu temperamento ser diplomática e conquistar as pessoas com o meu jeito agradável, comunicativo e sorridente. Apenas equilibrei a minha personalidade, sabendo dizer "não" quando é preciso e sabendo ser mais firme e "fria" em momentos necessários. Sei controlar melhor as minhas emoções e permanecer mais firme e fria por fora. Porém, também aprendi a ser mais "quente" por dentro do jeito certo -- deixando o calor do fogo do Divino Espírito Santo purificar a minha alma e amar os inimigos por mim.
Não me sinto mais revoltada e injustiçada quando alguém tenta causar mágoas em mim ou quando alguém se revela antipático, desagradável e inconveniente. Deixo que cada pessoa carregue os seus próprios pecados. Se o outro é mau comigo, aprendi que o pecado é dele e não meu. Não absorvo mais o mal que é lançado contra mim. Sinto mais firmemente o "escudo" da fé em minha vida.
Sei valorizar mais quem dá valor para mim. Criei, ao meu redor, um círculo de amizades saudável, repleto de pessoas boas e que fazem bem para mim. Simplesmente, aprendi a me afastar de pessoas tóxicas e com tendências invejosas ou que podem ser minhas "inimigas". Por outro lado, também sei exercer a caridade com pessoas desagradáveis. Não nego ajuda para um "inimigo" e até sei me aproximar de pessoas "inimigas" quando sou inspirada para pronunciar alguma palavra de conforto ou para exercer a verdadeira caridade (e não para ser considerada "boazinha" e simpática).
Quando faço o bem para um inimigo (ou para uma pessoa desagradável), é Cristo que age em mim. A caridade em relação aos meus inimigos é exercida de forma tranquila, cristã e humildade -- não é mais feita com o intuito de reverter um inimigo em um amigo por anseios do meu orgulho (o velho orgulho de querer ser sempre aceita, tal como era manifestado antigamente). A caridade em relação aos meus "inimigos" é simplesmente o fruto das minhas orações -- não me sinto orgulhosa por isso.
Além do mais, não me preocupo com o que os outros pensam superficialmente de mim. Com a minha fé revigorada, somente tenho preocupação com a salvação da minha alma no caminho do bem e com o que Deus sabe profundamente de mim. Minha consciência está tranquila, porque não pequei contra ninguém. Minha consciência busca agradar a Deus somente. Mostro a minha essência verdadeira sem procurar agradar todo mundo. Algumas pessoas gostarão da minha essência e outras não gostarão de mim -- e está tudo bem. Se alguém peca contra mim ou exerce mal julgamento sobre mim, o pecado é do outro e não meu.
Orar pelos "inimigos" trouxe vários frutos em minha vida: perdão, paz, serenidade, humildade, sucesso, alegria, leveza, proteção espiritual, concretização de pedidos pessoais dentro de outras orações, concretização de pedidos de sucesso na minha vida e na vida de meus familiares e amigos, aumento da minha saúde, aumento do meu vigor, tranquilidade emocional e maior comunhão com Cristo.
*Minha oração para os inimigos:
Senhor Jesus das Santas Chagas, cure as chagas emocionais mais profundas do (a) __________ (nome do inimigo), revigore as forças da alma dele e que ele se sinta completamente perdoado por mim. Esclareça esse mal-entendido no mundo espiritual. Que essa pessoa tenha saúde física, saúde emocional, saúde mental e saúde espiritual. Que essa pessoa saia do caminho do mal e da ignorância e encontre o caminho do bem e da sabedoria. Que Jesus Cristo conduza a vida dessa pessoa no caminho da luz e da sabedoria. Que ela encontre ferramentas de sabedoria que mostrem o caminho da luz para ela. Que essa pessoa encontre Jesus Cristo.
*Mensagem final: Deseje luz e sabedoria até para os seus inimigos. Eu tenho satisfação em desejar a sabedoria, o bem maior, para todo mundo. Minha paixão pela sabedoria é maior do que a paixão por mim mesma -- e é isso que traz humildade para a alma. Quando amamos mais a nós mesmos do que a sabedoria, ficamos magoados por qualquer coisa. Mas, quando amamos a sabedoria de Deus mais do que a nós mesmos, somos capazes de perdoar aqueles que agem na ignorância, na ausência da sabedoria de Deus, e passamos a desejar a sabedoria para todos. Inspire-se em Salomão e seja apaixonado pela sabedoria. A sabedoria vale mais do que ouro.
Texto escrito por Tatyana Casarino.
Tatyana é especialista em Direito Constitucional, advogada, escritora e poetisa.
*Gostou desse tema? Então, confira a homilia do Padre Paulo Ricardo sobre amar os inimigos:
*Confira uma música católica e sinta a presença do Espírito Santo:
*Incendeia a minha alma -- Música de Padre Fábio de Melo.
https://www.youtube.com/watch?v=HwgvC9T5MlY
*Gostou dessa minha experiência de fé? Então, confira meus outros textos sobre as minhas experiências de fé:
*Rezar pelos amigos:
http://tatycasarino.blogspot.com/2020/05/experiencia-de-fe-2-rezar-pelos-amigos.html
*Penitência de 40 dias sem compras:
http://tatycasarino.blogspot.com/2020/05/experiencia-de-fe-1-penitencia-de-40.html
No início da minha vida espiritual, eu era uma pessoa muito revoltada e assustada com os mal-entendidos. Doía o meu coração ver uma pessoa interpretando de forma errada uma palavra minha, assim como angustiava a minha alma passar por situações nebulosas onde nenhuma pessoa sabia sequer o motivo de estar brigando com as outras. Eu achava que tudo deveria ser esclarecido de forma justa. Era tremendamente apavorante presenciar qualquer desfecho injusto ou nebuloso.
