O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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terça-feira, 8 de agosto de 2017

Histórias de Catarina, a Mística.


                   


Histórias de Catarina, a Mística. 

  Olá, pessoal! Resolvi criar a personagem Catarina para expor algumas histórias repletas de humor sobre os desafios de ser místico hoje em dia.

 Eis abaixo textos de humor sobre as peculiaridades da vida de uma jovem que opta por seguir o misticismo. 

                   


      Segura nas mãos de Deus e vai...

    Catarina estava na quinta série quando a professora ensinou a respeito da Teoria do Big Bang. Apaixonada por biologia, ela sonhava em ser cientista quando crescer. Sempre muito religiosa dese pequena, ela adormeceu com dúvidas naquela noite. "Será que Deus realmente existe?" --Era uma das dúvidas que rondavam a sua mente. Ela achou a teoria do Big Bang fantástica, assim como a história da formação do sistema solar. A sua turma estava fazendo maquetes dos planetas e ela tinha de decorar a ordem dos planetas, desde o mais próximo do sol até o mais distante: "Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão." Para decorar a ordem dos planetas, ela cantava uma música com as iniciais de cada planeta: "Me-Ve-Te-Ma-Ju-Sa-Ur-Ne-Plu". 
    Certa vez, ela abriu o armário de livros de sua casa e deparou-se com um livro de Astrologia. Abriu aquele livro e achou fantástica a explicação de que cada planeta que ela estudou na escola pudesse vibrar numa energia, influenciando personalidades. Ela fez seu mapa astral e descobriu que muitas coisas faziam sentido. Então, ela passou a perguntar para cada colega que conhecesse: "Qual é o seu signo?"
      Um dia, ela perguntou ao seu pai: "Pai, Deus e o Big Bang podem existir ao mesmo tempo?" E o seu pai, com um sorriso doce, respondeu-lhe: "É claro que sim, Deus está por trás do Big Bang." A partir daquele dia, todas as suas dúvidas cessaram e ela começou a estudar a Cabala. Na resposta de seu pai, havia uma ponte entre o místico e o científico (ela tinha certeza disso).
     Como ela poderia ser tão apaixonada por ciência e tão mística ao mesmo tempo? Será que ela era contraditória? Afinal, ciência ou misticismo? Será que ela deveria optar por um deles e abandonar o outro?  
      Com apenas onze anos de idade, ela devorava livros de ciência, assim como devorava livros de espiritismo, Cabala, Astrologia e religião. Em seu quarto, os livros católicos de Eucaristia estavam espalhados. Nesses livros, haviam cartas e desenhos para Jesus e para o seu avô falecido. 
       Quando estava com 16 anos, resolveu chamar um colega para estudar português em sua casa. Nessa idade, ela percebeu que tinha mais facilidade em matérias como português, história e geografia do que na ciência que tanto encantou a sua infância. 
       As ciências humanas já tinham ocupado todo o seu coração, expulsando qualquer paixão antiga por matemática, biologia, física ou química. Estas últimas matérias representavam os seus piores pesadelos na adolescência e não mais os seus mais belos sonhos como era na infância. Ler e escrever eram muito mais atraentes do que ficar fazendo contas, pois ela sabia que as letras haviam roubado o seu coração dos números. 
