terça-feira, 29 de abril de 2025

Alma selvagem

 



 

Busco a loba interior

nos campos inóspitos do ser

e nos bailes da existência.

Flor intrínseca da minha vida.

 

O fogo selvagem que se afirma,

a lágrima quente que desce

como lava de vulcão ardente.

A revolta é a mãe dos mundos.

 

A beleza que chama a atenção

é a mesma que se esconde na caverna.

Sou a loba selvagem que uiva

para a lua cheia na noite terna.

 

O mundo material é denso,

a realidade é um poço hostil,

e o trabalho um fardo mortal.

Gosto da fantasia feérica* e do irreal.

 

A alma selvagem se esconde

atrás das árvores e da lua cheia.

Ela está no oceano profundo e belo

e na mais vívida e bela clareira.


A estrela do horizonte é bela,

o mar se agita, o pássaro grita,

o lobo uiva, o cão protege a prole,

o urso hiberna e a águia levita.

 

Ah! Os animais são felizes,

porque seguem a sua natureza.

Enquanto isso, humanos racionais

são doentes de gravata borboleta.

 

Sigo buscando a loba interior,

sigo buscando o meu amor,

porque, um dia, matarei a dor

e renascerei das cinzas com esplendor.

 

A alma selvagem se esconde

atrás do civilizado papel e da caneta.

Lobas que uivam, poetisas que escrevem,

as mulheres vão ressuscitar o selvagem do planeta.

 

Busco a loba interior

nos templos e nas bibliotecas.

Há letras com aroma de essência,

há uivos que viram poesia.


Poesia escrita por Tatyana Casarino. 

 

 *Feérica é uma palavra que significa o que é próprio do mundo da fantasia (mágico, maravilhoso ou relativo ao mundo das fadas). 








Essa poesia foi inspirada nos mitos e nas histórias da Mulher Selvagem contados no livro "Mulheres que correm com os lobos" da autora Clarissa Pinkola Estés. Conforme os ensinamentos do livro, a alma selvagem significa a essência feminina no seu estado mais puro, livre das opressões psíquicas e sociais. 

O livro fala sobre a preservação da essência e da criatividade numa sociedade que, muitas vezes, desvaloriza o mundo do instinto e da intuição. Ele também trabalha com processos de cura psicológica através das interpretações dos símbolos femininos contidos nos mitos e nos contos de fadas. 

A autora de "Mulheres que correm com os lobos" é uma psicóloga Junguiana, poeta e escritora norte-americana especializada em traumas pós-guerra. No seu trabalho, ela defende que a mulher precisa se reconectar à essência mais profunda que vive em si e expressar a própria criatividade com coragem, autenticidade e liberdade. 


Tatyana Casarino. 

 

 

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