Essa minha "mania" por esclarecimento e justiça levou a minha vida para a área do Direito. Como advogada, ver a solução mais justa dos conflitos dos outros sempre foi o meu dom. Como conselheira de outras pessoas, enxergar o ponto lúcido que a outra pessoa necessitava ouvir sempre foi a minha vocação. Mas, quando se tratava da minha própria vida, eu não sabia lidar com situações conflitantes quando eu estava envolvida dentro deles. O desespero, o medo e a angústia tomavam conta de mim. Os mal-entendidos geravam mágoa e angústia no meu coração.
Pequenos mal-entendidos eram vistos como grandes tempestades consoante a minha alma assustada. Por vezes, tinha pesadelos com os mal-entendidos e acordava de noite magoada com alguma situação mal resolvida. Eu queria que tudo fosse esclarecido e sentia como se eu estivesse sendo injustiçada ao ser mal interpretada por algumas pessoas. Como eu sempre considerei a mim mesma como uma pessoa boa, eu achava que era tremendamente injusto ser atacada sem motivo por outras pessoas. Mas, então, eu simplesmente mudei...
Certa vez, eu olhei para o crucifixo de um terço sobre a minha escrivaninha e tive um insight. Jesus, o próprio Deus que se fez carne, havia sido humilhado, perseguido e crucificado. Jesus foi criticado e atacado injustamente mesmo sendo a pura luz da verdade, do amor, da bondade e da justiça. Aos olhos do mundo, a cruz era uma tremenda injustiça. Mas, Ele ressuscitou e a Sua justiça veio até nós.
Diante do crucifixo, fiquei reflexiva. Por que eu me preocupava com a justiça dos homens se havia uma justiça muito maior que entendia e esclarecia todas as coisas no final das contas? O importante era estar com a consciência tranquila diante da justiça de Deus. Pouco deveria importar o julgamento dos outros sobre mim ainda que fosse injusto. Por que eu queria que todo mundo olhasse para mim com bons olhos? Por que eu sentia revolta diante da antipatia de algumas pessoas em relação a mim ou diante do julgamento bobo de algumas pessoas sobre mim? O meu problema era orgulho. Querer ser sempre vista como a pessoa agradável e boazinha era orgulho. Querer ser amada e apreciada sempre era orgulho. Querer que todos entendessem as minhas palavras da melhor maneira era orgulho.
Portanto, a minha cura estaria na humildade, especialmente na humildade cristã. Aliás, carrego comigo o entendimento de que todos os problemas emocionais provêm do orgulho e que todas as curas emocionais estão na humildade cristã. Isso pode chocar aquelas pessoas que têm problemas emocionais e que consideram a si mesmas como pessoas "humildes" por terem autoestima baixa, melancolia e outros problemas.
Acontece que humildade não tem nada a ver com autoestima baixa (e problemas de autoestima também nascem do orgulho humano mal resolvido). Até o estado de melancolia provém do orgulho como afirmava Santa Teresinha do Menino Jesus, a qual venceu o seu temperamento melancólico com a graça de Deus (a vitória da graça sobre o temperamento será assunto para outro texto, bem como outros textos do blogue comentarão a respeito da verdadeira humildade). Cultivar mágoas e tristezas revela um tremendo egocentrismo: a pessoa gira em torno do próprio ego almejando reconhecimento alheio. A humildade é desprendimento. Atingimos humildade quando abrimos mão do desejo de sermos apreciados e reconhecidos pelo próximo sempre.
A humildade verdadeira está em reconhecer o próprio valor que Deus deu para nós, cultivando amor-próprio (justo amor por si mesmo e não soberba), autoestima saudável e autoconfiança. A autoconfiança anda ao lado da humildade, pois as duas em equilíbrio libertam a alma da necessidade de agradar os outros (a necessidade de agradar os outros provém do ego humano, do orgulho). Quando sabemos do nosso próprio valor e do valor de Deus em nossa vida, o julgamento dos outros sobre nós não têm mais importância. Parece contraditória essa revelação, mas ela é verdadeira: você somente alcançará a humildade cristã mais profunda quando descobrir o próprio valor diante dos olhos de Deus.
Deus desceu até nós com humildade em Jesus Cristo e aceitou receber todas as pedras injustas desse mundo para revelar a sua gloriosa justiça e sabedoria. Por que eu, como uma simples humana, pecadora e mortal, não aceitaria receber a dose de pedras injustas do mundo sobre mim? Simplesmente aceitar que existem mal-entendidos e que existem injustiças no mundo humano trouxe sabedoria e humildade à minha alma. O desprendimento é a humildade que eu precisava e contém a sabedoria que eleva a alma até Cristo. Eu não poderia esclarecer todas as situações. Mas, Deus sabe o que se passa dentro do meu coração em todos os momentos ainda que algumas pessoas não me entendam.
