Sol
de amanhã
Recreio na escola,
o cheiro de chuva
alastra-se pelo
pátio,
o céu logo escurece
e as crianças se
entristecem.
Saio a correr na
chuva
atrás de alguém que
me ouça,
mas os adultos estão ocupados
demais
para atender aos
apelos de uma criança.
Olá, alguém pode me
dar curativos?
Eu preciso ajudar um
amigo.
Alguns meninos têm o
corpo sangrando,
mas o meu corpo
embora esteja limpo
abriga uma alma
angustiada que sangra.
Eu me lembro que
alguém me disse
que o vovô não está
mais vivo.
Se eu sorrir para
você
como o vovô sorria
para mim,
talvez eu cure a
angústia que está em você
para aliviar aquela
que está em mim.
O valentão não sabe
pedir "desculpa",
ninguém nunca o
ensinou,
mas um dia a vida vai
reparar
essa angustiante
injustiça.
As meninas riem de
mim,
mas eu prefiro
brincar sozinha
com meus amigos
imaginários,
eles me contam
histórias de outros mundos.
Deixe-me abraçá-lo de
novo,
você é a única alma
daqui
que nunca zombou de
mim.
Encoste sua cabeça em
meus ombros,
e deixe-me limpar as
nossas lágrimas.
Eu juro que, quando
eu crescer,
eu vou defender as
pessoas como eu e você.
Amanhã, quando o
futuro chegar,
eu e você vamos
brilhar.
O dia de hoje será
apenas
uma memória apagada e
distante.
Olá, eu sou apenas
uma menina
chorona, problemática
e incompreendida
esperando pelo dia de
amanhã.
Esperando que o calor
do sol de amanhã
seque as minhas
lágrimas,
e então eu juro que,
quando eu crescer,
eu vou defender as
pessoas
que são como eu e
você.
Eu oferecerei o sol
de amanhã
a todas as pessoas
abandonadas,
excluídas,
incompreendidas,
zombadas e
angustiadas.
Quando o sol banhar a
minha cabeça,
eu derramarei os seus
raios
sobre todos aqueles
que já se sentiram
angustiados.
Oh! Glorioso sol do
amanhã
derrama as tuas
graças
sobre as minhas
feridas,
cicatriza minh'alma e
faça-me voar.
Honrado sol do
amanhã,
não se esqueça de
mim,
quero banhar-me no
seu calor
e compartilhar tua
glória com todos.
Atenda-me, pois não
sou egoísta.
Se me iluminares,
iluminarei outras cem mil,
cem mil almas
necessitadas do teu calor.
Se as tristeza fria
de hoje me sufocar,
eu sei que o calor de
amanhã salvar-me-á.
Meu corpo plácido
está pálido,
amolecido e inerte
sobre o banco da escola.
O que faz-me viver é
saber
que, em algum lugar
do futuro,
o sofrimento de hoje
será
apenas uma memória
apagada
e ofuscada pelo sol
de amanhã.
Taty Casarino
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