        Ricardo, o garoto que foi estudar em sua casa, por sua vez, tinha muita dificuldade no âmbito das humanas. Ele era ateu e muito mais matemático do que literário. Ela resolveu ajudar, é claro. Tirou xerox de todo o seu caderno de português, bem como de seus resumos. Depois, ela deu o material para o garoto estudar (ela não cobrou o valor do xerox, pois amava dar materiais de estudo de presente). Enquanto eles se sentaram na grande mesa da sala de seu apartamento para estudar, a avó dela começou a cantar as músicas do Padre Marcelo Rossi. 
           Enquanto a garota tentava ensinar a respeito de Análise Sintática, Análise Morfológica e tipos de Verbos, a sua avó Teresa cantava "Segura na mão de Deus e vai..." Ansioso, o garoto ria enquanto balançava a perna. Ela percebeu que não havia ironia em sua risada, mas bom humor. Ela também pensou que há pessoas que riem quando ficam tensas e que ele era assim. Só ela tinha a sensibilidade para entender isso e gostava de ser agradável com as pessoas. Para melhorar a situação, ela disse: "Vamos estudar no meu quarto, pois lá é mais silencioso." O garoto aceitou estudar no quarto dela. 
            Chegando no quarto dela, ele percebeu vários elementos místicos: um quadro de anjos pendurado na parede em cima da cama, incensos, livros de espiritismo e astrologia sobre a cama e santos para todos os lados. 
            Ele se sentou na cadeira mais confortável em frente da escrivaninha dela, deparando-se com a imagem de Nossa Senhora Desatadora dos Nós ao lado do computador da garota. Ele só arregalou os olhos, mas logo direcionou o olhar para os livros discretamente. Ela queria deixar o ambiente o mais agradável possível para o rapaz estudar, mas talvez o lar dela fosse místico demais para ele...
            Todavia, o rapaz ficou confortável e conseguiu se concentrar nos estudos. Após duas horas de estudos, ele disse: "O que eu aprendi em duas horas com você hoje é muito mais valioso do que o que eu ouvi na sala de aula durante dois meses." Ela ficou feliz com o elogio e disse: "Muito obrigada! Eu gosto de facilitar as coisas para as pessoas entenderem. Aliás, o meu maior sonho é o de ser professora em alguma área das ciências humanas, já que eu desisti de ser cientista." 
             O garoto arregalou os olhos e balançou a cabeça um pouco surpreso. Depois de minutos de silêncio, ele perguntou para Catarina: "Você já pensou em ser cientista?" Catarina, percebendo a surpresa dele, respondeu-lhe timidamente: "Sim, eu já pensei." O rapaz passou os olhos pelas capas dos livros místicos dela um pouco assustado e, então, afirmou gentilmente: "Você tem dom para as ciências humanas. Acredito que você não combina muito com o mundo da física ou da ciência tradicional." 
             A garota desviou o olhar dos olhos dele um pouco constrangida e cruzou os braços. Percebendo que tinha deixado Catarina sem jeito, ele resolveu dizer: "Você será uma excelente professora! Eu tenho certeza disso!" Catarina logo respondeu: "Muito obrigada!"
            Após os estudos, Catarina e Ricardo resolveram comer um lanche de pão, presunto e queijo acompanhado de leite e nescau. Quando limpou os lábios no guardanapo, ele disse: "Tenho uma última pergunta." Ela pensou que fosse alguma dúvida de português, mas era uma indagação psicológica. "Como você consegue ficar tão calma durante as provas da professora Rita?"-- Ele indagou.             
                     