Saber que Deus compreende perfeitamente a nossa alma e esclarece as situações para nós dentro de seu divino coração mudou radicalmente a minha vida para melhor. Eu deveria aceitar, com resignação e fé, as situações obscuras e nebulosas da vida e entregá-las para Deus. Desse modo, Deus iluminaria tudo aquilo que estivesse obscuro e nebuloso dentro de mim e dentro das pessoas que brigaram comigo.
Ter recebido súbitas inspirações sobre a justiça de Deus e ter passado a confiar mais na justiça de Deus ao invés de sentir revolta diante de injustiças e mal-entendidos humanos não diminuiu o meu amor pela justiça humana. Eu não cruzo os braços diante de uma situação injustiça. Como advogada e como pessoa, eu sempre lutarei por justiça. Ocorre que, nem todas as situações poderão ser esclarecidas com justiça... Nesses casos, ao invés de sentir revolta e mágoa, eu simplesmente entregarei para Deus aquilo que não pôde ser resolvido na justiça humana -- seja em casa, na rua, no círculo de amizades ou até mesmo no tribunal.
Devemos ter coragem para lutar por justiça quando for possível, mas também devemos ter discernimento e serenidade para aceitar aquilo que não pode ser mudado por nós. Um trecho da oração da serenidade diz assim: "Deus, conceda-me a serenidade para aceitar aquilo que não posso mudar, a coragem para mudar o que for possível e a sabedoria para saber discernir entre as duas situações." Nem todas as batalhas merecem o nosso esforço. Às vezes, entregar as batalhas impossíveis para Deus, o dono da única justiça plena, esclarecida e perfeita que existe, é o que precisamos fazer com humildade e redenção.
Eu não tenho condições de mudar o que algumas pessoas pensam de mim nem de esclarecer algumas situações para pessoas com pouca capacidade de entendimento espiritual e emocional. Algumas situações simplesmente devem ser colocadas nas mãos de Deus. Além do mais, alguns conflitos e brigas são inevitáveis e até mesmo necessários para a nossa cura espiritual. Explico: são os momentos conflitantes que revelam as feridas emocionais e as chagas espirituais que precisam ser curadas dentro de nós.
Enxergar o "inimigo" ou a pessoa que brigou com você (ainda que injustamente) como uma pessoa ferida traz uma nova concepção espiritual de como devemos enxergar as pessoas. A pessoa que feriu o nosso coração, geralmente, feriu o nosso emocional em um momento onde ela estava ferida emocionalmente também e não sabia lidar de forma consciente com as próprias feridas. A maioria das pessoas que peca contra nós estava inconsciente no momento da briga ou do pecado. Por que, então, guardar mágoas daqueles que agem no escuro se carregamos a luz da consciência e a luz de Cristo em nós?
Além disso, vou dar um exemplo bobo: Você guarda mágoa do seu cachorro pelas mordidas que ele deu em você? Você guarda mágoas do seu gato por ele ter arranhado você? Obviamente, você não guarda mágoas dos seus animais de estimação, porque eles agem de forma irracional. Do mesmo modo, uma pessoa que lançou ataques verbais e morais contra nós em um momento de raiva e inconsciência agiu como um animal irracional, como uma criatura desprovida de consciência. Ser uma pessoa iluminada por Deus é saber tomar uma atitude consciente diante das pessoas inconscientes ao invés de ser reativo e reagir de forma inconsciente dentro da obscuridade provocada por elas. Todos aqueles que agem na obscuridade, na escuridão de seus próprios instintos e na ausência da luz de Cristo merecem a nossa compaixão e não a nossa mágoa.
Desse modo, devemos ter compaixão pelos inimigos e por todos aqueles que causaram feridas em nossa alma, pois eles também carregam feridas nas almas deles. Deixamos de ver o inimigo como um "monstro" e passamos a vê-lo como uma alma ferida que necessita de Cristo. Quem ama a Cristo de verdade não almeja a vingança nem quer ferir o próximo de volta. Quem ama a Cristo quer que as almas de seus inimigos também sejam curadas e salvas no caminho da luz e da sabedoria de Cristo. Quem encontrou Cristo profundamente almeja esse encontro para todos -- inclusive para os piores inimigos.
É contraditório o que esse texto pretende revelar: as pessoas que feriram você são aquelas que você precisa curar através das suas orações. Além do mais, as pessoas que feriram você revelam pontos frágeis da sua própria alma (ninguém é capaz de ferir os pontos que já estão fortes em nós) que você precisa curar em Cristo. Desse modo, reze pelos inimigos não por querer ser "bonzinho", mas para cumprir perfeitamente aquilo que Cristo ordenou: Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus (Mateus 5:44).
Quem é cristão de verdade ora pelos seus inimigos. Ninguém pode afirmar que é cristão antes de rezar pelos seus inimigos. Orar pelos inimigos é a base do cristianismo. Não adianta cumprir mil penitências, fazer jejum, ficar sem sexo, rezar o terço, ir à igreja todos os domingos e carregar a Bíblia debaixo do braço se você não reza pelos seus inimigos. Orar pelos inimigos justifica o nosso trabalho cristão, purifica a nossa alma e gera frutos em nossas orações que nenhuma outra penitência é capaz de gerar. Não adianta bancar o cristão e jogar praga no vizinho, odiar o irmão, cultivar mágoas dos desafetos e desejar o mal para os inimigos. Se você deseja mal para os seus inimigos, meu irmão, você não entendeu nada da Bíblia ainda que tenha decorado cada versícula dela.
