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sábado, 30 de abril de 2016

Marte matou vênus


Na era matriarcal, havia uma sacerdotisa
que, envolvida por incensos, em transe, orava,
vislumbrando ideias e elucidando a justiça.
Logo, aconselhava o seu povo e proclamava.

Proclamava a virtude divina,
dirimia conflitos e amava a vida.
Era considerada uma mulher de liderança
por seu poder em propagar a esperança.

Na era matriarcal, as mulheres eram deusas,
as portadoras da vida, as professoras da alma.
Uma mulher grávida era venerada
como uma profeta especial e sábia.

O mistério da vida estava na deusa,
sacerdotisa respeitada e admirada.
Ela trazia a vida ao mundo,
ela era poderosa bruxa e doce fada.

Eis que o homem descobriu surpreendentemente
a sua participação na vida florescendo no ventre,
e a soberba tomou conta de seu espírito
tão bélico, racional, cético, ambicioso e frio.

Há nove luas cheias atrás, eu me deitei com ela,
há nove luas cheias atrás, eu amei a sacerdotisa.
E, assim, contando as luas de forma empírica,
a razão do homem concluiu a sua participação na vida.

De repente, a caça tornou-se imensa glória,
a caça tornou-se mais importante do que a colheita
e a guerra passou a ter mais valor do que o amor.
A competição bélica veio destruir a história.

Marte matou vênus, a guerra imperou.
Sensibilidade sufocada e mar de dor
traduzem esse desequilíbrio demente,
ardor doente de jardim sem flor.

Poesia escrita por Taty Casarino.

Gravura da postagem: The Magic Circle de John William Waterhouse.

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