O caderno digital de Tatyana Casarino. Aqui você encontrará textos e poesias repletos de profundidade com delicadeza.









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sábado, 12 de novembro de 2011

Gota d'água

Gota d'água
Amor medíocre eu não conheço!

Não sei amar pela metade,

ou eu amo ou eu não amo.

Não tenho medo de amar,

a frieza desse mundo é de apavorar.


O que é uma gota d'água para as pedras?

Nada, pois são grandes e ásperas.

Pedras não sentem pingos.

Para elas, um pingo nem é água.


O que é uma gota d'água pra uma flor?

Para uma frágil e pequena flor do campo,

uma gota d'água cai com forças do céu

e esfola suas finas pétalas.


Quem tem razão: as flores ou as pedras?

As pedras subestimam os pingos,

e as flores dimensionam seus respingos.

Subestimar é sempre melhor que dimensionar?


Só sei que nada sei.

Só sei que, em matéria de sentidos,

a razão sai fora.

Portanto, ninguém tem razão.


Para as flores, gotas são tempestades.

Para as pedras, gotas são nada.

Ninguém está certo sobre as gotas.


Gotas d'água não são tempestades,

mas também não são um simples nada.

Gotas de água são gotas: nem mais, nem menos.


Mas é útopico ver "gotas" com razão.

Dependendo do ser, ou elas serão mais

ou elas serão em do que realmente são.


Sentimentos não são fitas métricas,

ou eles minimizam ou dimensionam.

Paixão não tem precisão.

Taty Casarino


Esse meu poema de viés filosófico questiona a maneira como enxergamos os fatos que acontecem conosco. Utilizando a linguagem poética, esse poema é repleto de metáforas ocultas e símbolos que necessitam de interpretação.

Podemos fazer uma analogia em relação as flores, comparando-as com as pessoas de sensibilidade exacerbada que dimensionam os fatos. Desse modo, as "pedras" seriam as pessoas aparentemente mais fortes que parecem não se abalar com qualquer fato.

O poema não faz julgamentos acerca de nenhum desses grupos de pessoas, tendo em vista o verso que afirma "Só sei que nada sei", o qual remete à filosofia socrática e inicia o raciocínio de que ninguém tem razão quanto a maneira de enxergar os fatos. Afinal, cada visão tem o seu modo subjetivo de ver os acontecimentos, o que faz com que cada pessoa tenha sua versão própria dos fatos da vida.

Por essa razão, que o Direito, ao julgar os litígios, necessita da figura do juiz, o qual precisa ser frio, racional, imparcial e neutro para estabelecer um juízo legal acerca do acontecimento e declarar a sua sentença.

Logo, é indiscutível a necessidade de um terceiro imparcial para julgar os fatos com clareza, tendo em vista que cada uma das partes tem sua razão própria, sua visão subjetiva e seus argumentos peculiares. Não é ético e nem é seguro deixar alguém que esteja envolvido emocionalmente com os fatos julgá-los, pois a emoção distorce a realidade.

Mas, quero, por meio dessas reflexões, além de percorrer o âmbito do Direito e da literatura que são as minhas referências e estruturas por ser escritora e estudar Direito, adentrar em outras ciências como a psicologia e a filosofia.

No campo filosófico, quero refletir a visão subjetiva do ser humano e a dualidade do homem de viver na linha tênue entre razão e emoção.

Já no campo da psicologia, é cabível fazer um reflexão sobre o quanto a emoção distorce a realidade, podendo nos causar uma angústia exacerbada e prejudicar o autocontrole emocional.

As próximas postagens tratarão de assuntos como: autocontrole, emoções intensas e dicas para o bem-estar emocional. O recanto da escritora também pode ser o recanto do bem-estar ao tratar esses assuntos delicados e necessários para a nossa paz de espírito.

Quanto ao poema lá em cima que trata de pessoas fortes e sensíveis, não devemos julgar ninguém. Os fortes não são insensíveis e não são pedras em essência por mais que pareçam inabaláveis como elas. Dentro de cada forte, há um coração sensível, há uma flor também.

Quanto às flores, elas não são tão frágeis quanto parecem, nem tampouco vulneráveis. Elas também tem seus espinhos para se defender. Além disso, dentro de cada flor, há uma energia vital intensa pronta para fortificá-la.

Taty Casarino