Salienta-se que a nossa comunhão com Jesus aumenta quando o nosso coração conhece o perdão e passa a amar as pessoas mais "difíceis". Jesus passa a morar dentro da nossa alma, amando e perdoando as pessoas por nós. Passamos a tomar atitudes iluminadas que, em verdade, são causadas pela presença Dele em nós. Devemos ser humildes em reconhecer que é o amor de Jesus em nós o motivo da nossa bondade -- não é mérito nosso.
Em minha experiência de fé, rezar pelos "inimigos" (não tenho grandes inimigos declarados, mas há pessoas que foram afastadas da minha vida após alguns mal-entendidos e pessoas que não têm afinidade comigo) trouxe bons frutos em minha vida. As minhas orações ficaram mais fortes, mais "sintonizadas" com Deus e mais "refinadas". A primeira a ser beneficiada com essas orações foi a minha própria vida. Meu coração ganhou leveza quando eu aprendi a perdoar e a olhar os inimigos com compaixão, entendimento espiritual, consciência elevada e imparcialidade.
O peso do rancor foi apagado e uma sensação de paz invadiu a minha alma profundamente. Com o passado bem resolvido dentro de mim, tive mais clareza e concentração para focar em meus projetos do momento presente e obter, assim, mais sucesso em minha própria vida. As mágoas, quando mal resolvidas em nós, atrapalham o nosso foco, o nosso serviço no bem, os nossos projetos profissionais e até mesmo diminui a nossa caridade, corroendo o nosso coração pouco a pouco. O perdão, por outro lado, limpa a alma, purifica o nosso coração, renova o nosso interior para que possamos ser preenchidos por novos sentimentos bons e termos concentração para projetos cheios de êxito e alegria.
Ninguém é "bobo" por desejar o bem a quem um dia causou feridas em sua vida. Ao contrário, saber perdoar e desejar o bem dos inimigos indicam um alto índice de esperteza (esperteza do bem), desenvolvimento espiritual, compreensão dos ensinamentos de Cristo e sabedoria. O verdadeiro esperto não é aquele que se vinga. A vingança não repara o mal do passado, mas cria novos males e inverte os papéis de vítima e agressor somente. A vítima do passado torna-se o novo agressor e, assim sucessivamente, em um eterno círculo vicioso instigado pelo mal. Além do mais, a vingança sempre afeta pessoas inocentes. Desejar o mal para os outros pode até causar efeitos negativos na vida deles, mas o mal sempre retorna em dobro para todo aquele que deseja o mal para uma pessoa (ainda que essa pessoa seja a pior do mundo ou a sua maior inimiga). Desejar o mal para alguém nunca vale a pena. O vingativo é bobo, ignorante e cego espiritualmente. O vingativo não vê que produzir novos males jamais curará suas feridas emocionais do passado.
A vingança só alarga as chagas emocionais das nossas almas, prejudica a nossa alma e atormenta o nosso coração. O perdão, por sua vez, cura as nossas chagas emocionais mais profundas com a paz de Cristo. E a verdadeira e mais bela "vingança" não estaria justamente em estar em paz e feliz? Nada afeta tanto um inimigo quanto ver o nosso brilho sereno no olhar e o nosso sorriso nos lábios. Quando um inimigo percebe que o mal dele não nos atingiu, conseguimos obter a verdadeira "vingança" sadia.
Quando um inimigo vê o nosso sorriso, a nossa "vingança" está feita. Nenhum mal precisa ser desejado para ele. Você não precisa virar a pessoa que feriu você um dia -- e é isso o que a vingança faz. Seus inimigos até ficariam felizes com a sua degradação espiritual e com o seu infeliz e baixo nível moral na vingança contra eles. Seu inimigo ficaria (consciente ou inconscientemente) feliz ao ver que o mal dele corrompeu o seu coração e atingiu você. Manter-se incorruptível diante do mal e inabalável diante das mágoas é o verdadeiro caminho da felicidade -- e é essa a felicidade que, naturalmente, fará justiça por você.
Sendo assim, mantenha-se iluminado, bondoso, honesto e repleto de paz e perdão no coração. O seu alto nível moral, a sua alegria espiritual, o seu sucesso e a sua felicidade serão as suas maiores "vinganças". Nada é mais satisfatório do que sorrir diante daquele que viu você chorar no passado ou que provocou as suas lágrimas. Lágrimas são apagadas com sorrisos e não com vinganças.
Parece loucura defender o perdão. Mas, perdoar os inimigos é a sua maior "vingança", pois demonstra uma alma incorruptível cujo mal dos inimigos não obteve lugar. Jesus já dizia sobre o perdão há mais de dois mil anos, mas poucas pessoas escutaram o Mestre realmente. A nossa sociedade ama alimentar o ego humano com filmes, livros, séries e telenovelas com histórias de vingança. Em verdade, essas histórias de vingança só são emocionantes nas telas do cinema, pois, na vida real, apenas o perdão pode fazer a nossa alma feliz de verdade. E rezar pelos inimigos é o caminho que mais traz crescimento e felicidade à alma daquele que ora. Os frutos da oração de quem reza pelos seus inimigos sempre são os mais belos. Vemos rapidamente a nossa vida mudar positivamente: nossas orações têm mais efeito e inúmeras graças chegam até nós quando aprendemos a perdoar e a rezar pelos inimigos.