         Catarina sorriu diante da pergunta dele, dando a seguinte resposta: "Bem, eu estudo bastante para me sentir segura. Na hora da prova, eu simplesmente seguro na mão de Deus e vou." Ele sorriu e, depois de beber todo o seu copo de achocolatado, ele disse: "Gostaria de ter esse fé." Os dois começaram a rir amigavelmente quando a avó dela começou a lavar louça e cantar a religiosa canção: "Segura na mão de Deus, segura na mão de Deus e vai..."

Texto de Tatyana Casarino. 
             


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   O divórcio da Joana nas cartas do tarô

  Na festa de 18 anos de idade de Catarina, ela resolveu chamar as suas amigas da Faculdade de Direito. Já que Catarina tinha dom para as ciências humanas e ótimo senso de justiça, resolveu cursar Direito. A ciência tradicional e a paixão pela química ficaram definitivamente para trás. Ao invés de química, ela se debruçava em assuntos de alquimia para estudar profundamente. 
 Quando recebia amigas em seu quarto, algumas se assustavam diante de elementos místicos enquanto outras ficavam admirando as cartas de tarô sobre a sua escrivaninha. Ela já estava acostumado com o espanto e com a admiração das pessoas. 
  --Você é vidente?--Indagou Estela, a amiga agnóstica de Catarina. 
  --Não, eu não vejo nada. Eu apenas me concentro no jogo do tarô e interpreto os símbolos das cartas. A minha base está toda nos livros de tarô, e eu ainda não decorei todo o simbolismo. Sou uma aprendiz e amadora. 
   --Você pode abrir as cartas do tarô para mim?--Indagou Joana com faíscas de entusiasmo nos olhos. -- Quanto você cobra?-- Ela perguntou enquanto abria a carteira com as mãos trêmulas. 
   --Por favor, eu não cobro um centavo disso, ok? Guarde a sua carteira dentro da bolsa. Sou muito honesta. Não sou alguma charlatã. Eu sou apenas uma garota que é estudiosa em assuntos místicos. 
  --Vamos jogar tarô?
  --Sim. Feche os seus olhos e se concentre em uma pergunta enquanto eu embaralho as cartas. Apenas mentalize a pergunta e não diga nada para mim por enquanto. A sua pergunta deve ser bem objetiva e não pode ter "ou" e "se" no meio dela, ok? A minha resposta deverá ser sim ou não. Pense em uma pergunta extremamente clara cuja resposta seja única. 
     Enquanto Catarina embaralhava as cartas, Sandra, a amiga mais mística e mais parecida com Catarina, resolveu acender uma vela e um incenso. Durante o embaralhar das cartas, Estela revirava os olhos com desdém e tentava trancar o riso. 
   --Pense na sua pergunta e retire três cartas após cortar o baralho no meio.-- Sugeriu Catarina. 
    --Está bem! Eu escolho esta carta, esta outra carta e esta aqui também.--Respondeu Joana, apontando para as cartas que ainda estavam viradas para baixo. Depois, entregou as cartas nas mãos de Catarina. 
     --Oh, meu Deus!--Exclamou Catarina enquanto virava as cartas do tarô para cima. 
     -- O que foi que você viu, menina?
     --Já disse que não vejo nada. Eu apenas interpreto símbolos. 
     --Quais são os símbolos?
     --Bem, os Arcanos Maiores indicados são: a Torre, a Morte e a Justiça. As duas primeiras cartas possuem símbolos impactantes e desagradáveis. Mas, o meu dever é falar a verdade e não aquilo que você quer ouvir. A Torre simboliza algo que foi destruído, rompido e quebrado de forma abrupta e impactante. Ela sugere desamor, rancor, mágoas, apego ao passado e medo do futuro. Entretanto, o futuro é bem melhor! Confie no futuro. A Morte, por sua vez, é uma carta que espanta, mas ela está longe de simbolizar a morte física. Mais uma vez, confirmando o simbolismo da Torre, ela vem para mostrar algo na sua sua vida que morreu. Pode ser um relacionamento, um projeto profissional ou um negócio. A Justiça mostra frieza, distanciamento e imparcialidade. Pode também significar que você está prestes a encarar a justiça humana de alguma forma, pois a divina já está concluída.
   --Eu estou prestes a me divorciar legalmente.--Afirmou Joana enquanto lágrimas escorriam pela sua face. 
  --Eu sinto muito. --Respondeu Catarina enquanto estendia uma caixa de lenços de papel para Joana. 
   --Catarina, eu preciso de lenços de papel também!--Exclamou Estela enquanto espirrava e tossia diante do cheiro do incenso. --O seu quarto está com um terrível cheiro de vela e incenso. Eu tenho alergia!
    --Oh! Meu Deus!--Exclamou Catarina enquanto dava lenços de papel à Estela. --Vou abrir a janela!
    Quando Catarina abriu a janela, um vento frio entrou no quarto, balançando os cabelos das garotas e apagando a vela. Todas começaram a tremer de frio, e Catarina logo tratou de fechar a janela e abrir a porta do quarto. Sandra abriu os olhos assim que a porta foi aberta.
