O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Sol de amanhã





Sol de amanhã


Recreio na escola,

o cheiro de chuva

alastra-se pelo pátio,

o céu logo escurece

e as crianças se entristecem.


Saio a correr na chuva

atrás de alguém que me ouça,

mas os adultos estão ocupados demais

para atender aos apelos de uma criança.


Olá, alguém pode me dar curativos?

Eu preciso ajudar um amigo.

Alguns meninos têm o corpo sangrando,

mas o meu corpo embora esteja limpo

abriga uma alma angustiada que sangra.


Eu me lembro que alguém me disse

que o vovô não está mais vivo.

Se eu sorrir para você

como o vovô sorria para mim,

talvez eu cure a angústia que está em você

para aliviar aquela que está em mim.


O valentão não sabe pedir "desculpa",

ninguém nunca o ensinou,

mas um dia a vida vai reparar

essa angustiante injustiça.


As meninas riem de mim,

mas eu prefiro brincar sozinha

com meus amigos imaginários,

eles me contam histórias de outros mundos.


Deixe-me abraçá-lo de novo,

você é a única alma daqui

que nunca zombou de mim.


Encoste sua cabeça em meus ombros,

e deixe-me limpar as nossas lágrimas.

Eu juro que, quando eu crescer,

eu vou defender as pessoas como eu e você.


Amanhã, quando o futuro chegar,

eu e você vamos brilhar.

O dia de hoje será apenas

uma memória apagada e distante.


Olá, eu sou apenas uma menina

chorona, problemática e incompreendida

esperando pelo dia de amanhã.


Esperando que o calor do sol de amanhã

seque as minhas lágrimas,

e então eu juro que,

quando eu crescer,

eu vou defender as pessoas

que são como eu e você.


Eu oferecerei o sol de amanhã

a todas as pessoas abandonadas,

excluídas, incompreendidas,

zombadas e angustiadas.


Quando o sol banhar a minha cabeça,

eu derramarei os seus raios

sobre todos aqueles

que já se sentiram angustiados.


Oh! Glorioso sol do amanhã

derrama as tuas graças

sobre as minhas feridas,

cicatriza minh'alma e faça-me voar.


Honrado sol do amanhã,

não se esqueça de mim,

quero banhar-me no seu calor

e compartilhar tua glória com todos.


Atenda-me, pois não sou egoísta.

Se me iluminares, iluminarei outras cem mil,

cem mil almas necessitadas do teu calor.


Se as tristeza fria de hoje me sufocar,

eu sei que o calor de amanhã salvar-me-á.

Meu corpo plácido está pálido,

amolecido e inerte sobre o banco da escola.


O que faz-me viver é saber

que, em algum lugar do futuro,

o sofrimento de hoje será

apenas uma memória apagada

e ofuscada pelo sol de amanhã.
Taty Casarino


















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