Enquanto a mágoa prende o nosso coração em angústias diversas e a vingança torna a nossa alma refém do mal (do nosso mal e do mal do nosso inimigo), o perdão liberta o coração, aumenta a disposição da nossa alma e revigora as forças da nossa saúde emocional. Além do mais, perdoar os inimigos e desejar o bem para aqueles que desejam o mal para nós são os melhores caminhos para aproximar de verdade o nosso coração do divino coração de Jesus. E não existe alegria mais suprema do que aquela de estar em comunhão plena com o coração de Cristo.
Existem pessoas vingativas que fazem "trabalhos" de magia contra os seus inimigos. Com todo respeito às diversas religiões, o mal nunca é o caminho. Esse tipo de magia sempre volta em dobro para quem o faz, dando uma rasteira no autor desse tipo de trabalho. O feitiço, como diz o ditado, sempre vira contra o feiticeiro. Esse tipo de magia negra escraviza a nossa alma, mina as nossas energias e não cura as chagas emocionais causadas pelos inimigos em nós. Somente Jesus Cristo cura as nossas chagas emocionais, pois Ele é o Médicos dos Médicos, o Mestre dos Mestres, Aquele que permitiu chagas em seu corpo na cruz para curar as chagas de nossas almas. Entregue o seu coração a Jesus Cristo e Ele fará justiça por você. Não existe justiça mais perfeita do que a de Deus. Querer fazer justiça com as próprias mãos é orgulho e, muitas vezes, leva a nossa alma para caminhos tortuosos do mal e da injustiça. Tenha a humildade de ser resignado e desejar o bem e a sabedoria para todas as pessoas -- incluindo os seus inimigos.
A Tua Justiça é uma justiça eterna e a Tua Lei é a verdade.
Salmos 119:142.
Parece revoltante ver uma pessoa má aparentemente "se dando bem" na vida. Mas, não se revolte, pois quem é sábio de verdade sabe que toda vitória que não é baseada na honestidade e na justiça é derrotada um dia. Se seus inimigos são pessoas desonestas, os próprios crimes deles e as ações imorais dos mesmos um dia trarão consequências danosas para a vida deles naturalmente -- e você nem precisa desejar o mal e sujar a sua alma com mágoa e revolta. Confie na justiça de Deus. A justiça de Deus pode ser demorada, mas é a única que é perfeita. A justiça de Deus "tarda, mas não falha" como diz o ditado popular. Tenha sabedoria para ver além do mundo das aparências. Aparentemente, uma pessoa má pode estar se dando bem no momento, mas quem é sábio enxerga a profundidade das suas futuras derrotas por ela ter violado as leis da sabedoria de Deus. Quem é sábio não se envenena com o mundo das aparências.
Muitas pessoas têm medo de que seus inimigos lancem "trabalhos" de magia contra elas. O medo acaba atraindo realmente coisas ruins em sua vida, mas não adianta culpar os seus inimigos nem os "trabalhos" mágicos deles. A sua força espiritual e a sua proteção espiritual são responsabilidades suas. Você deve manter-se sempre protegido com uma vida de oração disciplinada, forte e dirigida para o bem. Quando estamos caminhando no bem, evitando o pecado e com o coração em comunhão com o de Jesus Cristo, nenhum mal pode atingir a nossa vida. Os anjos do Senhor protegem a vida daqueles que amam o Senhor. Não existe proteção maior do que amar a Deus sobre todas as coisas e deixar o amor pelo Senhor invadir o seu coração.
Salienta-se que o maior perigo para o seu inimigo é o feitiço dele encontrar uma pessoa que está de joelhos orando por ele em nome do Senhor. O Senhor imediatamente faz justiça e condena aqueles que estão atacando os seus filhos e discípulos. E rezar pelos inimigos purifica o nosso coração do pecado, aumentando o nível da nossa proteção espiritual. Quando alguém trabalha no caminho da santidade, o Senhor protege ainda mais a sua vida. Não obstante, aquele que alimenta maus sentimentos contra os seus inimigos "esburaca" o seu coração, suja a sua alma com o pecado da mágoa e do ódio e afasta a proteção dos Santos Anjos do Senhor.
A beleza da fé cristã e católica está em desejar o bem para os nossos inimigos. O cristão pode repudiar o pecado, mas ama e acolhe o pecador. Enquanto outras religiões declaram até mesmo guerras contra os seus inimigos, nós somos aqueles que amamos os nossos inimigos e declaramos guerra contra nós mesmos -- guerra contra o nosso mal interno e o intenso desejo de purificação interior com base nas diretrizes e nos preceitos de amor ensinados pelo Senhor Jesus.
Ser cristão é saber perdoar, porque o Senhor ensinou os seus discípulos a perdoarem infinitamente. A metáfora que Jesus usou de setenta vezes sete aponta a atitude eterna de perdão que o cristão deve adotar. Veja o trecho bíblico sobre o ensinamento do perdão (Mateus 18:21,22): Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.
Além do mais, devemos perdoar os outros por necessitarmos do perdão também -- não somos perfeitos, erramos e desejamos o perdão. Do mesmo modo que almejamos o perdão dos nossos pecados e a redenção em Cristo, devemos perdoar o próximo quando ele peca contra nós. A Bíblia ensina os fiéis que eles serão julgados conforme a medida que usam para julgar os outros. Em Mateus 7:1-2, vemos: "Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês."