   --Eu estava em transe meditativo. Consegui até ver o rosto do seu ex-marido. Ele é alto, moreno e bonitão.--Afirmou Sandra. 
   --Como você sabe de tudo isso?--Indagou Joana. 
   --Eu só interpreto símbolos, mas Sandra tem o dom de visualização em transe.--Respondeu Catarina. 
    --Você achou o Cláudio bonitão?--Indagou Joana um pouco irada.
    --Acalme-se, Joana!--Exclamou Catarina apreensiva.-- Então, o nome dele é Cláudio?--Indagou a garota para suavizar o assunto. 
    --Eu vou fazer macumba para este homem!-Exclamou Joana em tom de voz elevado, batendo na escrivaninha com o punho esquerdo enquanto apontava a mão direita para cima. Estela espirrava freneticamente. 
     --Não conte comigo para qualquer macumba de vingança ou feitiço de amarração. Eu só trabalho para o bem, para a verdade, para a paz e para a luz.--Afirmou Catarina firmemente. --Você não levará vantagem fazendo este tipo de coisa. Um homem só deve ficar conosco por amor e por livre consciência. Ninguém deve quebrar a lei do livre-arbítrio.--Completou Catarina. 
     --Vamos parar com este papo de misticismo, por favor!--Exclamou Estela. --Homem é que nem ônibus: vai um e, depois, aparecem outros. Larga este tarô, Joana. Tudo o que você precisa é de uma boa balada para ficar com todos os homens que aparecerem pela frente e esquecer deste traste. Vamos para a balada, meninas?
    --Vocês podem ir, mas eu vou ficar em minha casa.--Disse Catarina. 
    --Vai ficar rezando, santinha?--Indagou Estela.
    --Ela vai ficar rezando pelo seu ego tão escuro e tão cheio de mágoas. Está na hora de perdoar o seu irmão. Seus pais amam você tanto quanto amam o seu irmão. Chega de pensar que os seus pais não amam você, sua mimada de araque!--Exclamou Sandra. 
     --Como você sabe de tudo isso?--Indagou Estela.
     --Eu leio almas!--Exclamou Sandra enquanto olhava profundamente nos olhos de Estela. 
     --Escutou bem isso, Joana? Sandra lê almas!--Gritou Estela antes de soltar uma gargalhada, ocultando as lágrimas de seus olhos. Na verdade, ela havia sido bastante tocada por aquela informação que correspondia à realidade. Porém, jamais admitiria o quanto ficou emocionalmente abalada, agarrando-se em seu ceticismo ainda mais fortemente. 
      --Vamos para a balada, Estela! Hoje eu quero beber todas! Se a Catarina quiser ir, eu pago a bebida para ela, já que leu o tarô para mim e hoje está de aniversário. 
     --Eu agradeço o convite, mas eu não bebo e não gosto de baladas. 
     --Catarina, você acha que o príncipe encantado vai bater na porta de sua casa? Você precisa sair, garota!
     --Eu não espero pelo príncipe encantado, Joana. Apenas aguardo um homem que seja espiritualmente compatível comigo. Não quero criar uma egrégora com qualquer um, entende? E eu sou espiritualmente sensível demais para as energias densas de uma balada sem propósito. Eu ouço o meu coração. 
     --Que tal se divertir com os sapos enquanto o príncipe não vem, princesa? Beijar na boca é bom, sabia?
     --Beijar na boca não é como tomar um copo de água como vocês pensam. Eu simplesmente não consigo separar beijo de amor ou desvincular sexo de amor. Não sou melhor ou pior do que ninguém. Eu escolhi seguir princípios espirituais, mas não me sinto santa ou moralista por isso. Cada um tem o seu livre-arbítrio. Se vocês se divertem em festas deste tipo, então boa sorte para vocês na balada de hoje. Divirtam-se! 
    --Você é muito estranha às vezes. Fala expressões como "espiritualmente compatível", "egrégora" e "espiritualmente sensível". Eu não compreendo você.
    --Eu também não compreendo muitas coisas em você e na Estela, mas eu respeito, sabia?
    --Por que você se reserva tanto? Você gosta de ser a mulher difícil? Bem que eu desconfiei que você fosse uma mulher metida que quer um homem à altura de sua "perfeição". 
    --Porque eu sou uma empata. Eu absorvo as energias de pessoas e ambientes além da média. É por isso que eu não saio para qualquer lugar e não fico com qualquer um. Eu não sou nenhuma metida esperando um homem perfeito. Ninguém é perfeito e eu não sou perfeita. Não sou a mulher exigente ou difícil. Eu apenas sou reservada para evitar a sensação de angústia que os empatas sofrem quando estão em lugares agitados. 
    --Eu não acredito nesse lance de "empata".--Disse Estela. --Eu não acredito no seu tarô e nas visões de sua amiga Sandra. Seu quarto tem um terrível cheiro de vela e incenso além de ser inutilmente lotado de santos.
