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quinta-feira, 15 de março de 2018

O que é ser uma pessoa profunda?

     

Quero mergulhar nas profundezas do Espírito de Deus
e descobrir suas riquezas em meu coração.
É tão lindo, tão simples. Brisa leve,
tão suave doce Espírito Santo de Deus.
Tão suave, brisa leve, doce Espírito Santo de Deus. 

Música “Quero Mergulhar nas Profundezas” de Padre Marcelo Rossi. A letra da música é linda e tem a ver com o tema da postagem. Confira a música no vídeo abaixo. Se quiser, pode ler o texto e escutar a canção ao mesmo tempo. 



  
    Talvez você tenha noções equivocadas do que seja profundidade na personalidade humana. Este texto traz uma noção totalmente diferente do que é ser profundo de verdade. Primeiramente, é preciso expor o que não significa profundidade. Ser uma pessoa inteligente não é garantia de uma alma profunda. Ser inteligente apenas significa que você tem aptidões cognitivas e dons intelectuais, mas não significa que você é uma pessoa profunda. Falar mais de três idiomas também não é indício de profundidade... Isto apenas aponta que você é poliglota e tem diversos domínios linguísticos. 
  Ler textos filosóficos não é sinônimo de profundidade, pois apenas aponta que você acumula conhecimento. E buscar o conhecimento é sempre nobre, mas não significa necessariamente que você é uma pessoa profunda. Vale ressaltar que ler poesias também não é sinônimo de alma profunda como muitos pensam. Ler poesias apenas sinaliza uma alma sensível e reflexiva com potenciais de desenvolver a profundidade, mas não há garantia desta. 
    Diante do exposto, você deve refletir: Afinal de contas, o que é ser uma pessoa profunda? Ser uma pessoa profunda é ter consciência de suas raizes interiores, da alma que mora dentro de você e que é independente dos fatores externos que navegam pela superfície. Uma pessoa profunda está tão fincada em seu núcleo interior — naquela parte indestrutível e imortal da alma que é pura paz e centelha divina — que não se altera diante das intempéries do cotidiano. 
      Ser uma pessoa profunda é ser uma pessoa que nega a reatividade do ego para surpreender a todos com ações pautadas pela lucidez. Ser uma pessoa profunda é receber uma ofensa com calma e não retrucar com palavras ríspidas no calor do momento. Ser uma pessoa profunda é dar a segunda face. Ser uma pessoa profunda é saber perdoar, pois a consciência aponta que sempre há feridas por trás daquele que quis ferir você. Ser uma pessoa profunda é aceitar os altos e baixos da vida, porque o discernimento proclama que a vida externa sempre será cíclica — apenas a vida interior deve permanecer na retidão. 
     Ser uma pessoa profunda é não se deslumbrar com a matéria e não pautar a autoestima naquilo que se tem, mas ter um orgulho positivo daquilo que se é. Ser uma pessoa profunda é recusar a competitividade, porque cada ser humano tem uma jornada e uma lição própria para aprender. Ser uma pessoa profunda é não ter inveja, pois cada ser humano é um irmão espiritual cuja alegria ressoa no universo e também em você. 
      Ser uma pessoa profunda também é não ter medo da inveja alheia diante do seu brilho, pois a sabedoria aponta que todos aqueles que invejam você apenas estão manifestando um tipo de admiração — só que em oitavas inferiores. Afinal, invejar é admirar com ódio e admirar é invejar com amor. O que determina o grau evolutivo de um sentimento é a qualidade do amor vibrado por ele. 
       Para entender mais sobre a profundidade espiritual, eu sugiro o livro “O Poder do Agora” de Eckhart Tolle. Neste livro, há uma explicação sobre a diferença entre a superfície da vida — guiada pelos pensamentos — e a profundidade da consciência — relacionada ao mistério silencioso que mora em nós. É como se cada ser humano fosse um oceano — as ondas barulhentas do mar representam a superfície enquanto a parte mais profunda e silenciosa do oceano guardasse a nossa verdadeira essência. 

              