Desse modo, quem somos nós para julgarmos os outros? Pensamentos de análise e julgamento são comuns, mas precisamos aprender a purificar o nosso interior desses julgamentos e entregá-los a Deus. Apenas Deus sabe fazer justiça perfeitamente e julgar a todos com infinita sabedoria. Somente Deus pode enxergar o interior do próximo no momento do erro. Em Jeremias 31,34, vemos a misericórdia do Senhor na hora do julgamento e o perdão das nossas faltas: Então, ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: "Aprende a conhecer o Senhor", porque todos me conhecerão, grandes e pequenos -- oráculo do Senhor --, pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados.
Para aprender a perdoar, podemos tomar inspirações boas na vida dos Santos da Igreja Católica. Santa Rita, por exemplo, preferiu que os seus filhos morressem naturalmente e tivessem as almas salvas a presenciar as mãos deles sujas do sangue da vingança. O marido dela havia sido assassinado por ser um homem repleto de inimigos devido ao seu jeito colérico, mas ela não quis que os seus filhos fizessem vingança à morte do pai. Santa Rita tinha uma visão sábia e esclarecida -- ela sabia que a alma fica perdida quando alguém promove a vingança. Santa Rita, inclusive, rezava pela salvação dos inimigos de seu marido assassinado.
Devemos perdoar os nossos inimigos, porque desejar a salvação de todos é o nosso dever. Além do mais, como já foi dito no presente texto, a maior parte dos pecados dirigidos contra nós aconteceu em um momento de inconsciência dos nossos inimigos. A maioria das pessoas que age no mal não sabe o que faz. É preciso lembrar do que Jesus disse ao ser levado para a cruz: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lucas 23:24). Os santos sempre perdoaram os seus carrascos e perseguidores mesmo nos piores martírios e Jesus perdoou aqueles que perseguiram a sua vida, açoitaram e crucificaram o seu corpo. Por que não podemos perdoar uma bobagem qualquer de um inimigo? Comparados aos sofrimentos de Jesus na cruz, quaisquer sofrimentos nossos causados por inimigos são pequenos -- pequenos demais para não serem perdoados.
Não é preciso ser um expert em teologia para perceber que o perdão é um dos maiores pilares do cristianismo. A própria oração do Pai-Nosso (sempre simples e, ao mesmo tempo, a mais nobre das orações) contém o perdão em uma de suas frases principais: "Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido..."
Esse texto foi escrito dentro da perspectiva da minha religião -- Católica Apostólica Romana. Mas, creio que todos os cristãos podem seguir o ensinamento do perdão contido nesse texto. Evangélicos e cristãos ortodoxos também encontram a identidade em Cristo -- e todo o ensinamento de perdão desse texto é baseado em Cristo. Há uma curiosidade na Igreja Ortodoxa muito interessante: como castigo para aqueles que não conseguem perdoar o próximo, todo aquele que não consegue perdoar os outros fica proibido de pronunciar o trecho sobre perdão que está dentro do Pai-Nosso. Talvez os ortodoxos estejam certos nessa penitência. Afinal, seria hipocrisia rezar o Pai-Nosso com mágoas no coração e desejos de vingança, não seria?
Por fim, é preciso esclarecer as questões que muitos leitores estão fazendo nesse momento: Tudo bem que desejar o bem do inimigo é muito bonito espiritualmente, mas é possível desejar o bem para quem fez mal para mim? Por que é preciso que o inimigo esteja bem? É possível desejar o bem para quem fez mal para nós. É possível sim. Plenamente possível. Antes de orar pelos seus inimigos, ore para a Santíssima Trindade. Permita que o Pai, o Filho e o Espírito Santo estejam com você no momento da oração. Quando o seu coração está em comunhão com o coração de Jesus, o amor pelos inimigos flui dentro dele. É Jesus que passa a amar os nossos inimigos dentro de nós. Portanto, rezar pelos inimigos é a maneira mais profunda de comprovar a sua comunhão com Jesus Cristo, pois é difícil amar os inimigos sem estar em comunhão com Ele.
Se você tentar amar os inimigos sozinho, você verá que não é possível sentir amor por eles -- por mais que o seu orgulho tenha grande estima pelo seu lado "bonzinho". É preciso fé em Cristo para amar os inimigos. Com a fé, é plenamente possível amar os inimigos. Mas, não tenha orgulho por ter atingido esse "nível" de amor: É Cristo que está amando dentro de você... Sua evolução espiritual é mérito de Cristo e não mérito seu. Seja humilde e reconheça que, sem Cristo, você é miseravelmente rancoroso, egocêntrico, passional e perdido. Sendo assim, quando conseguir amar os inimigos, não sinta orgulho nem presunção espiritual. Continue mantendo uma postura de humildade, doçura e fé. É o Divino Espírito Santo que age dentro de você... Não há motivo para orgulho. Há motivo para mais humildade e joelhos dobrados por essa ação de Deus em seu coração.
Não amamos o nosso inimigo para sentir superioridade moral e espiritual embora seja divertido verificar que pagar o mal com o bem também gera certa gratificação para o nosso ego humano. E está tudo bem se você usa o ego para o bem. Por mais humilde e espiritualizado que você seja, você sempre terá uma pontinha de ego lá no fundo (sejamos sinceros!). Sinceramente, é melhor canalizar esse ego para a gratificação de estar sendo nobre com quem feriu você do que usar o ego para o mal e para ímpetos vingativos.
