O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









Contador Grátis





terça-feira, 21 de abril de 2015

Fortiter in res, suaviter in modo



Há dentro de nós
um ímpio e um sábio
que disputam nossa alma.

A alma é uma fogueira
que se alastra, queima,
arde, se expande até transbordar.

Quanto mais violenta a alma,
mais forte deverá ser o espírito.
A alma, essa usurpadora da paz,
não faz outra coisa, senão queimar.

Enlouquecer os ânimos,
queimando os sentidos,
assoprando injúrias nos nossos ouvidos.

Rainha das emoções,
poço dos ímpios,
manancial dos sábios.

Lua branca, lua negra,
sombras, mulheres, mar e areia.
Sereias, golfinhos e lua cheia.

Já mencionava Fernando Pessoa:
"Quem tem alma não tem calma."
Sábio e louco poeta, grande a sua alma,
múltipla em ricas formas.

O saber viver, o saber morrer.
A angústia dos profanos,
o véu de Ísis, o louco do tarô.

Se a papisa se cala,
o louco não mergulha no abismo.
Cão raivoso sobre o penhasco torto...

Vinte e dois pode ser zero,
zero pode ser vinte e dois.
Todo o conhecimento pode ser paz,
mas toda a inteligência pode ser loucura.

Vive, dentro de nós,
a mágoa dos dias tristes,
a raiva das injúrias passadas,
o arrependimento perdido do agir.

Vive, dentro de nós,
a loucura latente,
a alucinação demente,
as lágrimas sem sentido.

Grita, dentro de nós,
as emoções mais passionais,
equivocadas e profanas.

Sussurra, dentro de nós,
a sabedoria dos anjos,
o conhecimento dos profetas
e a paz de Cristo.

Desconfie de tudo o que grita,
a verdadeira força é sutil.
Como a donzela domando o leão,
assim deve ser a paz de Cristo
sobre as emoções profanas.

Oh! Meu Deus, perdoe-me,
perdoe-me, perdoe-me
por este leão atroz que me persegue.

Esta fera (in)domável,
esta besta feroz que grita,
esses vícios latentes,
suprimindo a paz da gente.

Vive, dentro de nós,
a angústia humana,
a fome e a sede de Deus.

Vive, dentro de nós,
a força e a graça,
a luz e a sombra,
o yin e o yang.

Vive, dentro de nós,
vênus e marte,
netuno e plutão,
lutando como deuses.

Vive, dentro de nós,
a angústia de Perséfone,
a força de Hades,
a grandeza de júpiter
e a graça de Afrodite.

Antes que a graça seja fragilidade,
antes que a força seja brutal,
vamos unir os opostos
num equilíbrio alquímico.

Fortiter in res, suaviter in modo,
seja forte no objetivo, suave na execução dele.
Que a graça e a beleza sejam unidas à coragem,
que a gentileza seja amiga do saber.

Que um belo dia a alma possa ser curada,
que um belo dia a angústia possa ser superada,
com força e graça, com valentia e graça.

Poesia de Taty Casarino.



"Fortiter in res, suaviter in modo": "Faça as coisas mais intensas, do modo mais suave"; esse é o significado do título da poesia, frase cunhada por Claudio Acquaviva (1543 –1615), padre Jesuíta que chegou ao cargo de Superior Geral da Companhia de Jesus, ordem católica fundada por Inácio de Loyola, depois canonizado.






Nenhum comentário:

Postar um comentário