     --Se o meu quarto é tão terrível assim, por que você ainda permanece nele?--Indagou Catarina enquanto apontava para a porta. --Você é livre! 
    --Eu vou sair de seu quarto diretamente para a balada mesmo. O único lugar que você me convida para ir é o shopping.
    --O único lugar que eu posso ir, além da biblioteca, é o shopping mesmo. E, se você realmente gostasse de mim, acharia o shopping e a biblioteca paraísos quando estivesse ao meu lado.--Respondeu Catarina com firmeza.
      Depois da pequena discussão, Joana e Estela foram para a balada, mas Sandra ficou na casa de Catarina. As garotas começaram a limpar a bagunça do quarto e a guardar as cartas de tarô na caixa. 
   --Sandra, por que acham que eu sou metida? Às vezes, meu coração dói quando ouço isso.
  --Porque você é bonita, elegante e se veste bem. Gosta de ir para a faculdade bem vestida, maquiada e de salto alto. Fala como uma advogada logo no primeiro semestre! Elas veem a sua aparência e não o seu coração. Eu vi o seu coração. Eu leio almas, mas elas não leem. Elas têm uma péssima percepção sobre tudo. Há um véu na alma delas. 
  --E gostar de ter um comportamento elegante faz de mim uma pessoa metida? Eu quero ser uma profissional competente mesmo e penso nisso desde o primeiro semestre. Eu falo como uma advogada, eu me visto como uma advogada e me comporto como uma advogada desde já. Acredito que agindo dessa maneira, com autoconfiança e elegância, posso atrair o sucesso profissional através de boas energias. 
  --Você tem cara de rica, querida. Isso incomoda as pessoas.
  --Eu? Rica?--Indagou Catarina antes de soltar uma gargalhada.
  --Eu não posso ir à feira de artesenato com você, pois as pessoas cobram sempre o pior preço quando vou com você. Devemos ir mal vestidas à feira, despenteadas, sem adornos, sem acessórios e sem salto alto. 
 --A propósito, eu adorei a caixa de jóias de artesenato que você me deu.
 --Esta não foi comprada. A caixa que eu te dei de presente de aniversário foi feita com as minhas próprias mãos! 
  --Bem, eu amei. Você é hiper-ultra talentosa. Você sabe o quanto eu sou sensível às artes em geral. Às vezes, eu gostaria de ser tão rica e metida quanto pareço ser. Aí eu não teria um coração tão cheio de angústia e sensibilidades. Estaríamos tomando champanhe em Paris... Ricas e metidas... Mas, estamos aqui meditando sobre cartas de tarô.
  --Ser espiritual não é usar turbantes ou sandálias franciscanas. Um místico pode estar escondido dentro de um homem de terno e gravata. Uma mística pode habitar o coração de uma mulher de salto alto. Por que não?
 --Você tem toda a razão, Sandra. E por que acham que eu sou exigente e difícil com os homens?
  --Porque você se resguarda. Em pleno século XXI, você é literalmente o pote de ouro no fim do arco-íris para os homens. Continue desse jeitinho, porque os homens adoram a mulher difícil que surpreende. Confie em mim, pois eu sou experiente no quesito homens. Eu gostaria de me resguardar como você, mas não consigo. Tenho os meus encontros e você sabe muito bem, meu bem. 
  --Sim, eu sei.
  --No meu último encontro, me deitei com um homem que gosta de fumar e amanheci com vontade de cigarros. Você sabe que eu nunca fumei na vida. Eu absorvo muito a energia deles, querida. É péssimo.
  --O que você fez, Sandra?
  --Tomei um banho de sal grosso, pedindo para Iemanjá tirar aquela vontade de fumar e levar embora para o fundo do mar todas as energias negativas daquele traste do Renato. 
  --Bem, é por essas e outras que eu sou uma mulher difícil.
  --Já que elas foram para a balada, que tal fazermos a nossa própria balada aqui em sua casa?
  --É claro!--Exclamou Catarina enquanto colocava a música "Zodiacs" de Roberta Kelly. 
    As duas amigas ficaram dançando a música do zodíaco quase a noite toda. Depois, Catarina pegou canetinhas e elas pintaram as linhas das mãos durante a leitura de um livro de quiromancia*. Ao ler um livro de Astrologia, elas davam altas gargalhadas dos mapas astrais dos colegas enquanto tomavam suco de laranja e saboreavam uma deliciosa pipoca amanteigada. A felicidade realmente era uma questão pessoal, pois a melhor balada pode ser dentro de casa sem álcool e sem beijos fúteis em garotos quaisquer. 

*Arte de ler as mãos pelas linhas traçadas nelas. 
   
Texto de Tatyana Casarino. 


                      
      *Nosso mundo é tão cheio de magia para aqueles que ainda continuam acreditando. 



  Para quem quiser conferir a música "Zodiacs" da Roberta Kelly, eis o vídeo abaixo:



                      https://www.youtube.com/watch?v=cG745QkcZII




Tatyana Casarino. 

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