Ocorre que o propósito de amar o inimigo não é se sentir bem com o próprio ego e alimentar a nossa imagem de "bonzinho" e nobre. O propósito de amar o inimigo é estar cada vez mais em comunhão com Jesus Cristo. E não existe alegria maior do que sentir humildemente a presença Dele dentro de nós. É preciso ser humilde para reconhecer que não somos nada sem Cristo. É preciso entregar a nossa alma para Cristo. Quando entregamos a nossa alma para Cristo, as nossas emoções passionais deixam de agir e criar confusão em nossa vida. A alma, quando está em Cristo, é coordenada pelos dons do Divino Espírito Santo.
Para responder a outra questão, é preciso que os seus inimigos estejam bem. Sabem o motivo? Inimigos infelizes geram infelicidade e infortúnios espirituais para você também. O inimigo infeliz sente mais inveja e rancor de você. O inimigo infeliz joga mais pragas sobre você. Se você concretizar uma vingança, o inimigo fica ainda mais feroz. O inimigo infeliz alimente um círculo vicioso de infortúnios espirituais para você. Acontece que, quando oramos pelo bem dos nossos inimigos, o mal deles deixa de ter poder. O inimigo feliz deixa de sentir inveja de sua vida. O inimigo tranquilo e com saúde esquece de jogar pragas em você. Você acaba sendo beneficiado pelo bem dos seus inimigos também. Sua vida fica mais tranquila e o seu sucesso fica mais protegido.
Além do mais, pelo significado espiritual mais profundo, Deus nunca deixa de aplicar a Sua Justiça. Logo, o seu inimigo terá consequências do mal que praticou contra você. Pessoas aparecerão na vida do seu inimigo adotando o mesmo comportamento que ele adotou contra você. Você não precisa desejar o mal nem fazer justiça com as próprias mãos. A justiça virá na forma de outras pessoas que serão "espelhos" dos males do seu inimigo. Seu inimigo sempre tomará o próprio veneno e sempre atrairá pessoas como ele, passando pelas mesmas angústias que ele causou em seu coração.
Fique tranquilo, pois a justiça de Deus é pesada e clara. Sinta compaixão pelos seus inimigos, pois eles agem na escuridão. Portanto, como cristão, seu dever é desejar a luz de Cristo e a salvação para a vida deles. Quem é cristão deve agir conforme a luz. E a luz é Cristo. Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida."
Quando a sua jornada espiritual ficar mais madura, você perceberá que, em verdade, nós não temos inimigos. Até a pior pessoa que passou pela sua vida não é a sua verdadeira inimiga. Nossos inimigos verdadeiros são internos e espirituais. Nossos inimigos verdadeiros são: o pecado, o mundo, a carne, satanás, os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas, os nossos pensamentos ruins e os nossos sentimentos ruins.
A mágoa é sua inimiga e não quem supostamente causou a mágoa em seu coração. O inimigo espiritual (satanás) usa as nossas mágoas para derrubar a nossa santidade e alimentar o lado mais sombrio do nosso ego. É fácil ser corrompido pelas nossas mágoas. Portanto, devemos orar pelos nossos inimigos não somente pela salvação deles, mas pela nossa própria salvação. É fácil ser bom quando tudo está bem. É fácil amar e desejar o bem para as pessoas boas e para os nossos amigos. O difícil é ser bom em circunstâncias ruins. O difícil é desejar o bem para os nossos inimigos. E as circunstâncias ruins e os nossos inimigos são testes para a nossa bondade e santidade. Deus permite que coisas ruins aconteçam na vida das pessoas boas para testar o caráter delas.
Em Eclesiástico 2,4, vemos os preceitos de Deus: Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus pelo cadinho da humilhação. Em Mateus 5,47, Jesus ordena claramente que os cristãos serão distintos dos demais pelo amor aos inimigos (afinal, os pagãos também amam os seus amigos, mas somente os cristãos verdadeiros serão capazes de amar os seus inimigos também): "Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isso também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, assim como Vosso Pai celeste é perfeito."
Nossa perfeição estará em perceber que, ao amar os inimigos, veremos que, em verdade, eles não são nossos inimigos e que não existem inimigos do jeito como a nossa sociedade baseada na rixa e na vingança está acostumada a enxergar. É preciso ressaltar que, indubitavelmente, não temos inimigos de carne e osso. Nossos verdadeiros inimigos são espirituais. Na Bíblia, vemos essa verdade claramente em Efésios 6:12: Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Saindo das citações bíblicas e verificando as citações filosóficas, encontramos na filosofia de Sun Tzu (filósofo chinês e autor do livro "A Arte da Guerra") a seguinte frase: "A maior vitória pertence àquele que vence sem desembainhar sua espada". E, por falar em filosofia, o filósofo cristão e conservador Chesterton costumava afirmar o seguinte: "A Bíblia nos ensina a amar o próximo e também a amar nossos inimigos, provavelmente, porque, em geral, são as mesmas pessoas".
*Conclusão: Minha oração para os inimigos e como eu lido com as inimizades hoje.
Hoje em dia, sou uma pessoa mais tranquila em relação às inimizades. Não me sinto angustiada se alguém não gosta de mim nem forço simpatia para agradar aquele que dá sinais de que não gosta de mim. Não procuro quem causa maus sentimentos em mim. Simplesmente, fico afastada da pessoa e rezo por ela.
