O
Trovadorismo
A origem deste movimento está
nas cantigas dos menestréis errantes medievais, que cantavam feitos heróicos, mas
também cantavam assuntos mundanos, como a vida dos camponeses ou a solidão das
damas da nobreza, enquanto os seus maridos e filhos não voltavam da guerra. Este
movimento literário foi o primeiro de toda a literatura portuguesa, e
influenciou a literatura brasileira na fase do Romantismo, com seus temas
heróicos e amorosos.
Para se
entender o trovadorismo deve ser levado em conta que a elite militar européia
ocidental começou a tratar de assuntos artísticos e filosóficos. Contribuiu
para o fato as vitórias após séculos de lutas contra vikings, muçulmanos e
eslavos. Sem tantas batalhas, os cavaleiros gastavam suas energias em torneios,
onde além das habilidades com a lança e a espada, os participantes “afiavam”
suas artes com as palavras, na forma de versos e músicas, e também faziam a
“parte social”, conhecendo pessoas novas e cimentando alianças por meio de
casamentos e pactos de lealdade e vassalagem.
Ao contrário
da literatura essencialmente épica, em voga na época, o Trovadorismo tinha como
tema principal as relações humanas, em especial homem e mulher, a despeito de
ser influenciado pelas cenas de batalha e duelos da poesia épica, em especial
os clássicos da antiguidade, como a Eneida, a Ilíada e a Odisséia. Boa parte
dos autores, insatisfeita com a brutalidade a qual os cavaleiros viviam e
lutavam, buscava o passado distante, em especial as Lendas Arturianas, Tristão
e Isolda, e as histórias sobre Carlos Magno, o “Pai da Europa”. Em alguns
casos, traziam à tona até mesmo as histórias da Mitologia Greco-Romana, em
especial a Ilíada e a Odisséia.
As relações
amorosas merecem uma análise à parte: O guerreiro se oferece em “vassalagem” à
dama, refletindo o sistema feudal, que começava a declinar na época, a despeito
de ser ainda considerado como o único modo de governo “aceitável”. Em geral,
essa relação era tratada de forma casta e virginal, e a donzela era
praticamente inatingível ao apaixonado (frequentemente a relação tinha caráter
de adultério). Daí se explica a metáfora da torre onde a moça repousa,
praticamente um lugar onde o amado não pode alcançá-la facilmente.
O Trovadorismo,
a despeito de ser associado quase que exclusivamente aos romances de cavalaria
e de amor cortês, também tratava de “causos” populares, cantigas, sátiras e até
mesmo contos de sacanagem e magia. Inevitavelmente, estes últimos eram os que
mais contavam com o apreço popular, devido aos jogos de palavras de duplo
sentido, e à linguagem mais simplificada para o público.
Com o
declínio da nobreza e a ascensão burguesa, a forma clássica da literatura do
Trovadorismo perdeu espaço para o barroco, que celebrava o amor sensual e
físico. A Renascença Italiana também trouxe tecnologias que tornaram os
cavaleiros obsoletos, bem como as relações sociais até então vigentes.
Haveria, no entanto, um tiro de
despedida: Com a ascensão dos movimentos românticos dos séculos XVIII e XIX, os
contos de cavalheirismo deram origem à ficção histórica, cujo maior expoente
foi Sir Walter Scott, com o seu “Ivanhoé”, um romance longo que trata as
aventuras de um cavaleiro destemido e leal ao seu rei e sua dama, tal qual
faziam os romances da época medieval.
Mesmo nos
dias atuais sentimos a influência do Trovadorismo em nosso meio: O compositor e
humorista Marcos Castro criou um vídeo tratando das aventuras de um personagem
de videogame em busca de uma princesa perdida, enquanto toca um bandolim,
instrumento típico dos bardos da época.
Texto concedido por: Mateus Ernani Heinzmann
Bulow
Nenhum comentário:
Postar um comentário