         
          Na maior parte do tempo, onde você vive? Na superfície agitada ou no oceano profundo e pacífico? Se você é irritadiço e fica alterado com qualquer coisinha negativa que ocorre na superfície, você ainda é uma pessoa rasa. Se você muda de humor com facilidade e chora por qualquer mínima ofensa, você ainda não se conhece e precisa acessar a parte profunda da alma para ter mais autoestima e autoconfiança. 
          Enfim, se você fica abalado com qualquer contrariedade cotidiana, você é uma pessoa rasa. Digo rasa não no sentido pejorativo do termo, mas no sentido de que você ainda não fincou sua segurança interior na sua essência profunda que é pura luz e entendimento. 
           Talvez você pode estar resmungando nesse momento do texto: “Rasa? Eu? Logo eu que sou uma pessoa tão profunda e sensível?” Sinto em informar a você que você é uma pessoa ainda rasa sim, porque se fosse profunda não faria tanto drama diante dos obstáculos nem se abalaria tanto com a menor contrariedade. 
           Não pense que eu sou uma pessoa profunda. Não escrevo este texto com tom superior. Apenas estou compartilhando um conhecimento sobre profundidade que a minha intuição descobriu. Mas ainda não sou uma pessoa profunda e completa. Estou em construção. Ainda estou em busca do lugar mais seguro que mora em minha Essência. Ainda estou cavando dentro de mim o meu “Porto Seguro”. 
          Ainda estou mergulhando dentro da minha alma para encontrar a minha luz e o lugar onde posso repousar. Ainda estou caçando a minha paz de espírito a fim de encontrar o lugar onde o barulho das ondas da superfície não me abale. A respeito disso, sugiro que leia a poesia “Caçando no Abismo e na Montanha” que eu escrevi para expressar a minha jornada espiritual em busca da paz e da sabedoria. 
          Confesso que sou uma pessoa emocionalmente instável. Tenho inseguranças, medos e pensamentos ruins como todo mundo. Durante muito tempo, eu até me orgulhava da minha sensibilidade emocional. Quando eu me abalava diante de um mínimo fato, eu justificava aquilo dizendo que eu era “sensível”, “sem pele emocional” e, por tais razões, sentia-me mais abalada diante de pequenos motivos. Mas, eu descobri que abalar-se emocionalmente com  facilidade nada tem a ver com "sensibilidade"... Isto é falta de profundidade emocional. Se eu fosse uma pessoa realmente profunda, minhas emoções estariam tão ancoradas no meu porto seguro interno que nada me atingiria. 
        Que este texto sirva de alerta a todos os que se abalam com as intempéries da superfície e colocam a culpa na "sensibilidade". Ser sensível é ter um olhar apurado diante da vida, que enxega a beleza interior e busca a profundidade. Não é cultivar drama nem chorar à toa. Há muito mais sensibilidade na resignação de Jesus ao dar a segunda face e perdoar os seus inimigos do que nas nossas lágrimas, revoltas e mágoas diante das ofensas e críticas. Saiba enxergar o que é sensibilidade. Não há sensibilidade sem profundidade. Abalar-se com a superfície é fragilidade do ego e não sensibilidade. 

             

       
               Você já se perguntou por qual motivo as pessoas buscam a meditação? Justamente para mergulhar na essência e descobrir o porto seguro interior. As pessoas meditam para serem mais calmas, menos reativas e mais lúcidas.  Você já meditou? Já ouviu a sabedoria interior? Já escutou a sua intuição? Já se sentiu confortável consigo mesmo? Já driblou os pensamentos rasos? Somente ancorado dentro de si mesmo você saberá o que é força. Caso contrário, haverá desperdício de tempo com a fragilidade do ego. 
               Descobrir o quanto somos rasos pode ser um legítimo "soco no estômago", mas não existe transformação sem a dor de encarar as nossas sombras. Talvez você tenha o ego grande como eu (todos nós temos de domar o ego) e se considere superior às pessoas fúteis -- aquelas que são materialistas, focadas nas aparências e nos modismos. Mas saiba que, se você fosse realmente profundo, não se sentiria superior a qualquer ser, pois todos somos aprendizes. Além do mais, poderia se surpreender ao descobrir que você pode ser tão raso quanto essas pessoas. Se você fosse espiritualmente profundo de verdade, seria humilde e nada poderia abalar você. Quem se ofende é o ego. Se ele se ofende com facilidade, trabalhe o amor próprio saudável e a humildade. Um ego frágil sinaliza orgulho. Cuidado, hein! 
                   Por fim, reitero: profundidade não tem nada a ver com intelectualidade como disse no início do texto. Um analfabeto pode ser mais profundo, resiliente e sábio do que um doutor. As pessoas adoram glamourizar o gênio louco, mas o verdadeiro gênio é profundo e sábio. As pessoas adoram lançar pesquisas que apontam a relação entre inteligência, ceticismo e depressão. Mas elas se esquecem de apontar a profunda relação entre a sabedoria, a fé e a alegria. 

                          

                  
                    A inteligência faz parte da mente, mas a mente não é tudo. A mente é enganosa como diz o budismo. O verdadeiro inteligente é aquele que transcende a mente e penetra no mistério do coração. Que me perdoem os ateus, mas o ateísmo é raso. Se você só crê naquilo que é visível e calculado, você é raso. Somente na profundidade cremos no invisível. Há mais profundidade nas personalidades de Cristo e de Buda do que em todos os livros escritos pelos intelectuais e filósofos mais famosos de todos os tempos. 
                  Termino este texto fazendo um convite: que tal mergulhar em si mesmo? Não precisa concordar comigo, mas aflore a sua intuição. O que a sua intuição diz sobre tudo isso que escrevi?

Um abraço fraterno!!

Texto escrito por Tatyana Casarino


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