Por outro lado, não deixei de ser uma pessoa simpática. Modéstia à parte, é da minha natureza e do meu temperamento ser diplomática e conquistar as pessoas com o meu jeito agradável, comunicativo e sorridente. Apenas equilibrei a minha personalidade, sabendo dizer "não" quando é preciso e sabendo ser mais firme e "fria" em momentos necessários. Sei controlar melhor as minhas emoções e permanecer mais firme e fria por fora. Porém, também aprendi a ser mais "quente" por dentro do jeito certo -- deixando o calor do fogo do Divino Espírito Santo purificar a minha alma e amar os inimigos por mim.
Não me sinto mais revoltada e injustiçada quando alguém tenta causar mágoas em mim ou quando alguém se revela antipático, desagradável e inconveniente. Deixo que cada pessoa carregue os seus próprios pecados. Se o outro é mau comigo, aprendi que o pecado é dele e não meu. Não absorvo mais o mal que é lançado contra mim. Sinto mais firmemente o "escudo" da fé em minha vida.
Sei valorizar mais quem dá valor para mim. Criei, ao meu redor, um círculo de amizades saudável, repleto de pessoas boas e que fazem bem para mim. Simplesmente, aprendi a me afastar de pessoas tóxicas e com tendências invejosas ou que podem ser minhas "inimigas". Por outro lado, também sei exercer a caridade com pessoas desagradáveis. Não nego ajuda para um "inimigo" e até sei me aproximar de pessoas "inimigas" quando sou inspirada para pronunciar alguma palavra de conforto ou para exercer a verdadeira caridade (e não para ser considerada "boazinha" e simpática).
Quando faço o bem para um inimigo (ou para uma pessoa desagradável), é Cristo que age em mim. A caridade em relação aos meus inimigos é exercida de forma tranquila, cristã e humildade -- não é mais feita com o intuito de reverter um inimigo em um amigo por anseios do meu orgulho (o velho orgulho de querer ser sempre aceita, tal como era manifestado antigamente). A caridade em relação aos meus "inimigos" é simplesmente o fruto das minhas orações -- não me sinto orgulhosa por isso.
Além do mais, não me preocupo com o que os outros pensam superficialmente de mim. Com a minha fé revigorada, somente tenho preocupação com a salvação da minha alma no caminho do bem e com o que Deus sabe profundamente de mim. Minha consciência está tranquila, porque não pequei contra ninguém. Minha consciência busca agradar a Deus somente. Mostro a minha essência verdadeira sem procurar agradar todo mundo. Algumas pessoas gostarão da minha essência e outras não gostarão de mim -- e está tudo bem. Se alguém peca contra mim ou exerce mal julgamento sobre mim, o pecado é do outro e não meu.
Orar pelos "inimigos" trouxe vários frutos em minha vida: perdão, paz, serenidade, humildade, sucesso, alegria, leveza, proteção espiritual, concretização de pedidos pessoais dentro de outras orações, concretização de pedidos de sucesso na minha vida e na vida de meus familiares e amigos, aumento da minha saúde, aumento do meu vigor, tranquilidade emocional e maior comunhão com Cristo.
*Minha oração para os inimigos:
Jesus das Santas Chagas:
Jesus permitiu chagas em seu corpo para curar as de nossas almas.
Senhor Jesus das Santas Chagas, cure as chagas emocionais mais profundas do (a) __________ (nome do inimigo), revigore as forças da alma dele e que ele se sinta completamente perdoado por mim. Esclareça esse mal-entendido no mundo espiritual. Que essa pessoa tenha saúde física, saúde emocional, saúde mental e saúde espiritual. Que essa pessoa saia do caminho do mal e da ignorância e encontre o caminho do bem e da sabedoria. Que Jesus Cristo conduza a vida dessa pessoa no caminho da luz e da sabedoria. Que ela encontre ferramentas de sabedoria que mostrem o caminho da luz para ela. Que essa pessoa encontre Jesus Cristo.
*Mensagem final: Deseje luz e sabedoria até para os seus inimigos. Eu tenho satisfação em desejar a sabedoria, o bem maior, para todo mundo. Minha paixão pela sabedoria é maior do que a paixão por mim mesma -- e é isso que traz humildade para a alma. Quando amamos mais a nós mesmos do que a sabedoria, ficamos magoados por qualquer coisa. Mas, quando amamos a sabedoria de Deus mais do que a nós mesmos, somos capazes de perdoar aqueles que agem na ignorância, na ausência da sabedoria de Deus, e passamos a desejar a sabedoria para todos. Inspire-se em Salomão e seja apaixonado pela sabedoria. A sabedoria vale mais do que ouro.
Texto escrito por Tatyana Casarino.
Tatyana é especialista em Direito Constitucional, advogada, escritora e poetisa.
*Gostou desse tema? Então, confira a homilia do Padre Paulo Ricardo sobre amar os inimigos:
É possível amar os inimigos?
*Incendeia a minha alma -- Música de Padre Fábio de Melo.
https://www.youtube.com/watch?v=HwgvC9T5MlY
*Gostou dessa minha experiência de fé? Então, confira meus outros textos sobre as minhas experiências de fé:
*Rezar pelos amigos:
http://tatycasarino.blogspot.com/2020/05/experiencia-de-fe-2-rezar-pelos-amigos.html
*Penitência de 40 dias sem compras:
http://tatycasarino.blogspot.com/2020/05/experiencia-de-fe-1-penitencia-de-40.html
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