O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O Menino do Macacãozinho Azul




A gratidão é o único tesouro dos humildes.
William Shakespeare



Meados de mil novecentos e noventa e oito,
sol calmo iluminando o pátio escolar,
e eu ajoelhada a brincar.

Três bonecas em minhas mãos,
eu brinco em plena solidão
até surgir um garotinho louro
vestindo um macacãozinho azul.

-Posso brincar com você?- Indaga o garoto.
-Venha brincar comigo. - Eu respondo.
Então, o garotinho se ajoelha na areia,
despe as minhas bonecas e as enterra.

Sorria como um raio de sol,
sua alegria transmitida era leve e doce,
acalmando meu coração,
curando o meu medo e a minha solidão.

A professora chega no pátio,
atrasados para a aula,
quase somos castigados.

Eu tenho medo e quero chorar,
ele sorri e vive a brincar.
Garoto sorridente, eu sou a sua amiga
para todos os momentos hoje e sempre.

Iluminando os ambientes,
extraindo das almas mais tristes a alegria,
naturalmente solidário, ele é diferente
de todos aqueles que parecem hostis.

Meados de dois mil e um,
aos nove anos nos reencontramos,
em novo colégio, de novo brincando.

Quando me via a chorar
ao invés de se afastar,
contava alguma piada
só para me fazer sorrir.

Colocava os óculos de ponta cabeça,
dava piruetas, fazia caretas,
chamava de forma doce e engraçada
a minha boneca de Barbie Feia.

Pequenos gestos, grandes lembranças,
que ficarão eternas em nossos corações.
Pálida e fria, repleta de náusea e medo,
minhas mãos ficavam trêmulas ao ver uma sala de aula.

Aquele ambiente hostil,
o terrível medo de ser zombada,
a fobia escolar que me travava.

Mas, você gentilmente olhava por mim,
e dizia a minha mãe que ela poderia
voltar para a casa bem tranquila,
porque você jamais deixaria de me cuidar.

Até a minha casa, você costumava ir
para que eu lhe ajudasse a estudar
história, geografia e português.

Garoto do macacãozinho azul,
você sempre será riso e cor
neste mundo tão cinza e desalmado,
você é o brilho diferenciado,
que contagia, ilumina
e ajuda de modo desinteressado.

Taty Casarino

Este poema é em homenagem ao meu melhor amigo de infância, Lorenzo Vieira Kwiatkowski, que me ajudou muito na minha jornada! Jamais me esquecerei de sua ajuda e companheirismo. Muita luz em sua jornada, amigo-irmão!


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