O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.
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terça-feira, 18 de setembro de 2012
(In)Tensa
(In)Tensa
Eu temo o poder da minha profundidade,
eu temo por que sei até onde eu posso ir:
até o fundo mais baixo do poço
ou até o alto mais claro do topo.
É como se, dentro de mim,
a luz angelical e a sombra estranha
estivessem brincando de cabo de guerra,
o anjo quer que eu vá para a direita,
há uma parte obscura que me puxa para esquerda,
mas eu continuo a seguir o caminho do meio.
O poder me embriaga,
me seduz, me toca,
me angustia, me sufoca.
Oh! Intensidade profunda,
até onde eu chegarei?
Até quando o equilíbrio
me aquecerá com sua balança?
A minha guerreira grita
e me mutila com sua espada
todas as vezes que eu a sufoco.
Eu a sufoquei durante todos esses anos
com a máscara da passividade,
tive medo de ferir os outros,
de ser rejeitada, isolada
e arrancada de minha espada.
No fim, só eu me machuquei
por trair a minha essência.
Não, eu não fui falsa,
eu realmente sou cordial e doce,
mas eu não sou só isso.
Eu traí, traí e traí
uma parte dentro de mim
com medo de que ela fosse suja.
Eu só quis ser a face perfeita,
eu só quis ser pura.
A minha face oculta
está cada vez mais indomável,
e eu tenho medo de que a caixa de Pandora
exploda catastroficamente,
levando-me à ruína completamente.
Eis aqui estou intensa,
tensa, intensa,
tensa, tensa,
intensa, intensa.
Eu desejo veementemente,
secretamente, ocultamente,
me derreter nos braços da minha intensidade.
Oh! Tensão, oh! tentação!
O que esperar de mim?
Vou mergulhar em mim
e só sair quando for dia.
Aqui na escuridão da noite,
eu posso me conhecer melhor
embora tudo esteja escuro.
Mas, quando o sol raiar,
e a escuridão se dissipar,
a guerrueira se unirá à poetisa,
e minha espada decepará o medo
de ser eu mesma de forma completa.
Tatyana Casarino
Por que há uma parte de nós que quer sacrificar nosso lado guerreiro para se submeter a uma face apenas? Não estou a dizer que a máscara é falsa, mas que é limitada. Por que não podemos ser seres ilimitados e assusmirmos tudo o que faz parte de nós?
Seria o medo um empecilho que nos ronda o tempo inteiro ou o medo da rejeição?